WaSHOWton
Confesso que, quando Washington Stecanela Cerqueira chegou ao Atlético, em 2003, não achava que aquele grandalhão nascido em Brasília e que jogou no Caxias, Internacional, Paraná e destacou-se na Ponte Preta, de onde pegou uma ponte muito maior para o Fenerbahce da Turquia, após ser convocado para a seleção brasileira, no começo deste século, fosse dar certo. Principalmente depois do problema no coração, com o implante do stent (depois mais 02). Acho que este não era só o meu pensamento, mas pelo menos de uma boa parte da torcida. Alguns até ficavam preocupados com o fato de vê-lo em campo, com receio de a arena da baixada ser palco de um desastre como ocorrido com o camaronês Foe e o húngaro Feher em 2003 (e mais recentemente do Serginho), justamente quando Washington deixou o clube turco, por falta de pagamentos dos seus salários, justamente por causa de tais problemas coronários.
Mas o torcedor atleticano via no fato de Washington ter este nome de boa recordação para o clube, quando outro grandalhão, também atacante, fez história com um companheiro chamado Assis, um bom talismã. E como um garoto, o “coração valente” não decepcionou. A tristeza pela perda inesperada de um título estadual serviu para que o time fosse reforçado e tivesse cara nova no campeonato nacional. O centroavante de 1,89m e 88Kg só tem dado alegrias aos corações rubros negros.
A profusão de gols que tem saido de seus pés e cabeça tem sido quase que incontáveis. Para nossa sorte, estes estão sendo devidamente registrados e já somam 30 gols em 41 jogos (na verdade menos, pois Washington não participou de todos os jogos do furacão na competição). Restando tão somente 5 jogos para o encerramento da temporada, a marca Record de Dimba, com 31 gols (maior número de gols marcados no campeonato brasileiro) poderá e deverá ser batida.Conseqüentemente, será o artilheiro do Brasil em 2004 (feito já alcançado por Kleber e Alex Mineiro, não tão por acaso, em 2001 – ano do primeiro título da primeira divisão do campeonato brasileiro). Igualmente, deverá ser o chuteira de ouro da Revista Placar, além de correr o risco de levar também a “bola de ouro”, como o melhor jogador da competição.
Washington chegou como quem não quer nada no CT do Caju. Ainda me lembro daquele grandão com uma carteira de couro que não se leva no bolso, carregando embaixo do braço, caminhando pelas dependências do CT. Era quase um peixe fora dágua, pois corria o campeonato brasileiro de 2003, com os jogadores do furacão em plena atividade, lutando para não figurar na zona de rebaixamento e chegando nas posições intermediárias no certame. Quem diria que aquele discreto jogador, que tem em seu currículo uma passagem de 10 jogo pela seleção brasileira, com 03 gols, iria chegar onde se encontra, em tão pouco tempo? Realmente é uma façanha digna de um Constantino Constantini, que, constantemente, acreditou na recuperação do atleta e o Atlético apostou no trabalho dos dois. Do cardiologista e do jogador. Uma aposta que, se fosse feita numa corrida de cavalo teria sido facilmente classificada de “azarão”.
No no futebol não é bem assim. E o trabalho dar lugar ao acaso. A competência se estabelece e os resultados são conquistados, quando se acredita e se trabalha para se chegar no objetivo. E Washington passou a ser show. Não apenas um goleador, mas o próprio símbolo desta equipe que está no caminho certo para conquista o segundo título nacional para o Atlético. Capitão, artilheiro e melhor jogador (desde a contusão de Dagoberto), Washington passou a ser WaSHOWton, pois a torcida lota a arena da baixada, sabendo que, com Washington em campo, é emoção na certa. Jogadas sensacionais. Gols. Muitos gols.
E haja coração!!!