Leia a opinião de Ricardo Campelo:
Entendimento à vista?
Entendimento à vista entre torcida e diretoria? Parece que sim. De acordo com a imprensa, a diretoria do Clube Atlético Paranaense dispôs-se a revogar a proibição da bateria entrar no estádio, mas com uma condição: que a torcida organizada posicione-se no segundo andar.
Particularmente, acho este novo posicionamento desnecessário. Em cinco anos de funcionamento da nova Baixada, jamais foi noticiada qualquer reclamação por parte dos proprietários de camarotes, e tampouco houve qualquer problema com a organizada naquele local. Curioso que este “problema” seja apontado pela diretoria justamente neste momento marcado pelo desentendimento.
Mas, tudo bem. A Organizada parece estar disposta a aceitar a reivindicação. Tenho um conhecimento mais aprofundado em relação aos seus integrantes e posso garantir que jamais tomariam qualquer atitude por orgulho ou por interesses pessoais. “Os Fanáticos” só querem o melhor para a torcida, como uma extensão do melhor que visam para o Atlético. Negociar este novo posicionamento é uma atitude que comprova a boa vontade de fazer concessões em nome de um interesse maior: o bem do Atlético.
Apesar do indício de boa vontade de ambas as partes, contudo, falta um ingrediente fundamental para selar o entendimento: o dilálogo. Até o momento, a Torcida Organizada sequer foi comunicada oficialmente desta decisão, ou convidada pelo Clube para conversar sobre o assunto. Ao que parece, a diretoria pretende simplesmente baixar um novo regulamento para a segurança do estádio, substituindo o atual “não entra a bateria” por “bateria só entra no andar superior”. Não me parece que isto resoverá definitivamente a questão.
O diálogo é fundamental. É hora de ambas as partes mostrarem boa vontade, não só a torcida. Se a diretoria pretende mesmo a conciliação, que convoque os membros da torcida para uma reunião para debater a questão. Há assuntos a serem tratados. Por exemplo: a proibição de bandeiras, permancerá? Quando foi imposta, a justificativa era a interferência na visibilidade dos camarotes, o que não mais procederá caso a organizada vá mesmo para o anel superior. A Torcida Os Fanáticos tem muito interesse em trazer as bandeiras para o estádio novamente, e se propõe a eleger um responsável por cada uma delas, identificando o seu R.G. e tudo mais. Resta saber se a boa vontade da diretoria contemplará esta questão.
Esse e outros assuntos precisam e devem ser definidos entre torcida e diretoria. Nada melhor, portanto, que uma reunião, pois, com cada qual no seu canto, não haverá acerto.
O entendimento está próximo, faltam alguns ajustes. Ao meu ver, a bola está com a diretoria, a quem cabe promover o diálogo e resolver tudo que for necessário. É hora de colocar de lado a mágoa e o orgulho, em nome do Atlético. É tudo que nós, atleticanos em geral, queremos. Queremos ver de volta um Clube em que torcida e diretoria caminham unidos, por um Atético forte, um time competitivo e vitórias freqüentes.
Setorização
Desde a I Guerra Atleticana (aumento do ingresso de R$ 10,00 para R$ 15,00), defendíamos a setorização do estádio. É justo, não só por permitir o acesso de todas as camadas sociais, mas também pela visibilidade (muito melhor na “reta” do que atrás dos gols). Quero crer que, apesar de estar sendo imposta em face do revés judicial (que suspendeu o aumento geral para R$ 30,00 originalmente pretendido pela diretoria), será algo muito bom para o Clube e para torcida. Estamos caminhando para uma solução democrática e definitiva para este repetitivo assunto do preço dos ingressos.
Ricardo Campelo
Colunista da Furacao.com.
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