14 jul 2004 - 15h03

Análise do jogo Atlético 6 x 0 Goiás

O colunista Dary Júnior analisa a goleada do Atlético sobre o Goiás na noite desta terça-feira. Com a vitória, o Furacão saltou para a quinta colocação do Brasileirão. Confira o texto de Dary:

A noite das línguas queimadas
por Dary Júnior

O futebol não tem lógica. Nem tudo é o que parece. Ri melhor quem ri por último. Entre frases feitas e idéias pré-concebidas, queimamos a língua ao fim do jogo. Ilan, o nome da nossa impaciência, começou mesmo a se reabilitar. A visão do atacante – ou meia ofensivo – foi o destaque da linha de frente atleticana, que tem na eficiência de Washington e na velocidade de Dagoberto o complemento perfeito. O Goiás levou seis gols para casa. A bagagem poderia ter pesado mais.

O curioso é que o jogo entre Atlético e Goiás começou mal, com muita correria e pouca objetividade. Faltas violentas, passes errados, chutões, o pacote clássico para tirar a torcida do sério. Quando tudo indicava que seria mais 0 a 0, um contra-ataque mudou o rumo da partida. Antes do meio-campo, Ilan dominou, se afastou da marcação e lançou para Dagoberto. Precisão milimétrica. Dago disparou, deixou dois zagueiros para trás e chutou forte. A bola ainda desviou na defesa. 1 a0.

Daí por diante, aos 29 minutos do primeiro tempo, o que vimos foi um jogaço. Enquanto Marinho segurava o artilheiro do Brasileirão (Alex, do Goiás, tem 11 gols) lá trás, os atacantes rubro-negros continuavam a pressão. Aos 40 minutos, Ilan recebeu a bola de Dagoberto, invadiu a área, driblou um zagueiro e, em vez de finalizar, passou para Washington. O capitão, livre, também teve humildade em gol e só não entrou com bola e tudo porque não quis. 2 a 0. E era só o começo.

O Atlético manteve o mesmo ritmo no segundo tempo. No sufoco, o Goiás arriscava contra-ataques sem sucesso. Parecia o jogo de uma só equipe. Washington voltou a marcar aos 10 minutos, após driblar Jadílson e bater no canto esquerdo do goleiro. Três minutos depois, Ilan entrou na área em velocidade, tirou dois zagueiros da jogada com um freio de calcanhar e chutou com a perna esquerda. Caprichosa, a bola tocou nas duas traves antes de cruzar a linha do gol. 4 a 0. E não havia acabado. Iria ficar ainda mais fácil com a expulsão de Jádílson.

Vencido o duelo com Paulo Baier, Ivan se arriscou mais. E foi dele o toque que, aos 23 minutos, deixou Washington cara a cara com Rodrigo, para fazer seu 10o gol no campeonato brasileiro e tornar-se vice-artilheiro da competição. O técnico Levir Culpi aproveitou para mexer na equipe. Com Alessandro Lopes no lugar de Ígor, trocou seis por meia dúzia. De quebra, o treinador promoveu a estréia de Morais, que substituiu Dagoberto e apareceu pouco, e tirou Ilan, machucado, para colocar Dennys, que fechou a goleada aos 37 minutos.

O resultado deixou o Atlético em 5o lugar na tabela e algumas dúvidas. Levir vai escalar a mesma equipe para jogar fora de casa? Por quanto tempo Jadson deve ficar no banco? Ilan vai para o Sporting, agora que está se recuperando e perdemos Adriano? A única certeza é a de que torcer em pé, como nos minutos finais da partida, faz a gente participar muito mais. Tudo bem, tivemos um espetáculo ontem, mas estádio não é teatro. Deixem as cadeiras lá, mas não me impeçam de me levantar para motivar o time.

Em tempo: confesso que mais ri do que me irritei com a atuação do árbitro mineiro Clever Assunção Gonçalves. Tão afetado como uma bicha-louca, ele roubou a cena em alguns momentos do jogo. Sim, pode ter invertido uma falta ou outra, mas foi rigoroso contra a violência na maioria das vezes e, com seu jeito “Margarida” de ser, ajudou a manter o clima de festa na Arena. Se a confusão na venda de ingressos fosse resolvida, mais pessoas teriam visto a figura. É preciso simplificar a setorização. O estádio ficou “mauricinho” e burocrático demais.

Meio contrariado, porque são feitas por palpiteiros apaixonados e geralmente subjetivas, lá vão as minhas notas para o desempenho dos jogadores atleticanos. Sim, meninas, eu vou começar pelo rei do marketing pessoal.

Diego – Só foi exigido uma vez, quando conseguiu – finalmente – espalmar uma cobrança de falta para a lateral e não para a frente ou para dentro do gol. Após o jogo, voltou a fazer média com a torcida. Ele não desiste. Nota 6.

Pingo – Suou muito a camisa, apoiou o ataque e foi quase perfeito na marcação. Nota 7.

Igor – Compensou a falta de técnica com muita garra e não comprometeu. Nota 5. Alessandro Lopes entrou em seu lugar e manteve a segurança na defesa com mais qualidade. Nota 6.

Marinho – O melhor zagueiro do Brasil na atualidade deu mais um show. Tem toda a confiança da torcida. Por cima e por baixo, ganha sempre. Nota 8,5.

Fabiano – Errou passes, fez faltas, mas cumpriu sua função tática. Nota 6,5.

Ivan – Não deixou Paulo Baier jogar e fez boas assistências. Nota 7,5.

Bruno Lança – O “carregador de piano” do Atlético ajudou o time a ganhar a disputa no meio-campo. Nota 7.

Fernandinho – Fez menos do que se espera dele, mas deu velocidade à partida e fechou o meio. Nota 7.

Ilan – Saiu de campo ovacionado pela grande atuação. Poderia ter sido mais simpático ao ser substituído por contusão. Nota 9. Dennys entrou em seu lugar e ainda teve tempo de marcar um gol. Nota 7,5.

Washington – Ainda se bate quando sai da área. No entanto, é o ponto de referência no ataque. E dificilmente perde chances de gol. Nota 9.

Dagoberto – Raçudo, veloz, driblador, foi o atacante que os torcedores querem ver sempre em campo. Nota 9. Morais, seu substituto e estreante, pegou pouco na bola e fechou os espaços do Goiás. Nota 6.

Dary Júnior é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.

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