26 abr 2004 - 23h24

Opinião de Juliano Ribas

Leia a opinião de Julaino Ribas:

Ira

Neste momento difícil é muito importante observar claramente as coisas que estão acontecendo com o nosso Atlético. Por mais que se esteja cego de raiva ou com os olhos rasos d’água, não podemos enxergar a situação como se fosse pior do que é. O que precisamos agora, urgentemente, mais do que nunca, é de um ótimo técnico. E poderemos assim trilhar no campeonato um caminho à altura das tradições do Clube Atlético Paranaense. Não confio no Fleury da Rocha, não o acho competente como presidente, pois até agora só mostrou descontrole. Mas confio no Mário Celso Petráglia. Parece heresia dizer isso em um momento como esse, mas sentimentos de gratidão falam mais alto. Não vejo tudo isso como um grande caos. O time é bom, precisa de uma ou outra contratação.

E se Petráglia, o homem à frente do CAP há nove anos tiver bom senso, trará um treinador com o perfil que esperamos. Levir Culpi, que acabou de sair do Botafogo, por exemplo. Uma decisão que seria acertada a ajudaria o Atlético a voltar ao rumo das vitórias. Júlio Piza, campeão da Sesquicentenário, deve ser um bom sujeito. Mas está longe de ser um técnico para assumir, nem que interinamente, o Atlético. Ele não deve ser culpado, mas é por sua fraca presença no comando da equipe que chegamos onde estamos. Vínhamos de uma dolorosa perda de título para o rival e a equipe teria um momento psicológico para ser eficientemente trabalhado, um esforço motivacional para ser praticado, coisa que só bons e experientes treinadores sabem fazer. E isso faltou. Mas algumas pessoas fazem a crise tomar proporções gigantescas. Como se Petráglia fosse culpado pela cabeçada do Tuta na final. Como se ele pudesse entrar em campo e dirigir o time no lugar do Júlio.

Não estou fazendo uma defesa do MCP, até porque não sou advogado e só defendo quem conheço. Mas faço um reconhecimento a tudo o que esse homem fez pelo meu time. Foi ele que se revoltou depois do 5 x 1, foi ele o capitão da revolução. Foi ele o perseguido com aquela falsa acusação de participacão em um esquema negro de arbitragens. Ou alguém acha que o Atlético, oras, o Atlético, fora beneficiado, alguma vez, por arbitragens? Foi ele que montou o time campeão Brasileiro, com a base do time de 1999, campeão da Seletiva. Ele não fez tudo sozinho, outros atleticanos com Ênio fornéa, Ademir Adur, Marcus Coelho entre outros, ajudaram, bem verdade dizer. Mas ele era o timoneiro, sempre. Ele deu a cara para bater.

Achei uma “Revista do Atlético”, número 1, de 95, com Paulo Rink, Leomar e Oséas na capa. Falava do retorno à primeira divisão e tinha uma entrevista com Petráglia, com o título: “O comandante da Revolução”. Já em 1995, ele falava do grande projeto que o Atlético iniciava, falava de suas idéias e sonhos. Todos cumpridos e até maximizados. A torcida voltou a ter orgulho do time, voltou a ter casa, voltou a sonhar. E sonhamos tanto que imaginamos que éramos imbatíveis, que nunca passaríamos por períodos que não fossem mares de rosas. Mas dificuldades acontecem e erros acontecem. Desde 2002 sofremos com contratações equivocadas, caminhos errados.

Estamos em um momento em que muita coisa deve ser revista. O Atlético é grande e deve ser encarado como grande. Mas será que é tão enorme o caos? A ira de muitos já era intensa com o aumento dos ingressos. Com a perda do título para “eles” na nossa casa, por casualidades e não por time inferior, a ira cresceu ainda mais. E tomou proporções gigantescas agora, com as incríveis derrotas para o SPFC e para o time do Estreito. Mas um bom técnico há de melhorar as coisas.

É um direito de todos protestar. Mas é preciso tomar cuidado com a ira. Ela acontece, é do ser-humano, mas é sempre prejudicial. Vaiar torcedores que entram para ver o jogo e torcer contra o próprio Atlético é inacreditável. Não há motivo que justifique essas insanidades. Muito menos o quebra-quebra na Arena. Eu como atleticano fiquei muito triste em ver aquela selvageria. Espero que o Petráglia justifique a confiança que eu e muitos atleticanos depositam nele e traga um bom profissional para o clube, não um Zetti ou um Marco Aurélio da vida. Talvez este seja o texto mais impopular que já escrevi na vida. Mas, sinceramente, não acredito que a renúncia de MCP trará benefícios ao Atlético.

Talvez a presença de alguém mais capacitado que Fleury da Rocha melhore as coisas, porque sua imagem está muito desgastada depois das patacoadas que fez. Mas ninguém deve esquecer o que MCP fez, antes de acusarem-no e xingarem-no de tudo. O Atlético tem um planejamento de ações, pode se discordar dele, mas não partir para ataques pessoais. Um dia o Petraglia vai sair e espero que seja com o projeto de tornar o Atlético um dos maiores do Brasil cumprido.

Pedir renúncia agora é trazer uma crise a mais para o Atlético. Uma de grandes proporções. Será que precisamos? Que venha o Levir e arrume um pouco a casa.

Juliano Ribas
Colunista da Furacao.com.

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