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15 dez 2004 - 10h00

Memórias póstumas de São Januário

Muita gente ouviu no rádio e na televisão. Muita gente viu nos jornais. Mas eu estive lá, comi o pão que o diabo amassou, e aqui estou para relatar a vocês os fatos de domingo, no fundo do poço do futebol brasileiro (São Januário).

Era um domingo tranqüilo. Nosso vôo foi legal, trocando idéias com outros atleticanos, alguns sozinhos, sem ingresso, aventureiros… Ao chegar no Rio, um sol radiante às 11 da manhã nos animava, e após um belo almoço, nos dirigimos de táxi a São Januário, lá chegando por volta de 14:30.

Logo na chegada, percebi que a polícia estava chegando junto conosco. Viemos seguindo a caravana da PM carioca. Primeiro erro: a polícia chegar no estádio ás 14:30 foi uma palhaçada. Já havia cerca de 15 mil pessoas nos arredores do estádio. O clima era evidentemente tenso. Filas longas, ruas tomadas, grupos exaltados de torcedores vascaínos.

Para não sermos surpreendidos, já que nossos mantos sagrados rubro-negros estavam em nossa mochila, dois do nosso grupo compraram camisas falsas do Vasco por 10 reais num camelô, e andamos à procura da entrada de visitantes. Após encontrarmos uma porta, minúscula, a de número cinco, sem qualquer sinalização, notamos que nossa entrada era ali. Ridículo! Menor que a porta de minha casa! Com ingresso na mão, e sem as camisas do Vasco, fomos à catraca, e não pudemos entrar. Motivo: “seu ingresso é para o lado do Vasco, aqui vocês não entram!”. Pasmo, tentei argumentar com o bilheteiro que compramos o ingresso para visitante ali no Rio, com vários dias de antecedência, e vínhamos de Curitiba. Não conseguimos entrar. Tentamos dar a volta e entrar pelas catracas vascaínas, mas o tumulto era tanto, que resolvemos tentar de novo após uns dez minutos. Desta vez havia uma pequena fila de atleticanos. Entramos, o ingresso não foi para a máquina (foi para a mão do bilheteiro) e lá estava eu, dentro do chiqueiro, com uma lata de 450 ml de cerveja na mão!! Passei pela revista com uma lata (grande) na mão. Sorte nossa, pois muitos amigos tiveram que subornar os bilheteiros com os mesmos ingressos na mão. Lá fora, alguns ônibus fretados e vans foram mal escoltados pela PM, e houve troca de tiros e pedras contra os atleticanos, que impotentes, deitavam no chão dos veículos.

O jogo começou, com uma pressão violenta da torcida vascaína. Gritavam alto. E nada da Fanáticos. Foi quando uns telefonemas de Curitiba esclareciam que estavam parados a 8 km do estádio, pela mesma polícia. Lamentável!!! Não tinha PMs o suficiente, nunca para a quantidade de pessoas ao redor do estádio. Vi atrás do gol dos fundos um muro cair e cerca de 500 torcedores invadirem o estádio, e irem para a arquibancada. Guardas assistiam à cena…

Sobre o jogo, dou apenas um detalhe: a Fanáticos chegou aos 17 minutos do segundo tempo. Durante 4 minutos, calou São Januário. Quem lá estava, viu. Eles ficaram silenciosos com a chegada de nossa torcida organizada, que reuniu forças do nada para empurrar o Furacão nos minutos restantes de jogo. Mas pena que aos 21 minutos saiu o gol, que associado à tristeza com o ocorrido na entrada, criaram o clima fúnebre pro nosso lado. Um idiota com a camisa dos verdes agitava a social, a alguns metros e uns 2 PMs de distância de nossa torcida. Sorte que a coisa acalmou e não houve tragédia maior.

Saímos aos 40 minutos do segundo tempo, convencendo um bilheteiro e um único PM a abrir a porta, já que faziam um churrasquinho ao lado da mesma… Lá fora, o caos total. Milhares de Vascaínos, comemorando como se fosse o título, gritavam e pernambulavam pelas redondezas. Sorte que não fomos reconhecidos, à paisana. Tomamos um táxi, voltamos ao aeroporto e por fim, respiramos aliviados. E que essas memórias sejam póstumas, pois nos resta esquecer o que aconteceu e tocar a vida adiante.

POLÍCIA?

O que a pseudo-polícia carioca fez com nossos ônibus foi ridículo. Eles tinham é que ter chegado antes, isolado a área, e escoltado o pessoal 1 hora antes do jogo para dentro do campo. Faltou inteligência ou dinheiro? Deviam aprender com a PM de São Paulo, que nos escoltou até o Parque Antártica sem nos parar em um único sinal vermelho até a porta do estádio. Imbecis…

FANÁTICOS:

Nossa torcida devia aprender. Sair bem antes de Curitiba é uma técnica que deve ser estudada. Chegar em cima da hora, e espalhados, dificultou as coisas. Sem dúvida, devem acionar o governo do estado do Rio pela palhaçada. O major que proibiu a escolta por questões de segurança, ignorou que em plena avenida Brasil, torcedores atleticanos eram alvo fácil pros bandidos no morro ao lado. Deveria ter uma promoção a lixeiro do quartel…

MEDO:

Se eu tive medo, pode ter certeza que o time também sentiu… O clima era de guerra civil, em uma cidade sem lei. Não fomos pra cima do Vasco como deveríamos, e perdemos para um time infinitamente inferior. Houve medo. Faltou coragem.

CONTRADIÇÃO:

Na falta que gerou o gol vascaíno, a torcida gritava o nome de PET como louca. O mesmo PET que calou os vascaínos no maracanã numa final, jogando pelo Flamengo, há pouco tempo. Êta torcidinha de memória curta…

LEVIR:

Num jogo como esse, jogar David no segundo tempo é piada. Não jogou uma única partida no campeonato, e é colocado na fogueira no meio de uma guerra. Ivan como meia-esquerda beirou o ridículo. Morais jogaria sua vida se entrasse jogando, tenham certeza. Mas Levir é um bom técnico, e nos conseguiu muitas vitórias. Merece ficar para 2005.

EURICO:

Provou-se que truculência ganha jogo. Pintou e bordou no estádio. Membros da comissão técnica disseram que após o jogo, ele entrou com 10 seguranças no vestiário do atlético, e disse em alto e bom som: “O campeonato pra vocês termina aqui. Entregaremos para o Santos. Aprendam a respeitar o Vasco!”. Saiu calmamente. Ninguém da imprensa registrou este fato…

STJD:

Se nada acontecer com o Vasco, após invasão de campo, arremessos de latas e garrafas no juiz e nos jogadores do Atlético, saberemos que essa instituição realmente é uma farsa.

DOMINGO:

Iremos à baixada aplaudir nossos guerreiros por um belíssimo ano. Se bobearem, comemoramos o bi, porém, prefiro acreditar em Papai Noel. Nunca que o Vasco fará frente ao Santos. Mas lá estaremos, como sempre…

PACOTE:

Me chamem do que quiserem, mas amanhã estarei na Baixada, de manhã, para comprar o pacote dos ingressos de 2005. O time é bom, e merece essa compra.

RESPEITO:

Se perder o título, o vice-campeonato e a guerra instaurada contra o Atlético provaram uma coisa: estamos no topo do futebol brasileiro. Somos respeitados em todos os cantos do país. E assim deve ser todo ano. Um time que chega. Freqüentador assíduo da parte de cima das tabelas e de torneios internacionais. Sempre.

VERDES:

A reportagem da Gazeta do povo de segunda-feira foi infeliz. A menininha cortando a bandeira do Atlético mostra a que ponto chegou o desespero dos nossos ex-rivais. Resta a eles, com a reforma do gramado do chiqueiro, aplaudir o Furacão na libertadores, enquanto sua comida cresce no solo do acabado Bradescão.



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