13 set 2004 - 11h01

Análise do jogo Atlético 3 x 1 Corinthians

O colunista Ricardo Campelo foi à Arena da Baixada e analisa a vitória do Atlético sobre o Corinthians por 3 a 1. Confira o texto:

Sensações
por Ricardo Campelo

Um jogo de sensações. Sensação de aflição no primeiro tempo, quando a marcação e o goleiro corintianos evitavam o gol atleticano. Sensação de alegria com o primeiro gol, após cobrança de falta de Dagoberto. De angústia, com o empate corintiano, na bola que viajou como quis na área rubro-negra. De esperança, com a bola nas mãos de Jadson, e de alívio depois desta sair de seus pés, percorrer o caminho da trave e encontrar a rede lateral oposta. Por fim, sensação de bicampeonato após o gol de Washington. Sensação de que o atual time pode se superar e vencer até mesmo as partidas que se mostrem mais difíceis.

Defesa

Há muito tempo o Atlético não tinha um setor defensivo tão consistente. Marcão mostrou ontem mais um pouco de seu espetacular futebol como zagueiro. Fica difícil entender como é que o jogador já pretendeu atuar pela lateral, onde é um jogador normal, deixando a zaga, onde vem provando ser um dos melhores do país. Seus companheiros Marinho, que definitivamente recuperou o ritmo, e Rogério Correa, outro excelente atleta quando não inventa de sair driblando, deram ao Atlético uma das defesas mais sólidas do campeonato.

Alan Bahia é um capítulo à parte. É o responsável por que poucas bolas cheguem ao setor defensivo. E vem cumprindo tal função com maestria. Sem violência, e com muita raça e técnica, tornou-se um jogador fundamental para o esquema de Levir.

Laterais

Parece que, com a contratação de Ronildo, Ivan se deu conta de que vai precisar suar a camisa para manter a posição. O lateral ainda errou alguns lances fáceis, mas soube ser veloz e apoiar o ataque. Foi quem sofreu a falta convertida em gol por Jadson. Na direita, Fernandinho é a materialização da disciplina tática que tornou o Atlético o time mais eficiente do campeonato nas últimas rodadas.

Na frente

No primeiro tempo, Jadson parecia não ter voltado de Santos – onde parecera não ter partido de Curitiba. Na etapa complementar, contudo, foi o que esperávamos. Com a qualidade de seu toque de bola, o time pôde trabalhar as jogadas em direção ao gol do adversário. E com sua cobrança de falta primorosa é que o time reencontrou a vantagem no placar – situação em que dificilmente deixa escapar a vitória.

Dagoberto esteve muito bem marcado, o que deu mais espaço para os demais jogadores atleticanos na frente. Mas mesmo assim, o camisa 11 demonstrou muita vontade e ainda conseguiu se apresentar para trabalhar a bola com Washington, Jadson e os laterais. O centroavante, por sua vez, novamente com muita vontade, oferecendo aos companheiros uma referência no ataque. Em uma arrancada pouco provável para um jogador do seu porte físico, chegou à área e sofreu o pênalti que depois converteria com brilho para definir a vitória atleticana.

Vaias ao adversário

A torcida esteve espetacular, mais uma vez, a despeito do prejuízo pela ausência da bateria. Vi poucas reclamações e vaias ao nosso time, o que mostra uma evolução do comportamento nas arquibancadas. Mas tem uma mania de alguns torcedores que me incomoda: a cada vez que escutam um canto da torcida adversária, são vaias e mais vaias. Ora, pra quem costuma ir a jogos com mando do adversário, sabe que receber uma vaia significa apenas uma coisa: que você foi escutado. No Couto Pereira é sempre assim: torcida atleticana dando show, e a alviverde emitindo vaias que só nos dão mais confiança por sabermos que nossos gritos estão sendo ouvidos.

Peço a este pessoal que utilize o seu fôlego não para vaiar, mas para engrossar o coro dos demais atleticanos cantando. É uma forma muito mais eficiente de abafar os gritos do adversário.

Ricardo Campelo é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.

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