Paixão sem limites
Até que ponto vai a paixão de um torcedor pelo Atlético? Certamente, muitos dirão que não há limites. São horas de espera na fila para garantir ingresso, momentos de ansiedade e nervosismo antes de o jogo começar e inúmeros sacrifícios para assistir a uma partida do Furacão. Tudo em nome da paixão pelo Clube Atlético Paranaense.
Um bom exemplo disso é o caso do torcedor Diogo Santos, 26 anos, que, após constatar o grande número de atleticanos em Guarapuava, entrou em contato com o marketing do Atlético para fundar um fã-clube rubro-negro na cidade. Diogo explica as prioridades do grupo, que hoje já conta com mais de 400 pessoas. "As primeiras idéias que colocaremos em prática dentro das possibilidades e com o aval da diretoria do Atlético são cadastrar torcedores de Guarapuava; organizar visitas ao CT do Caju; organizar excursões para assistir alguns jogos do Atlético fora de Curitiba; realizar promoções e eventos como jantares, sorteios de produtos do clube e o melhoramento da Escola de Futebol dentro da cidade". Diogo garante que no início de 2005 realizará um jantar de confraternização que vai contar com a presença de jogadores e da diretoria, cujo relacionamento, segundo ele, é ótimo. "Ainda mais porque o atual presidente do Atlético tem família em nossa cidade".
A paixão de Diogo pelo Atlético começou cedo, quando ele foi morar ainda criança em Curitiba. Porém, quis o destino que ele retornasse a sua cidade natal. Em 1995, o estudante acompanhou a conquista da Série B e, desde então, sempre que possível viaja para ver os jogos do Furacão na Arena da Baixada. Aliás, emoção é o que não falta para o guarapuavano, que garante não ser daqueles torcedores que só freqüenta ou fala do Atlético quando o time está ganhando. "Como um bom e sofredor rubro-negro, mesmo ganhando, mesmo perdendo, sou rubro-negro de coração", diz, parafraseando um dos hinos entoados pela torcida atleticana. Porém, nem sempre ele pode estar nos jogos do Furacão na Arena, fazendo com que acompanhe as partidas em uma lanchonete perto de sua casa. "No começo éramos uma meia dúzia de torcedores que se reuniam para ver os jogos, mas resolvi inovar e fazer dali um reduto rubro-Negro".
Euforia
Para o jogo contra o São Caetano, Diogo esperava muitas emoções e, por isso, sua noite de sono se resumiu a apenas 3 horas, "o que bastava para um dia de lágrimas, sofrimento e principalmente alegria", segundo ele. Por ser responsável pela organização da excursão de Guarapuava, Diogo acordou cedo e desde às 7 horas já estava com o Atlético na cabeça. Saiu de Guarapuava por volta das 9 horas e chegou à capital ao meio-dia, com muita animação dos integrantes do fã-clube, alguns já roucos de tanto cantar os hinos do Furacão no trajeto até a capital. Depois de distribuir ingressos à sua turma, Diogo começou a concentrar as suas energias para a partida. Por volta das 15 horas ele entrou no estádio e, como de costume, antes de se dirigir ao setor, fez uma oração.
A partir dali, os sentimentos se dividiam entre alegria e sofrimento. Vendo o time terminar o primeiro tempo atrás do placar, Diogo relembrou o ano de 2001. "Naquele ano foi assim, começamos perdendo e no segundo tempo jogamos para esse lado e terminamos ganhando por 4 a 2", torceu. Na etapa final, Diogo comentou que o time adversário havia esquecido da principal arma do Atlético em qualquer lugar: a sua torcida. "No gol de empate eu senti no meu coração rubro-negro que iríamos virar. Não há palavras para definir este momento, de ver o estádio todo gritando o mesmo hino, sentindo as mesmas emoções. Só sendo atleticano mesmo para sentir isso". Após ver o Atlético golear e encantar a todos, Diogo ficou até às 18h45 nas dependências da Arena comemorando com seus amigos mais uma vitória do Furacão.
A jornada de Diogo terminou às 19h15, num clima totalmente rubro-negro contagiando a cidade de Guarapuava. Até mesmo na hora de se deitar, sua mente ainda estava focada no Atlético. "Meu coração batia: Atlético… Atlético… Atlético… Atlético…", conta com entusiasmo de torcedor.
Confiança rubro-negra
Entrevistados pela equipe da Furacao.com numa lanchonete próxima da Arena, muitos torcedores deram seus palpites a respeito da partida entre Atlético e São Caetano. "Vai ser um jogo muito difícil. Acho que o São Caetano vai vir fechado e apostando no contra-ataque. O jogo não vai passar de um gol de diferença", afirmou o designer Thiago Henk. Já o atleticano Norberto Reis Amatnecks Filho estava bem mais confiante. "Vai ser complicado. A minha torcida é de que o Atlético faça logo uns três gols. Estou muito confiante, pois esse negócio de nuvem passageira ninguém engoliu direito. O empate com o Grêmio fez com que muita gente ficasse desconfiada do Atlético, mas o meu palpite é 3 a 0".
Jogo comprovou que o Atlético tem a mais bela torcida do país (foto: Pron)
Já para aqueles atleticanos que acamparam em frente à Baixada para garantir um ingresso para a partida, a expectativa era de que o maior sofrimento já tinha passado. É o caso da estudante Clarissa Pereira, 21 anos. Ela conta que madrugou em frente ao Caldeirão na quinta-feira, um esforço que vale a pena quando o assunto é o Atlético. "Fazer tudo isso que eu faço pelo Atlético me faz bem. O cansaço existe, claro, mas meu coração está feliz e é isso o que importa", disse. Mesmo reconhecendo que o jogo seria um dos mais difíceis para o Furacão, ela tinha certeza da vitória. "Para nós, torcedores, o pior já passou. Vamos vencer por 3 a 1, com dois gols do Washington e um do Marinho", previa.
Outro fanático que também passou algumas horas na fila para garantir o ingresso foi o estudante Eduardo Caballero, 19 anos. "Enfrentei muita fila, apesar de não ter comprado o meu ingresso na Arena, mas em outro ponto de venda. Por sorte achei alguns amigos e consegui comprar tranqüilo". Na opinião de Eduardo, a quantidade de ingressos destinados à torcida atleticana é muito pequena. "Estamos vendo que a Baixada está pequena para a nação rubro-negra". Ausente em somente dois jogos do Atlético na Arena, Eduardo não via a hora de o jogo começar. "Espero um jogo bem nervoso. Acho que o Atlético vai ganhar no detalhe, numa bola parada, cobrança de falta ou escanteio, algo assim. Aposto em 2 a 0", afirmou o estudante, que nesse campeonato viajou para acompanhar o Atlético contra o São Paulo, Corinthians, São Caetano, Atlético-MG e Figueirense.
Mas ninguém chegou tão perto de acertar o placar da partida quanto o advogado Fábio Kaiut, 28 anos. Para ele, que disse não ter outra emoção maior do que ver o Atlético na Arena, o jogo ia ser fácil. "O São Caetano precisa vencer, então eu acho que eles vêm para cima e vão levar uma sacola. Meu palpite é 4 a 2, para repetir 2001". As previsões de Fábio quase deram certo. O que ele "esqueceu" é que este ano os atleticanos querem repetir 2001 com um algo a mais: um gol a mais de Denis Marques (fechando o placar em 5 a 2) e uma estrela dourada a mais no peito. Depois do eletrizante jogo de domingo, ela está bem mais perto da Baixada.
Reportagem: Patricia Bahr e Monique Silva, do conteúdo da Furacao.com