Raras vezes um texto é capaz de retratar fielmente grandes emoções. Esse não é um desses casos. O objetivo dessa reportagem da vitória do Atlético sobre o Flamengo por 2 a 1 na Arena da Baixada é tão somente relatar os principais lances da partida. As 21.220 pessoas que estiveram no Joaquim Américo (maior público do estádio no Brasileirão) assistiram a um jogo mágico, a uma daquelas viradas espetaculares que será lembrada durante muitos anos.
Infelizmente, esse texto não poderá transmitir aos que não foram a mesma emoção que o artilheiro Washington deu a cada atleticano presente na Arena neste domingo. Talvez, porém, a mera descrição dos cinco minutos finais da partida sirva para dar uma breve noção do que aconteceu neste jogo. Algo inacreditável para times comuns, mas comum a time inacreditáveis, como o Atlético.
Antes tudo, deve-se frisar: o Atlético não jogou bem. Não fez uma partida empolgante como em ocasiões anteriores. Sentiu dificuldades em função do calor insuportável e do gramado alto, que deixou o jogo lento. Jadson jogou mal e Dagoberto não estava inspirado.
Mesmo assim, foi o Furacão quem começou ameaçando. Aos 4 minutos, Dagoberto fez boa jogada individual partindo da esquerda, driblou dois e chutou rasteiro de fora da área. O Fla respondeu no minuto seguinte em uma cobrança de falta. Júnior Baiano bateu forte e Diego fez uma ótima defesa. No primeiro tempo, as melhores chances atleticanas surgiram em faltas. Aos 8, Jadson cobrou com perigo para fora. Aos 15, Dagoberto alçou na área e Igor cabeceou perto do gol.
Depois de suportar os primeiros trinta minutos, o Flamengo chegou a arriscar em algumas oportunidades, mas não chegou de modo efetivo à meta de Diego.
Pinta de campeão
O melhor estava guardado para o segundo tempo. O Atlético começou bem e criou chances com Dagoberto, aos 2 minutos e com Washington, aos 4. Mesmo assim, o time não conseguiu encaixar os contra-ataques e muito menos sair tabelando. Sem os toques precisos de Jadson e as arrancadas de Dagoberto, o Atlético parecia "travado". Levir passou Fernandinho para o meio, colocando Raulen na lateral e tirando Pingo. Não deu resultado imediato.
O Flamengo se aproveitou da situação. Aos 24, Júlio Moraes chutou da esquerda e mandou uma bomba no travessão de Diego. Não deu tempo para a torcida atleticana respirar aliviada. No minuto seguinte, Júnior Baiano subiu livre em cobrança de escanteio e cabeceou no canto direito de Diego, abrindo o marcador.
Preocupado, o técnico atleticano sacou o zagueiro Fabiano e mandou o time para frente, com Morais. O Furacão partiu para cima na base do desespero, mas não conseguia chegar com perigo. Faltando sete minutos, Levir promoveu a estréia do atacante Denis Marques, que entrou no lugar de Jadson. Aos 42, ele tocou para Morais chutar fraco.
Jogo foi muito disputado no meio-campo (foto: Valquir Aureliano / Paraná-Online)
No minuto seguinte, fez melhor: lançou Washington no centro da área. De costas para o gol e marcado por Ibson, o artilheiro atleticano girou para a esquerda e chutou de direita, no canto de Júlio César, empatando o jogo. A torcida parecia não acreditar. Empolgada, pediu: "mais um, mais um".
O time respondeu em campo e foi para cima. Washington recebeu lançamento na área, mas a bola escapou para a esquerda e o goleiro Júlio César chegou antes. O atacante não desistiu e contou com o erro do adversário. Na dúvida entre sair jogando com o pé ou pegar a bola com as mãos, Júlio César foi desarmado por Washington e não teve recurso senão segurar o atacante atleticano.
Aos 45, último minuto do tempo regulamentar, Washington cobrou o pênalti no canto esquerdo de Júlio César e virou o jogo. A galera sentenciou: "bicampeão, bicampeão".
Depois do gol, o time carioca ainda conseguiu provocar uma confusão que acabou prejudicando o Atlético. Fernandinho desarmou uma jogada com força e acabou acertando a bola em um adversário. Os flamenguistas foram tirar satisfação e vários jogadores discutiram. O árbitro expulsou Marinho e Whelliton.
Saiba mais:
– Análise do jogo, por Fabio Kaiut Nunes
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