O colunista Ricardo Campelo descarta os cálculos que prevêem "números mágicos" para a conquista do título. Confira a opinião dele:
Doze Pontos
por Ricardo CampeloQualquer projeção neste momento é furada. Não existe número mágico para ser campeão. Estabelecer que mais x pontos bastam para o Atlético garantir o título é desconsiderar a hipótese de que o Santos (e talvez os demais candidatos) pode perfeitamente vencer suas quatro partidas restantes (contra Paysandu, Grêmio, São Caetano e Vasco).
Lembro-me (sem detalhes, confesso) de um campeonato em que o festejado matemático Oswald de Souza estabeleceu números mágicos e acabou impiedosamente desmentido pelos fatos supervenientes. Daí a minha preocupação com estas contas que começam a aparecer indicando uma soma suficiente para a Taça.
Acrescente-se a isso o fato de que o fator psicológico é preponderante nesta reta final. Vale lembrar que, há poucas rodadas, tivemos tropeços que abalaram bastante nossa confiança, gerando uma cadeia de quatro jogos sem vitória. Bastou voltarmos à liderança isolada, dependendo apenas de resultados próprios, para a confiança voltar com tudo e retomarmos o rumo do bom futebol e das vitórias. Com o Santos, foi o inverso. Enquanto esteve na liderança, ainda que dividida, o time da Vila estava com a moral e a confiança em alta, jogando bem, pela boa. Bastou ser ultrapassado pelo Furacão para entrar em uma turbulência, com queda de produção e uma conseqüente dificuldade para vencer jogos fáceis (1 x 0 no desinteressado Coritiba, por exemplo).
Não podemos devolver este bastão para o Santos. Qualquer tropeço nosso transferirá ao time praiano o privilégio de depender apenas de si próprio, acompanhado certamente de uma enorme motivação para vencer as partidas que restarem. Que nossa comissão técnica não aceite a idéia de que temos gordura para queimar, pois sempre que entramos nessa, acabamos realmente queimando estas sobras. Se temos alguma vantagem, não é para queimar, e sim para manter, e isso é que nos garantirá o título.
Alheio a essas composições aritméticas, o Atlético deve manter-se concentrado em fazer, nas próximas rodadas, o que fez nas últimas quatro: vencer. A todo custo, vencer. Jogando bem ou não, vencer. Com mais doze pontos, sim, ninguém nos tira a segunda estrela dourada!
Moral
Mudando de assunto, um questionamento: um torcedor que comemora a derrota do próprio time terá, algum dia, moral para cobrar de seus jogadores raça e amor à camisa?
Ricardo Campelo é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.
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