Está chegando a hora
Tabus existem para serem mantidos. É com essa esperança que 17.500 atleticanos vão neste domingo à Baixada, na tentativa de empurrar o Atlético na conquista pela 21ª vez do Campeonato Paranaense. Já faz 26 anos que o Furacão não sabe o que é perder um título para o Coritiba – a última vez foi em 1978. Em 80 anos, os dois mais tradicionais adversários do futebol paranaense decidiram dez vezes o Estadual: o Atlético venceu seis (43, 45, 83, 90, 98 e 2000), enquanto o Coritiba ganhou quatro (41, 68, 72 e 78).
Em 1978, na última vez que o rubro-negro perdeu para o rival numa decisão, o título foi decidido nas cobranças de pênaltis, depois que os três jogos da série terminaram empatados sem gols. De lá para cá, outras quatro edições do Campeonato Paranaense foram decididas em Atletibas, com o Furacão levando a melhor. Mas nesses 26 anos de invencibilidade, não foi apenas o título do Paranaense que esteve em jogo. No ano passado, na Copa Sesquicentenário, o rubro-negro manteve a marca ao vencer a final por 2 a 1, confirmando a supremacia atleticana em Atletibas decisivos.
E para manter o tabu e levar a melhor no clássico que vale o título do Estadual deste ano, o Atlético precisa adotar um antigo lema: vencer ou vencer. No primeiro jogo da decisão, o Coritiba reverteu a vantagem, ganhando por 2 a 1. Com esse placar, o Atlético, dono da melhor campanha, precisa de uma vitória simples, para deixar a taça na galeria de troféus da Baixada. “Esse tabu é importante porque temos que mantê-lo, mas, independente disso, temos que entrar para vencer. Temos que vencer de qualquer jeito e tenho certeza que no final da partida toda torcida atleticana vai festejar porque nós vamos conseguir esse título”, confia o lateral-esquerda Marcão.
Além da invencibilidade contra o adversário deste domingo, o Atlético sustenta também a marca de desde 1978 vencer todas as finais do Campeonato Paranaense que disputou. Nos últimos 26 anos, o rubro-negro chegou a sete finais – e ficou com a taça em todas elas. O Coritiba foi o maior freguês, perdendo quatro vezes. Paraná, em duas oportunidades, e Pinheiros foram os outros derrotados.
Por isso, nos 90 minutos que ainda restam do Paranaense 2004, o Furacão precisa fazer valer o “fator campo”, incentivado pelo apoio da torcida, transformando a Arena num verdadeiro Caldeirão. Em jogo, muito mais do que um simples Atletiba, uma invencibilidade de sete meses dentro da Baixada, ou mesmo o tabu de 26 anos sem perder para o rival na hora da decisão. Neste domingo, a disputa vale o troféu, o título de melhor time do futebol paranaense. E, movido pela força das arquibancadas, o Furacão vai com tudo para aumentar ainda mais o tabu histórico contra o rival. Relembre como foram os últimos cinco encontros decisivos entre os dois clubes. Só deu Furacão:
1983: terminados empatados em números de pontos no quadrangular final do Paranaense, Atlético e Coritiba precisaram disputar uma melhor de três pontos para ver quem ficava com a taça. O Atlético saiu na frente, ao vencer o primeiro jogo por 1 a 0, gol do artilheiro Joel. Na segunda partida, o rubro-negro garantiu o bicampeonato estadual com o empate por 1 a 1.
1990: mesmo tendo um time limitado, a raça e o espírito de luta dos atleticanos prevaleceram. No primeiro jogo da decisão, o empate foi garantido aos 47 do segundo tempo, com Dirceu. Na finalíssima, o rubro-negro abriu o marcador novamente com Dirceu, logo aos 5 minutos de jogo. Mas permitiu a virada do Coritiba ainda na primeira etapa. No segundo tempo, o coxa-branca Berg marcou contra e garantiu o título rubro-negro.
1998: na primeira partida, o Atlético vencia até os 42 do segundo tempo, com gol de Nélio, mas permitiu o empate no marcador. No segundo jogo, uma goleada que praticamente garantiu o título: 4 a 1, gols de Adriano, Nélio, Luisinho e Alex. No terceiro e último confronto, recorde de público no Pinheirão: 44.475 pessoas superlotaram o estádio para ver o Atlético campeão. E o jogo teve sua pitada de dramaticidade, quando o goleiro Régis desperdiçou a cobrança de pênalti para o Coxa. Minutos depois, Dedé abriu o placar para o Atlético. No segundo tempo, Wilson ampliou, garantindo a vitória por 2 a 1 e mais um título para o Furacão.
2000: no primeiro jogo, no Couto Pereira, o placar foi de 1 a 1, com gols de Adriano e Cléber. Na segunda partida, a Baixada se coloriu de vermelho e preto. O Coritiba saiu na frente, com gol de Leandro Tavares. Mas o Atlético mostrou o espírito de garra empatando o jogo numa cabeçada do zagueiro Gustavo, fazendo a Baixada explodir de emoção.
2003: o último encontro decisivo entre os dois rivais foi pela Copa Sesquicentenário. Jogando no Pinheirão com um time “B”, o Atlético não se intimidou e venceu por 2 a 1, gols de Ricardinho e Selmir. Dos onze titulares nessa partida, quatro estarão à disposição do técnico Mário Sérgio para a partida deste domingo: o zagueiro Alessandro Lopes, o volante Alan Bahia, o meia Jadson e o atacante Ricardinho. É a “experiência” dos meninos do Atlético para levar novamente a taça contra o maior rival.
Mário Sérgio faz mistério
Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Seguindo o velho ditado, o técnico Mário Sérgio optou por algumas medidas para ter vantagens no jogo decisivo. A primeira atitude foi a recusa em revelar a escalação do time para a partida de domingo. Perguntado sobre o assunto, o treinador desconversa e diz que a escolha ocorrerá somente momentos antes do jogo.
Além disso, a comissão técnica resolveu mudar o local da concentração. Durante a semana, os jogadores deixaram o CT do Caju e foram alojados no Hotel Mabu, onde tiveram mais privacidade e tranqüilidade para pensarem no jogo.
Se não disputaram nenhum coletivo nas últimas duas semanas, os jogadores não ficaram parados. Trabalharam fisicamente e ouviram palestras táticas de Mário Sérgio. Além disso, assistiram à fita do primeiro jogo da final para detectarem os erros cometidos.
Reportagem: Patricia Bahr, do Conteúdo da Furacao.com
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