Opinião de Juliano Ribas
O colunista Juliano Ribas escreve sobre o artilheiro do Campeonato Brasileiro, Washington. Juliano também está confiante na conquista do bicampeonato nacional.
Sou Atleticano e não desisto
nunca
por Juliano RibasA campanha publicitária de incentivo lançada pelo Governo, que tem o tema "sou brasileiro e não desisto nunca", merece depois de domingo uma adaptação, para "sou atleticano e não desisto nunca". Ou, parafraseando de maneira ainda mais precisa, teria que ser "sou Washington e não desisto nunca".
Mais do que artilheiro, mais do que matador, mais do que ídolo, Washington é, antes de tudo, um exemplo de vida para todas as pessoas, seja qual for o time que elas torçam. Mas para nós, da maior e mais apaixonada nação do Paraná, que podemos acompanhar de perto este rapaz, Washington é o símbolo da raça e determinação que caracteriza todo atleticano.
Quem sofreu em tempos de carestia de títulos, dinheiro e patrimônio, quem é atleticano dos tempos em que podíamos contar apenas com nossa fé para manter nosso orgulho e nossa dignidade, entende como é importante ter esse cidadão no elenco para traduzir em ações a essência de ser atleticano. Porque não podemos nunca esquecer do nosso passado, das fases difíceis e de que maneira as superamos. A superação do drama pessoal de Washington é também um exemplo para todo o grupo.
Superação foi o que vimos nos últimos jogos do Atlético. Se no começo do campeonato, desconfiávamos de que o Atlético, ficando atrás do placar, não teria capacidade de reverter o resultado, hoje podemos acreditar piamente que, se sairmos perdendo, mesmo assim venceremos. Os jogos contra coxinhas, Cruzeiro e Flamengo mostraram claramente. E, para mim, a vitória sobre os coxinhas foi fundamental para esta afirmação.
Reverter placares era característica do time de 2001, vide a inesquecível partida da final em que vencemos o São Caetano por 4 a 2, depois de estarmos perdendo por 2 a 1. Aquele time era um exemplo de superação: desde Nem, que trouxe ao Atlético a sua má fama e muito teve que provar até levantar a taça, até jogadores como Souza, apagado em outras equipes e, principalmente Alex, "o" Alex, que fora mal aproveitado no Cruzeiro e no Atlético e foi um gigante, com direito a estátua ou busto na frente da Baixada.
Washington é isso e mais, porque teve de ultrapassar o obstáculo da limitação da saúde, a ameaça do fim das perspectivas profissionais. Quando estava tudo turvo, ele foi em busca da luz, mesmo que o facho estivesse ínfimo no fim do túnel. Contou com o apoio de amigos, familiares e da diretoria atleticana, que apostou em sua recuperação e não o abandonou. Mas os méritos são todos dele. Muitos teriam desistido em seu lugar.
Este ano, seremos campeões porque a nação atleticana merece, porque todo esse valoroso grupo de guerreiros merece, porque aqueles que trabalham pelo CAP nos bastidores merecem e porque Washington merece. Porque o Coração Valente está batendo no ritmo do hino de Zinder Lins e Genésio Ramalho, o mais lindo do Brasil. Porque o coração dos jogadores está batendo nesse mesmo ritmo, que é e sempre será o ritmo dos nossos corações.
Acho que nunca tivemos tantos motivos para acreditar numa conquista como agora. Os recordes de 2001 foram quebrados, as principais coincidências com aquele título, como a passagem de Mário Sérgio, se mantêm, a empolgação está mais genuína e menos desconfiada, a paz reina dentro da Baixada. Se você está ainda desconfiado, tudo bem. Se você acha que é cedo para falar, ok. Mas todos aqueles que gritaram em uma só voz "bicampeão!", "bicampeão!", não berraram aquilo pela emoção do momento, porque jogamos mal e vencemos com uma virada histórica. Foi tudo muito sincero. Por enquanto, é tudo apenas "feeling". Mas quando vemos Diego salvando a meta, como fez em Belo Horizonte, Ivan "voando", Marinho, Fabiano, Rogério e Marcão fechando a barreira, Igor, pasmem, Igor jogando muito, Alan arrepiando, Fernandinho, Jadson e Dago vestindo a camisa de craques que são, Bruno, Morais, Raulen, Pingo e os outros entrando na mesma freqüência, Levir com a batuta afinando tudo e o Coração Valente lá na frente, começamos a ver a Getúlio Vargas interditada e a cidade colorida de vermelho e preto.
Este campeonato de pontos corridos foi feito para o Atlético, um time que depois que embala, ninguém segura. E agora, se o guerreiro Washington, tema principal destas mal traçadas, tiver que ficar um jogo de fora, temos Dênis Marques, responsável pelos melhores 5 minutos que já vi um jogador desempenhar. Um Oséas melhorado, melhor também que o pavonesco Ilan. Gostaria muito de ver Dago, Washington e Dênis em campo. E, perdoem-me a pequena carga de veneno: não é que depois que o Ilan saiu o time estabilizou-se? Está mais unido do que nunca, pois não tem uma mente dissonante, focada em campos da Europa. O foco dessa rapaziada, percebe-se claramente, é levantar o caneco. E ninguém melhor para fazer isto, do que o Coração Valente, nosso capitão.
Não estou cantando vitória, pois muita coisa pode acontecer nas próximas rodadas. Só vou cantar uma trecho de uma música, carnavalesca, a "Mulata Bossa Nova", com letra adaptada pela maior organizada do sul do país: "Rubro-negro entrou em campo / Só pensa em vencer / Sou Rubro-negro / ê-ê-ê ê-ê-ê-ê-ê / Bota pra / O Rubro-negro vai / Com raça e emoção / Com toda essa força / Nós seremos campeões!"
Saudações Rubro-negras a todos que acreditam no bi.
Juliano Ribas é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.
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