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9 maio 2004 - 21h42

O gesto que está faltando

Muita energia tem sido dispensada pela torcida do Atlético, no sentido de resolver problemas extra-campo.

Ficamos muito tempo discutindo o preço dos ingressos e pacotes para os nossos jogos e agora estamos preocupados com a nova investida em nível de bastidores, do quimérico diretor-advogado do time rival nos tribunais da CBF.

Como tudo isto, a nossa torcida esqueceu um pouco de cumprir com a sua obrigação histórica, ou seja “cornetear”.

Como acredito que a torcida deveria estar mais preocupada em exigir a formação de um time vencedor do que qualquer outra coisa, vou tentar puxar o cordão, expondo a minha idéia:

A foto que ilustra este texto, representa um gesto que sempre me encantou no futebol. A posição de comando, de orientação séria e compenetrada é sem dúvida a postura mais elegante que um craque pode expressar dentro de campo, superando até a arte do drible.

Não é por acaso que o ator da foto é ninguém menos do que um dos maiores jogadores de futebol do mundo, Roberto Baggio.

Parecida com esta era a postura que mostrava uma estátua do demônio, desenterrada por acidente em um deserto do Irã, no início do primeiro filme da série “O Exorcista”. Lembro que a expressão de Satanás, apontando em intenção de comando, me impressionou mais do que os giros em 360 graus da cabeça da possuída personagem de Linda Blair.

Muitos vão dizer que no futebol moderno não existe mais espaço para este gesto, pois enquanto um jogador gasta tempo para orientar os companheiros, provavelmente será combatido por um adversário, perdendo a posse de bola. Mentira.

Quem assume esta postura é craque e o craque é respeitado pelo adversário. O jogador que marca ou combate o craque está mais preocupado com o resultado futuro da jogada do que com o momento pontual. Ao perceber o gesto de comando, o marcador se desconcentra do combate e começa a se intimidar.

É portanto um gesto mágico, que orienta e dá confiança aos companheiros ao mesmo tempo que submete o adversário.

Existem exemplos fartos de jogadores com estas características. No recente jogo do LDU do Equador contra o Santos, os meninos da vila foram sufocados pela catimba e a liderança de Alex Aguinaga.

No ano passado vi o velho Asprilla decidir um clássico universitário em Santiago de Chile, depois de que aos 47 minutos do segundo tempo, cansado de orientar os companheiros, colocou a bola “embaixo do braço” e partiu desde o seu campo de defesa, só parando quando entrou com bola e tudo para fazer o 3×2 em favor do Universidad de Chile. Também ouvi dizer que Aristizabal segurou o Atlético sozinho no 1×1, no último Atletiba.

Enfim, existem muitos exemplos: Gerson, Dunga, Souza, Silas. Muller e por aí vai a coisa.

O Atlético de algum tempo para cá, carece de alguém dentro de campo que tenha esta qualidade.

Alguns técnicos egocêntricos e autoritários, inibiam o aparecimento deste tipo de liderança, otorgando o comando do time aos jogadores que não representavam ameaça à sua posição.

Levir Culpi tem um temperamento diferente. É um homem seguro, maduro e inteligente. Tenho certeza que ficaria feliz com um craque que pudesse mais do que representá-lo, expressar o espírito guerreiro de todo Atleticano, dentro do campo de jogo.

A diretoria precisa se empenhar urgentemente em trazer para o time um jogador com estas características. Alguém com nome forjado em conquistas verdadeiras, com qualidade de craque e com liderança nata, principalmente dentro das quatro linhas.

O Atlético deve se aproveitar da provável saída de jogadores com altos salários e pouco retorno, para investir na contratação daquele que a torcida vai chamar “O cara”.

Aos que ainda não se desencantaram com a política radical de eternas promessas e fábrica de craques, que se convençam com o argumento que se esta meninada continuar sem ter em quem se espelhar dentro do Atlético, todo o investimento na sua formação será desperdiçado, pois um craque é capaz de formar outros craques com muito mais facilidade do que vários detentores de títulos de Ph.D.

Aos meus companheiros de torcida e “corneta” uma sugestão: Chega de choradeira, vamos pedir de presente para estes diretores um jogador que resolva.

Um craque que fique elegante vestindo as duas faixas: a de capitão e a de campeão.



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