Hasta la Libertadores

Nesta hora difícil, para quem não tem à sua disposição um grupo de mútuo auxílio ou um divã de algum bom profissional na área da psicanálise, resta este precioso espaço democrático colocado à disposição dos bons e sofridos atleticanos. Portanto, pretendo utilizar esse espaço por pouco tempo, convidando-os a divagar comigo.

Foram perdidos pontos preciosíssimos no início do campeonato com todas aquelas “briguinhas” entre a diretoria e parte da torcida. Enquanto alguns dirigentes de outros times faziam promoções mirabolantes para atrair seus “ariscos e ressabiados” torcedores ao estádio, a diretoria atleticana dificultava o acesso à Arena. Criou-se uma elite dentro de uma própria elite – elite privilegiada desse país -, que “ainda” consegue comprar ingressos para jogos de futebol e de vez em quando, para uma peça teatral. Incluo-me nessa privilegiada elite, mesmo que eu esteja quase sendo expulso dela, mas por enquanto, ainda faço parte dela. Essa manobra da diretoria custou caro. Nesse cabo-de-guerra só quem perdeu foi o Clube Atlético Paranaense.

Esperar que o Vasco crie algum obstáculo para o Santos é a mesma coisa que sonhar que se conceda um “habeas-corpus” para o Sr. Saddam, no sentido de que ele possa responder ao processo em liberdade, ou ainda, acreditar, que Osama Bin Laden aceite o Programa Nacional de Proteção às Testemunhas do Governo Brasileiro, desembarque em Foz do Iguaçu e entregue-se à justiça internacional, ou ainda, que entregue-se aos fuzileiros navais norte-americanos, com a promessa de que eles não o estuprariam na primeira oportunidade que se encontrassem longe das câmeras – dos jornalistas, não dos outros soldados – em qualquer prisão tutelada pelos valentes e tarados soldados do Bush.

Mas, como disse o poeta: “Ainda resta uma esperança”. Pode ser que a goleada do Santos não seja assim tão grande.

Nesse ano muitas coisas aconteceram. Algumas boas, outras ruins e outras muito ruins. A aposta em cima de Washington foi espetacular. Pena que não houvesse sido feito um contrato com prazo de duração maior para que o retorno fosse melhor ainda. Washington merece ser feliz. Será sempre lembrado por nós com muito carinho. Tomara que fique entre nós por mais algum tempo, mesmo que isso seja difícil de acreditar. Sonhar não fará mal nenhum. Nosso Dagoberto é um menino de ouro. O bom Jadson vai nos dar muitas alegrias, se conseguir assimilar seus erros e procurar não praticá-los novamente. Ele sabe do que estou falando. Fernandinho então, esse é peça raríssima. Logo estará na seleção principal. Ele é o jogador que tanto procuram.

Tem-se porém, que dar um jeito no pessoal do sótão – como disse o Carneiro Neto -, para que o pessoal do restante da casa possa ser feliz, sem medo, sem sustos e sem assombrações.

O ótimo dirigente Sr. Petraglia, deve retornar ao fundamental, retornar às origens de bom e fanático torcedor atleticano, voltar a ser aquele torcedor, que ficava no meio do povão, que subia no caminhão dos bombeiros para “xingar a coxarada”.

Lembro-me muito bem dele, assistindo jogos no Couto Pereira, no meio da torcida, no meio do povão. Hoje, acho-o um tanto distante. Isso aconteceu desde que tornou-se “usucapiente do Pombal”. Bem que poderiam pôr abaixo aquele “pombalzinho”.

Nosso bom técnico Levir Culpi ajudou os meninos a resgatar o amor próprio, a auto-estima. Tomara que ele faça um bom trabalho no Cruzeiro. Tomara que ele seja vice e que o nosso Atlético, com o jovem e talentoso técnico Chamusca, seja campeão.

Alguns jogadores, nada contra eles como cidadãos, como homens, mas referindo-me a eles como atletas, com todo o respeito, mas infelizmente, não têm condições de vestir a camisa atleticana. Não por falta de vontade, amor, garra, mas por absoluta falta de condições técnicas. Coincidentemente, quando algumas coisas ruins nos aconteceram nesse ano que está findando, sempre eles estavam por perto. Tomara que Bruno Lança, William, Davi, Rogério Correia, Ivan, Pingo, Raulen, Ronildo e outros mais, sejam muito felizes em outros clubes. Tomara que consigam o 2º lugar nas futuras competições e que o nosso Atlético seja campeão.

Ah! Jadson, por quê você fez aquela falta violenta no jogador do São Caetano?

O Sr. Eurico Miranda estava morto, prestes a ser enterrado, por quê então foram desenterrá-lo? Isso foi um “prato cheio” para ele, principalmente para fazer média com a torcida vascaína. Para se ter uma idéia, ouvi de um torcedor atleticano, chamado Luis, um bom menino, prestes a se formar em engenharia civil, uma declaração de admiração pelo Sr. Eurico como presidente do Vasco, dizendo-me que gostaria de ter um presidente como ele no Clube Atlético Paranaense. Não concordei e prontamente mostrei-lhe a grande diferença entre o Sr. Petraglia e o Sr. Eurico Miranda. Mostrei-lhe que ele estava falando uma grande bobagem e não precisava ser nenhum “expert” em coisas do futebol para provar-lhe que tenho razão. É só constatar o atual estado do Vasco e as suas reais perspectivas para o próximo ano. Mas, por quê foram ressuscitá-lo? Ele estava morto. Colocaram um monte de mísseis mortíferos em suas mãos. Agora é contar as horas e os minutos para que a grande farsa se concretize e o ato final, com o Santos Bicampeão, desfeche-se de maneira tragicômica, e a peça que se iniciou em Erechim tenha finalmente, o seu terceiro ato.

Não seria necessário esse jogo no interior de São Paulo. Deveriam entregar a taça para o Santos antecipadamente, com direito à volta olímpica, todos abraçados com o Sr. Eurico Miranda, e ele, discursando em cima de algum palanque onde passem muitos torcedores e amigos do Santos. Sei porém, que na hora certa, no momento certo, o Sr. Petraglia e toda a nação atleticana saberá dar o troco a esse fanfarrão.

O saldo desse ano foi fantástico, comparado com o do ano passado. Faltou-nos banco para fugirmos do “quase”. Temos a Libertadores para o próximo ano com grandes perspectivas de não repetirmos os mesmos erros. O Atlético atingiu um patamar extraordinário. Não devemos regredir, mas, não somente através de discursos, falácias, frases feitas. Fui assistir ao jogo de decisão do campeonato junior contra o Irati e confesso que fiquei assustado com o baixo nível da equipe. Alguma coisa está errada ou já não se fazem mais craques como antigamente. Jogo horrível, time sem conjunto, sem craques, um amontoado de jogadores correndo desesperadamente sem sentido algum, sem função, com “chutões” para todos os lados. Foi um martírio. Havia um jogador muito bom no Irati. Ele tinha a camisa 10, “prá variar”, camisa 10. Ah! que saudades do Pelé, Rivelino, Tostão, Gerson, Clodoaldo (volante), que colocou a Itália “prá bailar” no meio-campo. Deixemos de saudosismo e voltemos à nossa dura realidade.

Existem três espécies de dirigentes: Uma que não fica na ponta de cima e tampouco na ponta de baixo. É apático. Nesse grupo estaria o Sr. Gionedis. Na outra, ponta, na de cima, está o dirigente com perfil europeu. Ele é frio, pensa muito, planeja, viaja com freqüência, pesquisa, estuda bastante, mas fica muito distante do coração do seu time, fica longe da massa, fica longe dos verdadeiros donos do time. Nesse perfil, poder-se-ía encaixar o Sr. Petraglia. Diferente desses dois perfis, há o dirigente bonachão, o fanfarrão, aquele que levanta a bandeira do seu time, mistura-se com a massa, veste a camisa, faz coro com a torcida organizada, vai à frente entoar gritos de guerra. Nesse tipo, encaixa-se o Sr. Eurico Miranda. Confesso que não gosto de nenhum desses perfis que coloquei aqui. Gosto de dirigentes que tenham todas as qualidades desses três tipos, mas que não tenham os defeitos que esses três tipos possuem. Sei que o meu amigo Luis, estudante de engenharia, que viajou com a Fanáticos mesmo sem fazer parte dessa maravilhosa torcida e voltou impressionadíssimo com a organização dela, prefere sem nenhuma restrição, o Sr. Eurico, mas eu ainda fico com o Sr. Petraglia. Com toda essa “rasgação de seda”, permito-me pedir a esse notável dirigente: “Amplie suas virtudes e procure eliminar os seus defeito. Volte a ser aquele líder fantástico de 1995”.

Àqueles torcedores que como eu, estão tristes, que ficaram duas noites sem dormir, gostaria de dizer-lhes, que isso é apenas o começo de uma grande caminhada. Daqui para frente, em todas as competições que disputarmos, estaremos na linha de frente, lutando pelos títulos, conquistá-los, e para tal, bastará apenas que cada atleticano faça uma análise honesta e sincera, para ver em quais pontos falharam e que todos nós, procuremos abdicar de picuinhas, pensemos apenas no bem comum, no bem geral, pensemos sempre no melhor para essa extraordinária força chamada CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE e “Hasta la Libertadores”!