16 ago 2004 - 22h48

Atletiba para sempre

Duas faixas penduradas estrategicamente na cidade de Matinhos. Esse era o convite para a população prestigiar os craques do passado de Atlético e Coritiba. O jogo marcado para às 11h de sábado começou atrasado por um simples motivo: o ônibus encarregado de buscar as delegações em Curitiba, saiu do litoral apenas às 9h. Enquanto os jogadores não chegavam, o público teve que se contentar em assistir a um melancólico Caiobá x Matinhos, com direito a narração em alto-falantes. A partida seguiu o roteiro do cinco vira, dez ganha. Só que o sol e a temperatura elevada fizeram com que o jogo terminasse mais cedo, para a alegria dos olhos do público que via cenas mais que catastróficas dentro de campo.

Uma água mineral daqui, outra ali, um sorvete para espantar o calor. E nada dos craques chegarem. Já se passavam das 12h de domingo quando o ônibus dos jogadores chegou. Lá estavam eles, todos juntos num mesmo veículo. Uma cena impossível de se ver com os profissionais de hoje. Sentados na frente os coxas, atrás os rubro-negros. E mal desembarcaram, já entraram no campo, fizeram três minutos de aquecimento e tiveram a autorização dos árbitros Vainer Carmona e Edson Simão, moradores de Matinhos.


Comandados por Altevir, veteranos se reúnem no gramado.

Do lado do Atlético os grandes nomes eram o de Altevir, Pedrinho Maradona e Pedralli. O Coritiba jogou reforçado pelo seu ex-técnico Paulo Bonamigo e de jogadores como Heraldo (que também atuou pelo Furacão), Tobi, Ronaldo Lobisomem e do goleiro Gerson. Com a bola rolando o time verde e branco começou com tudo. Na falta cobrada por Bonamigo, Léo entrou livre para fazer o primeiro gol da partida logo aos 3 minutos.

O Atlético não conseguia atacar e encontrava dificuldades no toque de bola. Pedrinho Maradona era muito bem marcado e não distribuía as jogadas. Altevir, que quando profissional era goleiro, desta vez atuou como lateral-direita. Um pouco acima do peso ideal (um pouco? deixa pra lá…) o craque não subiu para apoiar o ataque e limitou-se a tocar a bola de lado. Já o Coritiba, com jogadores mais novos, impunha o ritmo do jogo.


Pedrinho Maradona foi o craque de 1987 do Furacão.

No segundo tempo os veteranos rivais fizeram o segundo com Marco Aurélio. Ele recebeu livre dentro da área e só teve o trabalho de finalizar. O gol abalou ainda mais o time atleticano, que já se sentia incomodado não só pelo placar mas pelos narradores que gritavam nas caixas acústicas: "é gol do Coritiba. Quem fez foi o número, o número, o número… Eu não sei quem fez o gol", para gargalhadas do público. Depois desse episódio, outra pessoa tentou fazer bonito, mas também não conseguiu. A situação só foi resolvida quando um profissional da locução esportiva de Curitiba pegou o microfone.

Mais gols

Quase 13h e poucos conseguiam correr no gramado-areia do campo do Caiobá. Os mais empolgados eram Edson Gonzaga, do Coritiba, e Gentil, atacante veterano de Matinhos convidado para o clássico. E justamente Edson e Gentil fizeram os outros gols da tarde: o do coxa numa jogada pela esquerda, e o do Rubro-negro de pênalti.

Eternos craques e um freguês

Profissional do Atlético na década de 80, Pedrinho Maradona esteve no time que subiu para a 1º divisão do Futebol Brasileiro em 1987. No mesmo ano foi negociado com o Guarani e acabou encerrando a carreira recentemente no Cene, de Campo Grande. "Hoje eu sou treinador da escolinha do São Paulo, em Curitiba. Talvez em breve eu tenha uma oportunidade nestes centros criados pelo Atlético", disse Maradona, que mostrou categoria em muitos lances no amistoso.


Pedralli com o filho: do futebol ao comércio de veículos.

Um dos mais felizes em participar da partida, Pedralli demonstrou muito carinho ao falar do Atlético do começo da década de 90. Apesar de ficar afastado dos gramados por quase um ano, o ex-jogador guarda muitas lembranças. "Em 1990 eu quebrei a perna numa partida contra o Umuarama. Mesmo assim fiz parte do elenco que conquistou o Paranaense em cima dos coxas, naquele Atletiba que o Berg fez o gol contra", afirmou o meia, que ficou no Furacão até 1993 e depois foi jogador do Joinville e do Democrata de Valadares.


Gerson era o goleiro em 1990 quando Berg fez contra.

Alegria para a nação atleticana, tristeza para os coxas. No Atletiba citado por Pedralli, o goleiro da ocasião era Gerson, que por muitas vezes salvou o rival em jogos contra o Rubro-negro. Naquele dia 05 de agosto de 1990, não deu. “Foi a melancolia dupla. Uma por causa da perda do título para o Atlético e outra por causa do Berg. Ele nunca mais se recuperou”.

Independente da camisa vestida durante a carreira, das disputas e das polêmicas criadas fora de campo, os ex-craques de Atlético e Coritiba dão uma lição para os torcedores de hoje: é possível ser fiel ao time do coração e manter o equilíbrio emocional, sem brigas e sem preconceito. Tudo na base da alegria e da paixão pelas cores dos clubes.

Saiba mais:
Hot site 80 anos do Atlético
A fratura de Pedralli
Final de 1990
Altevir

Atletiba Master – (14/08/04) – Atlético 1 x 3 Coritiba
L: Campo do Caiobá (Matinhos/PR); H: 12h15; A: Vainer Carmona e Edson Simão; CA: Marco Aurélio; P: entrada franca; G: Léo (3′), Marco Aurélio (35′), Edson Gonzaga (38′), Gentil (42′).

ATLÉTICO: Vanderlei, Cid, Clayton, Pedralli e Flavinho; Altevir, Wilson e Pedrinho Maradona; Gentil e Totó;

CORITIBA: Gerson, Bonamigo, Marco Aurélio, Heraldo, Alcinei e Tobi; Ronaldo Lobisomen, Lela, Léo e Edson Gonzaga.

Reportagem e fotos: Equipe Furacao.com



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