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19 jun 2004 - 22h18

Estrelas

Hoje tive a oportunidade de ver os jogos entre Inglaterra e Suíça e entre França e Croácia, válidos pela Eurocopa. Nas duas partidas jogaram dois jogadores classificados entre os melhores do mundo: Zidane, da França e Beckham, da Inglaterra. Apesar de não ir muito com a cara dos franceses, ranço que surgiu desde a final da copa de 98, é impossível negar que Zidane joga um excelente futebol. Mas o que mais me impressionou em ambos é que, apesar de serem grandes estrelas do futebol, jogam para o time. São somente mais um jogador em campo. Os lançamentos do Beckham são magistrais e, apesar de ser estrelíssima, badalado no mundo interiro, um rei do marketing, como dizem, joga muita bola. Não vi nenhuma jogada em que possa atribuir aos dois astros máximos a pecha de “fominha”.

Nesta Eurocopa, outro fato que tem chamado minha atenção é que dá para contar nos dedos de uma mão as simulações de falta nos jogos. Mesmo quando os jogadores são tocados e sofrem falta, levantam em seguida e tentam dar continuidade aos lances. Coisa para o Dagoberto aprender.

Ainda, talvez pela falta de qualidade técnica (quando comparados com os brasileiros), os jogadores das seleções participantes perecem procurar atuar como um conjunto. Aplicação tática: zagueiro não se aventura ao ataque, a não ser que isso seja objetivo da equipe e uma opção tática.

Por isso vejo que não basta termos um estádio de primeiro mundo para sermos um time do mesmo padrão. O abismo é grande. O estrelismo e individualismo é uma barreira à evolução de qualquer time. O pior é não suportar o “peso” de despontar como estrela.

Vários colegas rubro-negros escreveram essa semana sobre a atuação do Atlético contra o Flamengo. Com certeza penso da mesma maneira. E concordo que o acontecido nos faz ver as coisas de forma mais clara, concordo que, após as vitórias contra Corinthians, Santos e Cruzeiro, todos entramos numa onda ufanista que acabou por nos tirar da realidade. Li coisas como: “Em busca do Bi…”; “Iremos alcançar o primeiro lugar já na próxima (passada) rodada…”; e, principalmente “Jádson desponta como grande craque do brasileiro, junto com Dagoberto, que está redescobrindo seu futebol…”. É claro que eu também pensava assim.

Após o jogo contra o Corinthians, os jogadores do Atlético viraram neo-estrelas nacionais. Dagoberto, em um programa do Sportv logo na segunda-feira após o jogo, foi perguntado se iria para a Rússia, como o Vagner Love do Palmeiras: “se eu vir o dinheiro, posso pensar…”, perguntado por um telespectador por que não sai do Atlético, disse “quem cuida desses assuntos é meu empresário…”. Jádson foi estrela nos programas locais de esporte. Na Globo, quando perguntado qual seu maior sonho, disse, sem nem pensar ou titubear: “jogar na Europa…”. E o Atlético serve para que, Jádson e Dagoberto? De trampolim? Será que era tão difícil para o Jádson responder, quando perguntado sobre seu sonho, dizer que queria levar a Atlético ao Bi nacional? Será que era tão difícil para o Dagoberto responder, de forma contundente, quando perguntado por que não sai do Atlético – “e por que eu deveria?”

Será que o sonho de um bom campeonato brasileiro acabou? Jádson não joga mais desde o jogo contra o Corinthians; Dagoberto cai mais que a popularidade do presidente; sobre o Rogério e o Igor eu nem vou falar. Não creio que o sonho tenha acabado, porém parece que é preciso trabalhar melhor o lado psicológico dos jogadores. Eles têm que valorizar o time em que jogam o qual é, afinal das contas, campeão brasileiro e, segundo dizem, tem a melhor estrutura do País.

Todos sabemos que a realidade do futebol nacional acabará por nos privar de assistirmos Jádson e Dagoberto jogando pelo Atlético por muito tempo. Algum dia eles irão embora e poderão ter excelentes carreiras na tão sonhada Europa, afinal jogam sim, e muito! O que questiono é a forma aparentemente banal com que tratam o torcedor, por descartar o Atlético assim.

Pois então, meus caros pré-ídolos, procurem se espelhar nos atletas que já são consagrados lá na terra dos sonhos. Tenham espírito de equipe, gana e coragem de vencer. Mas acima de tudo, lembrem-se: vocês ainda são atleticanos.



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