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4 dez 2004 - 0h37

Viciado em Atlético

O cenário é uma sala típica, daquelas onde algumas pessoas se reúnem para auto-ajuda, tipo associação “com algum distúrbio” anônima, e a frase que está no ar para aquele círculo de cadeiras com pessoas para responderem coisas do tipo “Conte sobre você, e a partir de quando você começou a sentir que isso estava acontecendo?”

-Senhores, senhoras presentes, doutora, eu vou contar esta minha história, e fazer minha “mea culpa”. Vou contar a trajetória de como isto aconteceu e vem acontecendo, e neste domingo será mais um capítulo desta sina que venho atravessando ao longo destes anos (maraviiiilhooosos).

-Esta história se mistura um pouco comigo e também com, hoje, milhões de pessoas, pois dizem isto já virou TOP OF MIND pela terceira vez consecutiva, ou seja, o Atlético Paranaense não sai mais da cabeça das pessoas, e pelo visto, a epidemia tá pegando e se espalha rapidamente, coisa de desesperar a Organização Mundial da Saúde em 2005. Pois a variante BI começa neste domingo, e é avassaladora doutora(!)… senhores presentes.

– Tudo começou, quando nasci, em Curitiba. Só alguns anos mais tarde meu pai confessou um dia que ele era o único atléticano dos seis irmãos dele….pois meu avô paterno…. tá bom… eu tenho mesmo que dizer isso doutora?… Meu avô era… e meus tios são…. ervilhas (Neste momento tive que conter o choro, mas agüentei firme).

-Bem…sniff… estou bem… sniff e aí…lembro que eu… ainda muito pequeno… uma das primeiras recordações que tenho… é lá pelos idos dos anos 70, lembro de meu pai um dia com uma faixa RUBRO-NEGRA na cabeça, com um bambu enorme pendurando a maior e mais bonita bandeira VERMELHA-E-PRETA que já vi na vida e ele extremamente eufórico… acho…dizia um nome… SICUPIRA… mas só sei que fiquei maravilhado com aquela cena, está aqui… gravada.

– Não doutora, parece que um certo tempo isso passou, meu pai parou um pouco. Mas lembro que durante uma época, que hoje jura de pé junto que não, meu irmão mais velho… então adolescente… tinha uma toca verde e branca, uma coisa nojenta… e falou de uns campeonatos paranaenses de sei lá o que. Mas eu já sabia que eu não gostava daquilo, meu sangue já se irritava com aquelas cores xochas, entende… xocharada.

-Acho que foi quando era adolescente… ou pré-adolescente, enfrentei a fase da afirmação, sabe como é, do caráter, da índole… eu confesso tive simpatia, ou torci um pouco, hora para o Inter do Falcão, hora para o Grêmio, pois este ia conquistar um título mundial para o Brasil… por vezes simpatizei pelo São Paulo, também por que disputou mundiais, pelo Corinthians, sei lá porque, até pelo outro Atlético, aquele do tempo que a TV não era colorida. Simpatizei até pelo Flu bi-rebaixado, pois tinham um dupla infernal, WHASHINGTON e ASSIS. Assim desgostava do Mengo do Zico… é que um dia ganhara um jogo do CAP em 83, mas fui a favor quando disputou seu mundial também. Enfim, sou brasileiro, sempre que um time nos representa (menos o santos e os catarros verdes), sou a favor dele… e da seleção brasileira, pois amo meu país, claro.

-É gente, me deu um branco, um dia vi que gostar de mais de um time é coisa de gente de estados que não tinham time para torcer, como eram os catarinas antigamente, ou era de gente do interior, tipo Londrina… não Cascavel (eu morei lá um ano (sic)), que é gente nossa.

-Mas vi que não gostava no fundo de nenhum outro além do CAP. Isso mesmo, me afirmei, ainda na infância e vi que o meu time, é tão somente o único time que torço (amo)… é o CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE, o CAP, o FURACÃO. O resto é o resto… aqui ou nos outros estados, e é tudo freguês.

-Piorou depois. Acontece que eu nunca tinha ido até então em estádios de futebol, pois contavam-me lendas de violências, maus tratos, brigas, chingamentos… até copos de xixi arremessados entre torcedores do mesmo time!!!. Mas acompanhava pela televisão, o máximo que podia do CAP. Gozado dessa época lembro de alguns nomes como NIKITA, ROBERTO COSTA…CALDEIRÃO DA BAIXADA… era isso… que algo faltava na minha vida… eu tinha que ir a um estádio de futebol… tinha que ver com meus olhos o que era aquilo…e isso aconteceu a primeira vez, meus caros, somente naquele jogo do atletiba, do REGINALDO “cachorrão”, do VARLEY ainda menino, do “Regis eu te amo”, aquele que ele chuta o pênalti para fora… e que beleza fomos campeões em cima dos ervilhas emboloradas, e senti que precisava de doses mais fortes de CAP nesse dia.

– E ainda, acabei envolvendo mais gente nesta história. Coincidentemente, minha esposa diz ter estado naquele ATLEtiba, a gente ainda nem se conhecia, coisa de destino… e meses depois nos conhecemos e o hoje estamos casados. Apesar, de ela ser catarinense (a minha teoria estava certa) e torcer pelo RUBRO-NEGRO carioca ela torce também pelo CAP. Me controlo, as vezes tenho simpatia pelo Fla, pois depois daquele incidente com o Ricardo Pinto quero ver o Fru bi-rebaixado sempre no buraco.

– Sofri influência de más companhias sim. Outros que consumiam coisa diferente. Mesmo bem antes de ir no estádio do Pinheirão ver aquele jogo “regis eu te amo” lembro de uma frase do meu primo, coitado que é paranalelista (vive equilibrando na linha paralela da segunda-divisão) “Puxa você tem que conhecer a torcida do AtléticoPr… é a mais vibrante, a melhor do estado, é incrível, independente da situação da partida sempre empurra o time para frente. Olha sendo paranalelista sei que não dá para jogar contra vocês no seu estádio, é um sufoco, pois a torcida não pega no pé do próprio time, mesmo se momentaneamente estiver perdendo!!! E empurra o time para cima e para a vitória”. Gente isto foi dito por alguém que tem uma história diferente, viciado em outras coisas, pois o pai do meu primo era Colorado.

– Então fui atrás de novas doses e experiência… quando inaugurou a nova Arena, não resisti outra vez… fui conhecer. Sem saber sentei do lado da curva inferior da Buenos Aires e ao meu lado… meu Deus(!) que torcida era aquela, a TOF, e a ULTRAS… “os diferentes”. Que vibração, que energia, que contagiava o estádio inteiro. Mas a TOF era uma coisa empolgante!’

– Era isto que queria… e quero na minha vida, eu sabia, somente um time como o CAP podia ter um torcida POSITIVA como aquela, e lá embaixo um time do quilate de LUCAS, de KELLY, uau viciei mesmo.

– E por falar em time, logo depois venho a fase GUSTAVO, KLEBER, ALEX MINEIRO, até aquele goleiro bom que está nos paranalelistas.

– Não doutora, eu não ando com a TOF, não sou filiado da TOF, mas amo esta torcida pelo jeito dela ser, eu também amo todos os torcedores inteligentes do CAP, e até suporto os eternos corneteiros que gritam o tempo todo para tirar fulano, xingam sicrano durante o jogo e coisa e tal .

– Mas no geral adoro toda a torcida do CAP que sei que é inteligente, com diz Luís Fernando Verissímo, a torcida mais escandinava do Brasil, com mulheres lindas, uma torcida que adora o FURACÃO como eu adoro. –

– Não doutora, não compreendo as rixas entre a diretoria e a organizada, mas entendo alguns pontos. Porém, sei que quando a TOF não está em um bom dia impera o cornetismo. A diretoria deve estar gaga e não gosta mais de barulho. Barulho em estádio incomoda uns dois ou três só.

– Sei que o WHASHINGTON é o nosso coração valente, JADSON, FERNANDINHO, ALAN BAHIA e DIEGO, até o William os nossos galácticos… que vão conquistar o bi-campeonato temos que torcer unidos com aquele velho espírito da torcida positiva o tempo todo, do tempo daquele jogo contra o Corinthians de Marcelinho Carioca e que perdíamos de 2 a 0 no primeiro tempo, e o presidente da TOF, em um cena memorável, sobe no balcão de uma lanchonete no intervalo e grita “gente, nosso time tá perdendo… agita povão, aqui é o CALDEIRÃO… ao que a torcida respondia “não é mole não, o presidente tá pedindo pro povão… AGITA POVÃO AQUI É O CALDEIRÃO”.

-Foi coisa linda, fomos lá e empatamos em 2 a 2, de um time que era superior ao nosso naquela época.

– Enfim, a partir daí, fui inúmeras vezes colocar na veia o meu vício desde então. Sentei em vários lugares do estádio, mas sempre que pude estive ao lado da TOF, apesar de meus colegas as vezes gostarem de ficar no lado da Madre Maria, ou na Getúlio Vargas… mas desta vez quando fui comprar os ingressos… tudo lotado… somente alguns na curva da Buenos Aires inferior, ao lado da TOF.

-É o destino unido ao meu vício. E estarei fornecendo CAP para amigos que se mudaram para Curitiba, pois querem conhecer a Arena… acho que teremos mais pessoas viciadas em CAP…pela contagiante TOF, pelo torcida toda… agora, consciente ou inconscientemente também sou… um traficante de paixão pelo CAP… Mas uma coisa é certeza… vou torcer muito, vamos torcer muito, vamos ser positivos, vamos ganhar do São Caetanto, e vamos viciar mais pessoas em CAP na variante BI. BI-campeonato… solte o grito da galera…BI-CAMPEÃO…

-E aí doutora? …a tá … não tem, não tem cura… EU JÁ SABIA.

P.S. Também estou viciado no site furacao.com, não consigo ir dormir sem ler uma notícia e a coluna Fala, atleticano, por isso não resisti também em escrever. Em tempo, conversa entre os 3 zagueiros do CAP aos 24 minutos do segundo tempo no jogo do Grêmio: -“Ai que tédio… que vai fazer Domingo? Nada?… então vamos lotar a Baixada, deixe esse passar” o resto nós sabemos.



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