25 maio 2004 - 22h40

Opinião de Juliano Ribas

Leia abaixo a opinião do colunista Juliano Ribas:

Harmonia

Toda a mudança necessita de uma fase de adaptação. Com alguns jogos em seus novos espaços na Baixada, as torcidas organizada e a, digamos, “comum”, ficarão ambientadas com a decisão salomônica da diretoria.

Parece que gente da organizada ainda bate o pé. Não querem a mudança. Birra. Orgulho. Além de um foco egoísta sobre o território Rubro-negro. Garanto que, se pensarem nos mais de mil atleticanos que aceitaram o desafio de ajudar financeiramente o CAP, os compradores de pacotes, chegarão a conclusão que o melhor é mesmo ocupar o segundo andar da Buenos Aires. Um local nobre como todos na Arena.

Se o pessoal da organizada lembrar que na espelunca verde sempre ficaram no segundo “anel”, também encontrarão mais um motivo para ficarem satisfeitos. Se pensarem, também, nos usuários de camarotes, igualmente atleticanos e não menos merecedores de atenção, abandonarão esta queda-de-braço.

A torcida do Atlético cresceu muito e para arranjar lugar na Baixada para todos os atleticanos, iguais na paixão pelo clube, mas heterogêneos na maneira de ser e de torcer, tornou-se um desafio. Este remanejamento é necessário. A diretoria não deve pensar só nos “organizados”, mas em todos os torcedores, e por isso a decisão foi boa. Garantirá uma seqüência mais tranqüila de campeonato brasileiro para o Atlético. O ambiente no interior da Arena voltará a ser de harmonia. Neste momento, em que o Furacão volta a soprar, isso é imprescindível.

Colaboração. A “Os Fanáticos”, torcida vibrante, poderá dar a sua parcela, como sempre fez em todos os momentos desde a sua fundação, juntamente com todo o resto da massa. Com percussão, empolgação e tudo. Mas devem ter consciência que não são a coisa mais importante, astros principais e donos do nosso templo. Cada atleticano, desde o mais fanático até o mais reservado, são donos igualmente.

A torcida organizada deve ajudar e não se portar de maneira irredutível. Corre o risco de se tornar uma torcida tosca e ridícula como a do Corinthians, time que é refém de seus organizados, que praticamente dirigem o clube, à base de paixão irracional. Se é que existe paixão racional. A diretoria do time paulista ouviu demais os organizados. Dialogou demais com eles. Agora só falta darem a presidência para algum integrante da fiel. Diretor é diretor. É obrigado a trabalhar com racionalidade. Torcedor é torcedor. A paixão é a sua essência. Ambos não se misturam, e nem devem. Têm apenas que conviver. Em paz. São “água” e “fogo”. “In” e “Yang”. O equilíbrio trará o sucesso.

Blá-blá-blá em excesso atrapalha. Vamos privilegiar o bom ambiente. Dentro da Arena, deverá imperar a política da boa vizinhança, para que, todos os atleticanos, mais unidos do que nunca, levem esse bom time ao título. Diferente do que alguns jornalistas e colunistas terroristas de certos jornais paranaenses muito lidos apregoam, o time do Atlético é sim, muito bom. Como toda a mídia nacional viu e como até os céticos e quase cegos jornalistas do eixo Rio-SP, viram. No Paraná, dizem que o CAP não revela jogadores. Brasil afora, cantam e prosa e verso as virtudes do jovem e caseiro time do Atlético, invicto a 5 jogos na competição. Não é um time de medalhões como outros do estado, mas uma mina de talentos. A reestruturação começa, finalmente, a dar resultados.

Se a divisão na Baixada agora é física, a união deverá ser de alma. Com cada atleticano junto na mesma emoção, na mesma corrente. “Organizados” e “comuns”, prontos para ver esse time campeão brasileiro. Alguém duvida que o título é possível? Eu não. Ver a paz de volta ao CAP parecia até mais difícil do que um título Brasileiro. Harmonia e conquistas são um binômio indissocável. O bom é que o Furacão está de volta. Que a paz seja seu combustível.

Juliano Ribas
Colunista da Furacao.com.

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