Um dos "segredos" da boa campanha atleticana talvez seja a versatilidade apresentada pelo elenco a partir da chegada do treinador Levir Culpi. Taxado por muitos como retranqueiro, o técnico curitibano parece ter conseguido extrair o melhor de cada um no grupo, recuperando atletas, dando voto de confiança para alguns esquecidos do elenco e, principalmente, mostrando o quanto os jogadores podem ser versáteis.
A inconstância do time que chegou a golear adversários e sofrer goleadas pelo mesmo placar na partida seguinte, parece ter sido sepultada, principalmente após a entrada de Marcão na zaga. Além de ser mais uma opção para o setor que conta ainda com os suplentes Alessandro Lopes e Igor, o ala esquerda Ivan vem subindo de produção a cada rodada.
A efetivação de Fernandinho na ala direita dando mais dinâmica ao setor e a liberdade dada a Jadson, que nos tempos de Mário Sérgio era obrigado e marcar forte, são algumas das mudanças implementadas pela comissão técnica.
Esquemas Táticos
O Atlético já utilizou vários esquemas táticos diferentes, por vezes mais de um na mesma partida, mostrando que os jogadores parecem ter assimilado bem a concepção de Levir Culpi.
3-5-2
O sistema clássico usado pelo Atlético e consagrado por Geninho no título brasileiro de 2001. Com a dupla de zaga protegida por um zagueiro de sobra e apoio alternado dos alas, este esquema privilegia as jogadas laterais e marcação no meio campo. Devido a facilidade na saída de bola com Fabiano, o esquema tem tido êxito. Nele, Jadson tem liberdade para criar e os avantes se completam, com Dagoberto fazendo as jogadas de velocidade pelas laterais e com Washington sendo a presença dentro da área.
4-4-2
Variação feita principalmente durante as partidas, quando há a necessidade de se tirar um zagueiro, reforçar a marcação central e criar uma maior aproximação dos meias com os atacantes. Com essa formação, Fernandinho e Ivan fecham pelo meio e procuram fazer tabelas com os atacantes. Na partida contra o São Paulo, pela primeira rodada do returno, Levir sacou Fabiano, machucado, e colocou Bruno Lança em seu lugar, para jogar ao lado de Alan Bahia na cabeça de área. Por outro lado, William entrou no lugar de Pingo, deslocando Fernandinho para fazer o quadrado do meio, auxiliando Jadson na criação.
4-2-4
Usada apenas em situações extremas, principalmente quando o Furacão ainda contava com Ilan no elenco. Na partida contra o Goiás pela 15ª rodada, o Atlético aproximou Ilan e Jadson dos atacantes, ficando apenas com Fabiano mais adiantado e Bruno Lança no meio. Os laterais não apoiavam tanto, mas Fernandinho teve liberdade, pois foi Pingo o responsável por fechar o setor defensivo direito.
5-3-2
Para as partidas em que o adversário ofereça real perigo à meta atleticana, Levir Culpi criou um verdadeiro ferrolho defensivo, fazendo com que o time só se aventurasse ao ataque quando tivesse verdadeiras chances de chegar ao gol adversário. Contra o líder Santos, no 2º turno, o Atlético formou com os dois alas na defensiva, mais o trio de zagueiros formado por Marinho, Rogério e Marcão; no meio Fabiano e Alan Bahia davam o combate, enquanto William cobria as laterais e Jadson tentava a armação. Tal projeto de jogo só não obteve êxito maior pelo fato de Dagoberto, principal arma do contra ataque atleticano, não ter atuado por causa da suspensão pelo terceiro cartão amarelo, comprometendo a disposição de atuar de uma maneira mais cautelosa fora de casa.
Reportagem: Juarez Villela Filho, do Conteúdo da Furacao.com