Onde está o desequilíbrio
A reação da torcida durante o último jogo do Atlético foi absolutamente legítima. E pacífica, apesar dos palavrões que não chegam a ser novidade nos estádios. Os diretores exibem os seus números, mas não podem ter a pretensão da infalibilidade. O futebol está cada vez mais caro, não há dúvida. Para os padrões mundiais, o ingresso a U$ 10 não chega a ser um abuso. Só que estamos no Brasil, este país complicado e repleto de desigualdades. Cobrar R$ 30 pelo conforto da Baixada pode ser razoável para os investidores, mas é impraticável para a grande maioria da torcida – uma multidão de ricos e pobres que merece respeito.
A persistir o impasse, todos vão perder. O importante, agora, é que as partes recobrem a serenidade. Aqui, a responsabilidade maior é da diretoria. De nada adiantam bravatas, ameaças e grosserias como as proferidas pelos presidentes do clube no domingo. MCP se comportou com a tradicional arrogância, ignorando os apelos da massa. Fleury perdeu a compostura e desandou a xingar os manifestantes.
O desequilíbrio está no comportamento autoritário dos senhores engravatados que se julgam donos de uma paixão coletiva. É preciso que alguém, alguma força da sociedade, os traga de volta ao mundo dos mortais. Entre R$ 15 e R$ 30, há de existir uma solução intermediária.