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24 mar 2004 - 10h19

80 anos: ah! Que saudade!

Eu tinha um sério problema quando era criança por causa do Atlético: toda a minha família, com exceção de mim, do meu pai e do meu irmão, torciam e torcem para os porquinhos. Nasci e cresci em Ponta Grossa e meu pai é daqueles que sempre escuta os jogos com o rádio colado no ouvido, mesmo quando está vendo outro jogo pela televisão. No início dos anos 70, quase nunca dava para ver um jogo do Atlético pela TV, que ainda estava engatinhando lá na cidade, porém tinha o rádio. E em dia de Atlé-Tiba era um Deus nos acuda: eu com o pai escutando o jogo num rádio, meus dois tios (coxas) escutando o jogo cada um com o seu e meu avô ouvindo o jogo num baita rádio de mesa que ele tinha perto do “divã. Meu avô era neutro. Eu e meu pai sofremos muito nos anos 70. Ainda hoje agüento muita coisa, já que sou vizinho de um dos meus tios e (pior de tudo) moro perto do chiqueirão.

Como tínhamos e ainda temos muitos parentes aqui em Curitiba, pelo menos uma vez por mês vínhamos para cá. E lá por 74 ou 75 meu pai começou a me levar nos jogos do Atlético. O primeiro foi um Atlé-Tiba e o resultado foi 1 X 0 para o Furacão, infelizmente não consigo me lembrar gol de quem. Meu pai comprou um gorro e uma bandeira do Atlético para mim. Guardei-os por muito tempo, mas por fim o desgaste venceu e eles sumiram (desconfio da minha mãe, porém sem provas).

E assim foi. Vi jogos na baixada velha lá pelo final dos anos 70 e início dos 80. Lembro de um jogão num domingo pela manhã contra o Grêmio de Maringá. Como goleiro deles jogava um tal de Rafael, o mesmo que anos depois jogou no Atlético. O que esse cara fez, naquele dia, me deixou maravilhado. Fechou o gol!

As coisas começam a ficar mais claras na minha memória a partir de 82. Fazia muito tempo que o Atlético não ganhava um título estadual e por isso vínhamos de Ponta Grossa no dia dos jogos para ver o Furacão. Teve um jogo contra o Colorado, lá no chiqueirão, acho que era decisão de um dos turnos do paranaense (na época, disputado em três turnos), que ocorreu uma cena inusitada: a Fanáticos ficava no segundo anel, com entrada pela rua Amâncio Moro. Era tempo do pó–de-arroz e das bandeiras, a festa era muito bonita. Pois quando o Colorado entrou em campo, entraram também diversos “piás” uniformizados e com bandeiras. Um deles inventou de vir provocar a torcida e algum mão-santa jogou um saco de pó-de-arroz lá de cima e acertou bem na “pinha” do dito cujo, que ficou coberto de talco, dos pés à cabeça! Nem preciso dizer que a torcida quase foi à loucura. Ainda mais com o resultado final: campeão paranaense depois de tantos anos. Foi uma grande festa.

O ano de 83, então, é inesquecível. Vim lá de Ponta Grossa, de ônibus, para assistir o jogo de abertura daquele brasileiro. Foi contra o Grêmio, só que para minha tristeza, perdemos de 1 X 0, gol do Osvaldo. Depois foi uma empolgação, culminando no grande jogo da semi final contra o Flamengo. No dia do primeiro jogo, lá no Maracanã, comprei uma fita vermelha e outra preta e lá fui eu amarrar cada jogador do Flamengo. Falava o nome do fulano, dava um nó (pro Zico eu dei dois nós). Depois deixei aquela maçaroca vermelha e preta no meio da esquina da rua da casa do meu avô. Não adiantou nada. Como “mandingueiro” reprovei no primeiro teste!

Acho que nunca vivi uma emoção como aquela, afinal no jogo de volta o chiqueirão estava transbordando de gente. E foi por muito pouco que não nos classificamos para a final. Lembro que passei uns dois meses falando: ah! Se o Capitão tivesse feito aquele gol no Maracanã…Será que foram minhas fitas que funcionaram errado?

Depois disso as coisas parecem mais rápidas e as lembranças menos marcantes, talvez mesmo pela agitação que se tornou a vida: mudança de Ponta Grossa, vestibular e faculdade acabaram por me afastar dos estádios, porém nunca deixei de ouvir os jogos pelo rádio. Deve ser por isso que adoro ouvir os jogos pelo rádio até hoje. Isso e influência do meu pai.

No início dos anos 90, meu irmão ainda não tinha ido em nenhum jogo do Atlético comigo. Para matar a saudade e iniciá-lo na paixão, fomos ver um Atlé-Tiba, no brasileiro de 91. O resultado foi 0 X 0. Não ficamos junto dos Fanáticos, afinal o “piᔠainda era pequeno e minha mãe tinha feito ameaças caso a integridade física dele fosse comprometida. Foi a primeira vez que ouvi, ao vivo, o famoso “atirei o pau nos coxas…”. E a torcida lá, maravilhosa. Hoje meu irmão é companheiro em todos os momentos e em todos os jogos e já não me preocupo tanto com a integridade física dele e sim com a dos outros, já que ele está bem robusto…

Parece que os anos 90 foram responsáveis pelas maiores emoções na vida dos atleticanos: a queda para a segunda divisão, o retorno à velha baixada em 94 e a volta a primeira divisão com o bom time de 1995, culminando com a construção da nova baixada e o êxtase com a maravilhosa conquista de 2001. Muita emoção.

O que me fazia vir, lá de Ponta Grossa, assistir a um jogo do Atlético aqui em Curitiba, era a emoção que a torcida rubro-negra transmitia. Nunca encontrei o mesmo exemplo em nenhum estádio e com nenhuma torcida. Por essa emoção continuo, hoje mais que nunca, indo ver meu Furacão jogar. A emoção que sinto quando o time entra em campo e começa a tocar o hino do Atlético, para mim, é indescritível.

Acho que essa torcida tão importante e tão maravilhosa merece receber de presente a diminuição no preço dos ingressos. Só falta isso para termos uma grande festa na sexta.



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