Opinião de Juliano Ribas
Leia abaixo a opinião de Juliano Ribas:
S.A.C.
O Atlético Paranaense é um clube com uma forma empresarial de administração.
Seja na atuação de seu departamento de marketing bem como na maneira como seus conselhos decidem pelo clube. Não é ainda um clube-empresa, não é uma S.A., pois seu capital não é aberto. Mas esse estilo de administração empresarial, baseado em experiências profissionais trazidas para o clube por pessoas/profissionais como Mário Celso Petráglia, aproxima nosso CAP de uma, e bem sucedida, empresa.
Como uma empresa, o Atlético teria que dar satisfações aos seus acionistas e à sociedade apresentando balanços, e as dúvidas levantadas quanto a administração dos seus recursos seriam investigadas por auditorias. Poderia ainda, ter um canal de relações com os “consumidores” de seu produto, o futebol. Este canal seria um SAC – Serviço de atendimento ao Consumidor.
Depois da última apresentação do Atlético no Brasileirão, na derrota para o Vitória, em casa, por 1 X 3, as telefonistas estariam ocupadíssimas recebendo ligações de consumidores descontentes e a caixa postal do CAP estaria cheia de mensagens de reclamação. Coisas do tipo:
“Resolvam o problema do goleiro Diego. Ele está mais preocupado em fazer marketing pessoal do que jogar”.
“Diego sai mal do gol. Não agüento mais isso”.
“Esse Ilan é um jogador insuportável. Tirem ele do time”.
“Precisamos de laterais”.
Eu também teria minhas reclamações para que fossem encaminhadas à diretoria pelo SAC e esperar que fossem resolvidas prontamente. Como:
1. Gostaria que o Diego parasse um pouco de fazer tipo de ídolo e grande goleiro. Não consigo deixar de pensar que sua ida ao ataque não fora para fazer uma “moral” com a galera. Ele não chega a ser “marketeiro”, mas algumas atitudes sutis e outras nem tanto, levam muita gente a pensar que ele é. Acho que ele é apenas inseguro e consciente de suas limitações, como a pouca estatura, e busca na interação com a massa a indulgência para possíveis erros. Mas, de resto, ele não é diferente de muitos jogadores do Brasil. O melhor que ele tem a fazer é treinar um pouco mais.
2. Gostaria de um pouco mais de atenção à personalidade do jovem Ilan. Bom jogador, teve momentos de brilho vestindo a Rubro-negra, como no jogo contra o Corinthians debaixo de dilúvio na Arena, que o projetou nacionalmente e deu-lhe uma convocação para a seleção; no gol contra o São Caetano no inesquecível 4 X 2; e no gol de bicicleta contra os coxinhas. Mas a cada sucesso, mostra que tudo o que acontece a ele de bom sobe rápido demais à sua cabeça e o sucesso, sua cachaça, embriaga-o facilmente. Achando que é craque, torna-se permissivo com seus erros e acha que com naturalidade marcará gols. Viajando em seu ego durante o jogo, torna-se dispersivo. Após a partida, acha-se um incompreendido e sonha com transferências carregadas de Euros.
3. Gostaria que o Levir administrasse com muito carinho o dia-a-dia desse jovem elenco atleticano, que é de alta qualidade e pode trazer títulos. Após seguidos sucessos, vários candidatos a ídolos e estrela do time surgiram: Jádson, Washington, Marinho, Fernandinho, Dagoberto, Diego. Deve se falar que só o trabalho trará a idolatria e os louros da vitória e que por enquanto, ídolo nesse time, só o Grande Adriano. Humildade após as vitórias e menos atenção ao que a mídia, que adora construir e destruir imagens, disser, ajudará esses rapazes a buscar os títulos no Atlético que só Adriano tem. Aí, encontrarão a glória e aplausos. Viu Diego?
4. Como sua atuação pode ajudar ou atrapalhar o time, pediria a torcida “Os Fanáticos”, que revisse alguns dos seus conceitos. Vaiar quem quer que seja nos seus primeiros erros, não é só cruel, como atrapalha o desempenho do atleta e dos outros, que ficam ansiosos e com medo de levar vaias iguais à da vítima dos apupos. Fanáticos: meçam sua forca e vejam que não tem poder para tirar ou colocar ninguém do time, quem faz isso é o treinador.
5. Tenho um elogio: aos atleticanos que vaiaram essa infame iniciativa e aos que não estão indo só aos jogos considerados “grandes”. Parabéns.
Tudo isso dito acima por mim, não terá nenhum efeito, pois nós não somos empresa, não temos SAC e futebol está longe de ser um produto qualquer. Futebol é uma coisa nobre, que mexe com nossas paixões, instintos e sentimentos profundos. Está longe de ser comparado com produtos que se encontram em qualquer supermercado. Niguém torce por uma marca de biscoito, ou é apaixonado e faz qualquer coisa por uma marca de iogurte. Ninguém diz: “eu sou molho de tomate Cica doente!”.
Não se pode querer entender os caminhos que levam as coisas serem o que são no futebol, onde o destino age de formas sobrenaturais. Por isso esse esporte é algo tão apaixonante e mexe com as emoções do mundo todo. O que resolve, para aqueles que estão vivendo dentro do futebol, como cartolas, marketeiros, jogadores e outros, é trabalho, muito trabalho, humildade e honestidade. Para nós, que não somos consumidores de futebol coisa nenhuma e sim, apaixonados atleticanos, o que ajuda é torcer, vibrar, querer o bem e ajudar nosso time indo aos jogos e ajudando efetivamente. Reclamar entusiasticamente durante os jogos não resolve nada, pelo contrário, só atrapalha. Só se desconta uma raiva de momento. E cria um clima negativo no estádio. Acho que o certo é torcer mais e reclamar menos. E ir mais aos jogos. A presença de público contra o Vitória foi ridícula. Um clube com a grandeza do Clube Atlético Paranaense merece mais.
Juliano Ribas
Colunista da Furacao.com.
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