21 out 2004 - 11h26

Leia a entrevista de Levir ao Estadão

O técnico Levir Culpi foi entrevistado pela Agência Estado, de São Paulo, ligada ao jornal O Estado de São Paulo. Graças ao bom momento do Atlético no Campeonato Brasileiro, o treinador voltou a ficar em evidência. Confira a entrevista na íntegra:

Agência Estado: Qual o segredo do Atlético para ser líder?
Levir Culpi: Não tem um segredo. O clube tem estrutura e o elenco é bom. Os jogadores têm vocação para o gol e pude montar o time como eu gosto, no ataque.

Com Washington e Dagoberto?
Não é só isso. Tem o Jadson, que é muito bom. Os laterais apóiam também com qualidade, tanto o Fernandinho como o Ivan. Para conseguir isso transformei o Marcão, que era lateral, em zagueiro. Joga junto com o Rogério Corrêa e o Fabiano. Eles têm a proteção do Alan Bahia. Temos tranqüilidade para atacar. Em pontos corridos, quem tem mais vitórias é o campeão. Mais vale ganhar uma partida do que empatar três. Parece óbvio, mas se você não tem os jogadores para jogar no ataque, fica difícil.

Você continua abrindo o treino aos jornalistas só depois de uma hora?
Meia hora. Quando fomos enfrentar o Santos na Vila, fiquei vendo uns programas esportivos na televisão. Estavam cobrindo o treino do Corinthians e vi uma jogada ensaiada de falta. Em vez de levantar na área, o Fábio Baiano rolava a bola lateralmente para o chute de outro jogador. Quando o Corinthians foi jogar com a gente na Arena, teve uma jogada dessas e impedimos um gol deles no último minuto. Viu como é importante não dar espaço para o adversário?

Você está próximo de conquistar o título brasileiro. É o que falta para ser reconhecido como um dos grandes treinadores do Brasil?
Não concordo com a pergunta. Tenho muitos títulos. Do Rio Grande do Sul a São Paulo, ganhei todos os Estaduais. Disputei três finais de Copa do Brasil, todas fora de casa, e ganhei uma. Em 96, contra aquele time poderoso do Palmeiras, do Vanderlei Luxemburgo.

É a sua melhor fase?
Também não. Já tive boas temporadas no Cruzeiro, Atlético Mineiro e São Paulo. Acho difícil ter dois currículos melhores do que o meu. O que acontece é que esse é o primeiro Brasileiro de pontos corridos em que eu trabalho. Esse tipo combina com o meu estilo. Teve um Brasileiro em que eu fui o melhor com o Cruzeiro e perdi o mata-mata para o Atlético, que era o oitavo. Se fosse por pontos corridos, teria sido o campeão daquele ano. O campeonato por pontos corridos é mais justo.

Você esteve cotado para chegar à seleção brasileira e não foi confirmado. Qual o motivo?
Fui sincero demais. Falei que poderia levar o Romário para a Olimpíada de 2000, mas não precisaria dele para a Copa de 2002. Ele não gostou, me criticou e fiquei de fora. E quando o Felipão assumiu a seleção e decidiu que não levaria mais o Romário, o que ele fez? Enganou todo mundo. Disse que estava observando, que não tinha nada definido. Eu, que tinha feito estágio em Minas, falei demais. E ele (Felipão) foi mais mineiro do que eu.

E a passagem pelo Palmeiras?
É a maior mágoa da minha vida. Fiz de tudo para salvar o time e não consegui. A gente ficou invicto nos clássicos e se enrolou em jogos com times pequenos. Trabalhei duro e não consegui resultado. Dirigi o Palmeiras em 17 partidas e a torcida, mesmo com o time caindo, nunca me chamou de burro. Foi o time que mais me respeitou como profissional. Queria continuar, disse que renovaria por qualquer preço, para fazer o time subir, mas eles não quiseram. E não dá para reclamar. Não estavam errados.

E o Botafogo?
Foi a chance que tive para me recuperar. A chance que eu gostaria de ter no Palmeiras, tive no Botafogo. E conseguimos subir no campo, sem tramóias. Foi uma das maiores vitórias da minha vida. Só aceitei o Botafogo porque o Bebeto de Freitas me chamou. Eu confio nele.

Por que não deu certo este ano?
Fico pensando nisso. Talvez eu tenha tido muita lealdade com o pessoal que subiu comigo. Poderia ter pedido mais reforços. Mas a pior coisa é que fizemos uma pré-temporada ruim, jogadores contundidos e isso se refletiu no Campeonato Carioca e no Brasileiro.

Gostou do Rio?
Para um curitibano, o futebol do Rio do Janeiro é um choque cultural. Não que a gente seja santo, mas aquilo lá é demais. O Caixa D’água (presidente da Federação Carioca) declarou guerra contra mim. Disse que estava de olho em mim e muita coisa errada aconteceu.

Por exemplo?
A gente enfrentou o Madureira no campo deles. Quando foi a vez de o Fluminense jogar lá, apareceu um buraco no campo. Apareceu, não, fizeram um buraco lá e o jogo foi transferido para o Maracanã. Lá é muito duro trabalhar.

E o São Paulo? Ainda dói ter perdido a Copa do Brasil no último minuto contra o Cruzeiro?
Muito. O Alexandre estava cansado e pediu para sair. Pus o Axel e ele atrasou uma bola errada. O Rogério Pinheiro fez falta e o Geovanne bateu. Passou por baixo da barreira no buraco que o Axel abriu. Para me conformar, penso que aquela derrota foi para compensar a vitória contra o Palmeiras. O Velloso soltou a bola nos pés do Marcelo Ramos e ganhamos. Eles já tinham até escolhido a boate onde iriam comemorar.



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