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26 jul 2004 - 12h25

E eu é que sei?

Após o jogo contra o Criciúma, no último sábado, tive que ouvir alguns comentários, digamos, sarcásticos, sobre o desempenho do Atlético. Até minha mulher, que não tem muito interesse e não morre de amores pelo Atlético, veio perguntar: “o que está havendo?”. Acho que isso deve ter acontecido para a grande maioria dos fanáticos como eu. Claro que temos respostas preparadas na ponta da língua, mas, no fundo mesmo, não há como explicar o que ocorre.

Escutando as entrevistas dos jogadores no final da partida, parece que as falas são ensaiadas, os textos são estudados e decorados, pois eles sempre falam a mesma coisa, isso desde a derrota para o Flamengo: “não há o que explicar”; “não podemos perder jogos dessa maneira”; “foi o juiz, aquele…”; “temos que descobrir o que houve de errado e evitar que isso se repita”. Mas, para mim, o pior de tudo é nosso técnico dizer que o Atlético não está sendo irregular…

Recapitulando, o Atlético pareceu embalar quando, após dois empates (coxinhas e Guarani), teve três boas atuações seguidas, onde ganhou do Santos, Corinthians e Cruzeiro. Três adversários de respeito. Parecia a decolada do time, mas logo a derrota para o Flamengo e para o Vitória vieram perturbar o vôo rumo ao título. Porém, novamente, duas vitórias seguidas (Atlético Mineiro e Juventude) deram novo combustível, e os jogadores começaram a falar em assumir o primeiro lugar do campeonato nos próximos jogos em casa. Veio então a péssima apresentação frente ao Paraná. “Culpa do gramado”, disseram todos (o engraçado é que Palmeiras e São Caetano não jogaram a culpa no gramado). O tropeço contra o Palmeiras foi encarado como normal, afinal de contas eles eram os líderes do campeonato naquele momento (o Atlético não soube, em nenhum momento do jogo, furar a retranca palmeirense. Só um lembrete, a Ponte Preta joga do mesmo jeito que o Palmeiras, afinal o Estevam Soares fez escola). A partir desse momento, as turbulências aumentaram e muito: goleada no Goiás; perde por goleada do Inter; goleada no Fluminense; perde por goleada do Criciúma. Isso tudo não é irregular? Pelo amor de Deus…

Após o jogo contra o Inter, o Levir disse que o resultado havia sido um fato isolado, fora do comum, que dificilmente aconteceria novamente. Contra o Criciúma, ele disse que ficou surpreso com o resultado, que os problemas que ocorreram não são preocupantes e que “O gol fora de casa, marcado no início do jogo, tem desestabilizado o time. Tomamos um gol de bola parada e nosso time é bom na bola parada. Mas tomando um gol assim, baixa o astral do time, que cai emocionalmente”. Ah, bom…

O mesmo Levir, que fala que o time caiu emocionalmente, disse, após o jogo contra o Fluminense, que não agüentava mais a pressão e coisa e tal. Será que isso não ajuda para desestabilizar o time? Será que ele não teve pressão quando estava no Cruzeiro, Palmeiras ou Botafogo?

Pois para mim, o time está sim, tendo uma campanha irregular e ele tendo ataques nervosos não adianta em nada para ajudar o já instável plantel do Atlético.

Já escrevi aqui sobre profissionalismo e não vou me repetir. Mas não acho que profissionais de um esporte tão competitivo e tão apaixonante quanto o futebol possam dizer que não agüentam a pressão, a cobrança. E isso não vale somente para o Levir e sim para todo o plantel do Atlético que tem demonstrado não estar preparado para a pressão da possibilidade de ser campeão brasileiro, pois sempre que há a uma chance de, enfim, decolar, parece que os jogadores sofrem um bloqueio e se auto-sabotam. Após o jogo contra o Corinthians isso ficou bem claro no desempenho de alguns jogadores.

Mas tudo isso parece ser o resultado de posturas de outros comandantes do Atlético. Parece que o negócio não é ser campeão e sim trabalhar como atravessador de jogadores de futebol: compro jovem, dou uma “polida” (expondo-o ao mundo futebolístico) e realizo o lucro, vendendo-o em seguida. Só isso pode explicar algumas entrevistas de revelações atleticanas, onde fica claro que o sonho do rapaz é ir jogar em outro país e não ser campeão pelo Atlético. Parece que o campeonato não é a finalidade principal, então. E essa questão também explica as atitudes contra os torcedores, como toda a celeuma causada pelo aumento de ingressos e proibições ridículas contra a bateria dos Fanáticos e (o fim da picada) contra a presença de uniformes da torcida organizada. Eu pergunto, que diretoria de clube de futebol do mundo que queira ser campeão despreza a força que a torcida pode dar ao time? Somente aquela cujo objetivo não visa o campeonato e sim utilizar o time como vitrine de negócios.

Se essa diretoria estivesse realmente empenhada em fazer do Atlético um time campeão, além de não implicar com a torcida, deveria trabalhar, junto a CBF, para evitar que sejamos prejudicados pelos árbitros tendenciosos que estão em ação atualmente no futebol brasileiro. Lá, sim, essa diretoria poderia mostrar sua força, e não barrando apaixonados pelo Atlético na entrada da Arena. Ainda nessa mesma questão, creio que cabe aos jogadores jogar futebol e não reclamar do árbitro, por mais fraca que tenha sido sua atuação. Parece que falta muita maturidade aos jogadores nessa questão. Não é tido como dogma do futebol que uma vez marcada a infração pelo árbitro, não adianta reclamar? A reclamação e a pressão (quando necessária) têm de ser feita por elementos extra-campo.

Diante de tudo isso, para mim, fica cada vez mais claro que o título de 2001 foi uma conjunção raríssima dos planetas e estrelas. Enfim, um acaso.

Mas, na verdade, tudo isso que escrevi são somente conjecturas. Eu não sei o que ocorre com o Atlético.



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