7 dez 2004 - 16h08

Opinião de Ricardo Campelo

O colunista Ricardo Campelo fala sobre a próxima partida do Atlético, contra o Vasco da Gama no Rio de Janeiro.

Fator Psicológico: Até que Ponto?
por Ricardo Campelo

Não sou a pessoa ideal para falar sobre fator psicológico neste momento, pois o "meu psicológico" anda muito abalado com a iminência do bicampeonato. Mas mesmo assim vou deixar meu pitaco sobre os fatores que circundam a partida em São Januário.

Muito está se falando que o Vasco será um adversário difícil por estar fugindo da zona de rebaixamento. E que, por isso, jogaria com mais motivação, dificultando as coisas para o Atlético.

Não penso exatamente assim. O Vasco encontra-se nesta situação em razão dos seus maus resultados ao longo do campeonato. E esses resultados não podem ser creditados à falta de motivação, mas à ausência de uma maior qualidade em seu time. Da mesma forma, o Atlético alcançou o topo da tabela em razão da qualidade do time que formou.

Não nego que a obrigação de vitória gera uma motivação que pode influenciar na atuação dos jogadores. Porém, não é o que deve prevalecer no caso desta partida. Isto porque, se de um lado o Vasco tem a motivação de fugir do rebaixamento, do outro está o Atlético brigando pelo título, uma motivação muito maior, convenhamos.

Ou seja, não é o fator motivacional que deve decidir esta partida, mas sim a parte técnica. Neste caso, basta ao Atlético manter o que fez durante todo o campeonato. E que Levir resista à tentação de escalar William, e deixe a vaga de Jádson, suspenso, para quem mostrou jogar tudo como meia-ofensivo: Fernandinho.

Vergonha

Do ponto de vista jurídico-desportivo, a punição imposta ao São Caetano é uma vergonha. Reitero que entendo como um absurdo transformar, forçosamente, um erro médico em uma falha legal que ensejaria a punição com perda de pontos da partida.

O erro há de ser punido na esfera cível e, talvez, penal. Absurdo é o STJD continuar inventando motivos para minimizar resultados formados dentro de campo. Mais uma vez, o torcedor, e agora os jogadores, são feitos de palhaços.

Bom para o Santos, que pela segunda rodada seguida enfrentará um adversário sem pretensões no campeonato. É bom que o Atlético vença seus compromissos, e não conte com o resultado da partida do Anacleto Campanela.

Jornalismo Sério

Como é bom ver que, em meio a um mar de pulhas, mercenário, e jornalistas sem a menor qualidade, ainda há jornalismo sério e qualificado no Brasil.

O programa Linha de Passe, de ontem, na ESPN, foi um bom exemplo disso. Enquanto muitos ainda insistem em chorar sobre supostos lances em que o Santos teria sido prejudicado pela arbitragem, os bons jornalistas apresentaram uma visão bastante elucidativa sobre a questão. Milton Leite foi categórico: "Só se fala tanto sobre esses supostos erros pois o Santos é um time de maior projeção, e Wanderlei Luxemburgo é um técnico que todos ouvem com atenção. É provável que o Atlético Paranaense também tenha muitos erros dos quais reclamar, mas não há toda essa repercussão como há para o Santos".

Gratidão

Não posso deixar de elogiar o comovente e preciso texto do colega Juarez Vilella Filho sobre a gratidão que devemos ao Atlético. Faço minhas as palavras deles. Com apenas duas ressalvas:
1) Mário Celso e Fleury realmente merecem todos os elogios. Mas incluo entre seus erros, além da proibição dos adereços da torcida, a majoração brusca do preço dos ingressos, que só foi corrigida pela intervenção do Judiciário.
2) Um campeonato cujo campeão teve saldo de gols negativo (o único na história do futebol mundial) não pode ser qualificado como "incontestável", em hipótese alguma.

Ricardo Campelo é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.

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