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23 mar 2004 - 20h24

Um preço?

Isso mesmo. A notícia de que os torcedores que quiserem assistir aos jogos do Furacão terão que desembolsar gordos R$30 para faze-lo, ultrapassou as barreiras de um simples fato.

Foi um tiro à queima-roupa no meu, no seu, no nosso coração de torcedor rubro-negro, que, fosse de alegria ou do inverso, batia forte e alegremente por alimentar uma paixão ao clube de nossos corações. Não estou dizendo que a nossa paixão morreu. Morreu o CAP, a instituição inquestionável que mantinha um time de futebol que levava ao delírio milhares e milhares de torcedores no Brasil e em outras partes do mundo. Morreu aquele clube que tinha um estádio, o melhor da América Latina, que fizesse chuva ou sol, frio ou calor, ele estava com torcedores fiéis. Perdeu-se o brilho, foi posta ao esquecimento a magia.

Nasceu o CAP – Clube Atlético Paranaense (?), ou seria Clube Atlético do Petráglia, ou ainda Clube Atlético dos Possuidores de condições financeiras estáveis? ou quem sabe, o Clube Atlético do eu Posso (nós jamais) ? Um abuso sem tamanho e sem cabimento, um preço a ser pago por todos.

Por enquanto, não vi se as cadeiras têm adornos em ouro ou outro metal precioso, nem se elas sabem entoar todos os hinos e canções que conhecemos (vai ver que sabem, afinal, querem deixar o estádio vazio). Esse é o preço que pagará a diretoria. Se estão cobrando caro, é porque querem faturar. Se vão faturar, terão que investir em grandes times. Conseqüentemente, seremos o bicho-papão do Brasil. E caso não sejamos, eu mesmo estarei preparando a “forca” desta diretoria.

Nós, que em maioria absoluta não podemos pagar trinta reais para assistir aos jogos do Atlético, ao invés de nos fidelizarmos ao clube, tornaremos ainda mais presente à companhia do rádio em nossas vidas. Quem transmite, faturará ainda mais, e eles, menos ainda. Sequer sabia ainda o que era ser gente, quando muitos e muitos atleticanos entupiram o Chiquierão contra o Flamengo. Anos depois, vi o Palmeiras ser feito de trouxa na antiga Arena, lotada. Vi um a um caírem, São Paulo, Fluminense, São Caetano e os outros que na nova Arena jogaram em 2001, na seletiva de 1999 e em outros jogos inesquecíveis que eu e muitos presenciamos ou acompanhamos. Agora fica uma espécie de sentimento novo para mim, um que eu esperava ter somente daqui uns 50 anos: o de nostalgia. Depois da final do campeonato paranaense deste ano (com certeza este time estará lá), tão cedo, para um jogo de Futebol, a Arena estará lotada.

Quero sim que o Clube fature muito dinheiro com os eventos que neste estádio fizer, mas para que eu e todos nós possamos pagar o justo (de R$ 10 a R$ 20) para assistir aos jogos do Furacão. Meu amor pelo Atlético é infinitamente maior do que esses R$30, mas a realidade que eu e muitos atleticanos vivemos não é.

Antes que eu esqueça, o trabalho desta diretoria é louvável e muito bem feito. A falha está no depto. de Marketing, que é incompetente ao extremo em relação a patrocínios ao time. De 1995 até hoje, foram os seguintes patrocinadores: TIM, Varig e agora, a Claro. Fora a campanha “Atlético Total” e o atual patrocínio, que é de uma subsidiária da fabricante dos uniformes, a Umbro. Não acredito que não exista uma empresa grande e séria, seja no Brasil ou no mundo que desembolse, conforme informação da diretoria, R$ 2,5 milhões por ano para ter sua marca estampada no manto rubro-negro.

Fico muito curioso em saber qual será o tipo de torcedor que irá a Arena agora. Se eu fosse personifica-lo, o faria da seguinte forma: um ou uma jovem, que compra uma camisa oficial do clube porque seus amigos também usam camisas oficiais de seus clubes, que vai ao estádio com uns R$ 100 sobrando para fazer média com os amigos e com os outros torcedores. Ele nunca irá abraçar um qualquer que esteja sentadinho bonitinho ao seu lado, pois não conversa com estranhos, e não sabe de qual classe social ele pertence. Mal comemorará um gol, pois estava atendendo ao celular e não reparou. Vaiará sempre o time, até porque não sabe o nome dos jogadores, a posição na qual atuam no campo e em que situação está o clube no campeonato. Ele vai ao estádio porque é legal, porque está na moda entre os seus amigos. O shopping não fica longe dali. E só sabe duas coisas sobre o clube: que é o Atlético, e que seu pai rico torce pelo mesmo há muitos anos.

O estádio, que em tempos auros ou quando incompleto foi muitas vezes o Caldeirão do Diabo, completo não passará de um point em Curitiba, para os que não vivem a realidade da maioria. Os atleticanos que sonharam com um estádio, querem estar nele em todos ou na maior parte dos jogos. Os que tomaram cerveja quente num saquinho e comeram pão com ovo lá no Pinheirão, querem estar na Arena tomando Chopp gelado e comento pizza quentinha, ou qualquer delícia ali servida. Os que acompanharam e ainda acompanham o Atlético, podendo ou não, querem continuar a ir ao estádio. Esse é o preço que nós pagamos: o afastamento.

Cometeram um dos mais graves atentados ao torcedor, quando impediram que uma rádio não fizesse a transmissão do jogo, em vista do comentário feito durante a semana e da conseguinte discussão nos corredores da transmissora.

O Sr. Petráglia e seu pau-mandado deram o golpe de misericórdia em nós, e ainda se puseram no mais alto grau de arrogância, ao comentar sobre os protestos dos torcedores que lá estavam no domingo. Não chamou a um ou dois torcedores, mas julgou a todos por tabela, colocando-nos o título de ladrões, safados e desordeiros, dando a entender definitivamente que a intenção deles é nos manter fora de lá. Como diz a frase da Fanáticos: O ATLÉTICO NOS UNE. A UNIÃO QUE NOS FORTALECE. Condenando a eles, chamou a todos os atleticanos, ricos ou não, elitistas ou não. Doeu em mim também, e aos que amam ao Atlético, assim como apóiam as torcidas organizadas, deveria doer.

Isso tudo 5 dias antes do NOSSO Atlético Paranaense completar oitenta anos. Não embarcarei na Ilha da Fantasia do Sr. Petráglia e seus carneirinhos. Acompanharei o Atlético até a minha morte, seja pelo rádio ou pela televisão, ou daqui alguns anos, quando trabalhando e possuidor de renda suficiente para gastar “fortunas” indo ao estádio.

Saudações Atleticanas a todos aqueles que acreditam no seu amor pelo Atlético, o nosso Furacão da Baixada, meu único e eterno amor, desejando aqui que estes 80 sejam os primeiros de muitos anos nos quais ele ainda vai existir.



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