Santos
A cidade de Santos, nos velhos tempos que não são tão “velhos” assim, tinha alguns dos melhores bailes de carnaval do Brasil. Tinha futvôlei na praia, tinha o “Bar do 3” e o “Cachaça Brasil”. Tinha a “Turma do Gugs” e o pessoal do Jean Piaget.
Passei boa parte da minha adolescência correndo na praia nos fins de tarde, do canal 6 ao Gonzaga. Tomei muito chopp no Fifty-Fifty, paquerei bastante na Planet Z e levei muito “fora” na Reggae Night. Joguei bola no Canal 4 com a turma do Morvan, assisti ao Deep Purple no morro e fiz amigos em todos os lugares.
Hoje estou de volta ao meu estado, às minhas raízes. E apesar de ainda um pouco longe do “templo” de minha “religião”, sinto que estou mais próximo das cores que correm em minhas veias. Não posso negar, no entanto, a saudade de uma juventude em clima de “amor de verão”, que vivi intensamente a cada dia dos 13 aos 20 anos.
Mas o fato que mais me marcou enquanto vivi em Santos foi um jogo. Do Atlético, obviamente. Estávamos na era Oséas-Paulo Rink e a partida valia uma passagem para a próxima fase da Copa do Brasil. Eu, sentado junto aos amigos no meio da torcida deles, quase apanhei quando vi, incrédulo, o Paulo Rink partir da nossa intermediária, levar meio time na conversa, driblar o “príncipe” Edinho e estufar as redes peixeiras, eliminando o alvi-negro da Vila Belmiro – na própria – da competição.
Hoje lembro deste jogo com especial carinho. Porque para mim todas as outras coisas passaram e agora são apenas doces memórias. Mas a paixão pelo rubro-negro não passa, não sara… como também não dói. A paixão é indelével e motiva. A paixão é coisa viva, é estado de espírito e fé.
No jogo de hoje à noite só peço aos nossos heróis um pouco de paixão. Vivam o momento e tenham na mente que o início do que somos hoje pode ter se dado naquela partida da Copa do Brasil, com a eliminação de um então “grande” por um então “pequeno” clube brasileiro. Vejam que hoje, como naquele dia, pode começar uma nova era. A conquista do bi pode ter início sob a brisa do mar santista.
E então, senhores, daqui a alguns anos terei mais uma grande saudade de Santos. Saudade do dia em que mostramos ao Brasil que planejamento, estrutura, competência e paixão são os alicerces de uma grande história, de uma vida plena e cheia de conquistas como a que o nosso amado clube há de viver e da qual as futuras gerações hão de sentir saudade, assim como eu sinto de onde tudo começou.
Rumo ao bi, nobres guerreiros. E que os santos estejam conosco.