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20 dez 2004 - 17h05

Os sete pecados

Quando se perde um campeonato, a primeira coisa que se pensa é “onde erramos?”. Apesar de estarmos orgulhosos com a bela campanha do furacão paranaense, é bom que se diga que fica a nítida sensação que poderíamos ter alcançado muito mais que os 89 pontos do campeão Santos, não fossem alguns pecados que foram cometidos ao longo do certame. A saber:

1. O primeiro deles foi perder na Arena para um time como o Figueirense, por 3 x 0. Ora, não menosprezando o time de Santa Catarina (que ficou com apenas 01 representante do estado, para o brasileirão em 2005 – Criciúma caiu e Avai não subiu), o rubro negro tinha que ter vencido o time de Floripa, em Curitiba. Só com isto, estaríamos com 89 pontos.

2. Mais pior que perder na Arena para o Figueira foi não pontuar contra o rebaixado Vitória. Esta sim, uma derrota sem tamanho. Afinal, o time baiano (que irá juntar-se ao Bahia na serie B) só não foi pior que o Grêmio e a única vez que venceu fora de casa, foi justamente no Joaquim Américo. Com os 03 pontos deste jogo, seríamos o campeão brasileiro, com 92 pontos.

3. Empatar na arena contra o rebaixadíssmo tricolor gaúcho também não foi um grande resultado para o furacão. Afinal, foram 02 pontos que fizeram falta (e muita) na soma total de um campeonato que é disputado por pontos corridos. O Furacão estaria com 94 pontos.

4. E empatar de novo contra o Grêmio (que foi o primeiro a garantir a vaga na segundona em 2005), após estar vencendo por 3 x 0, para muitos foi decisivo. Alguns apontam tal jogo como sendo o exato momento em que o Atlético perdeu o bicampeonato. De uma certa forma têm razão. Afinal, se tivéssemos estes 02 pontos, não importava o jogo contra o Vasco, ainda chegaríamos na frente do Peixe, na última rodada. E se não tivéssemos cometido os pecados anteriores, chegaríamos ao título com 97 pontos (oito a mais que o Santos).

5. A seqüência de jogos inversamente proporcional à do Santos. Quando jogamos contra o Grêmio, no Rio Grande, o time gaúcho jogou o seu “jogo da vida”, pois estava com uma chance mínima de sobrevivência para não cair. E não desistiu, mesmo com 3 x 0 no placar. Lutou e buscou o empate heróico, mas que não o livrou do rebaixamento. Jogo seguinte, contra o Santos, já rebaixado e em São Paulo. Vitória fácil (ou facilitada) do campeão de 2004. Depois, jogo contra o São Caetano, que ainda tinha chances de brigar pelo título. Jogo duro. O time do ABC ainda ficou na frente, mas cedeu à melhor categoria do furacão, num dos melhores jogos do campeonato (repetindo 2001). Jogo seguinte, em São Paulo, contra o peixe. O Tribunal resolve julgar o Azulão e tirar 24 pontos, tirando qualquer chance de briga do time do ABC. Nova vitória do Santos, mais uma vez com caminho facilitado. Veio o Vasco. Mordido pela briga dos dirigentes. E precisando desesperadamente dos 03 pontos, para escapar do rebaixamento. Mais um “jogo da vida” dos adversários. Com um time completo, com Petckovic e cia. Mordendo. Estádio de São Januário lotado. E perdemos a vantagem na penúltima rodada. Jogo seguinte do time carioca, contra o Santos, decidindo o campeonato. Sem qualquer aspiração, jogou sem vontade de nada e sem seu maior jogador. Por fim, enquanto o Peixe pegava, no último jogo o Vasco sem vontade, o furacão enfrentava outro carioca (o Botafogo) em mais um “jogo da vida”, lutando pela permanência na serie A.

6. Muito se falou na ausência de Robinho no Santos, nestes 40 dias. A imprensa (principalmente a paulista) valorizou cada vitória do time de Luxemburgo (que além de ser competente, tem uma estrela enorme) sem o seu maior ídolo. Mas esqueceram que desde o clássico contra o Paraná, no dia 17/10, o time de Levir Culpi ficou sem Dagoberto. Ou seja, há mais de 60 dias. E é inegável que, apesar de Denys Marques ter ajudado o time, o garoto Dagol é muito mais importante para o time e fez falta sim. Principalmente na reta final.

7. O pior de todos os pecados foi, sem dúvida alguma, a briga entre Petráglia e Eurico, momentos antes da reta final do certame. Até porque os líderes iriam enfrentar justamente os cruzmaltinos na penúltima e última rodada, em situações totalmente invertidas e totalmente desfavoráveis ao furacão. Enquanto o time carioca, comandado por Joel Santana (ou seria por Eurico?) mordia cada centímetro do estádio de São Januário, quando jogou contra o Atlético, em São José do Rio Preto, contra o Santos, a equipe carioca apenas andava em campo. E se Petckovic é a maior estrela do time, o que dizer quando este jogou contra o Atlético e não entrou em campo contra o Santos? Quem não se recorda que o dirigente vascaíno ameaçou após o bate-boca com Petráglia que o time curitibano iria perder o campeonato justamente contra o Vasco. E que, após vencer o Atlético, em São Januário, este cantou a pedra para todos, apostando no Santos, como o campeão brasileiro. O vasco deveria mudar de bacalhau para Peru, pois, assim como a seleção sul americana decidiu a copa do mundo em 78, o Vasco só faltou levantar o caneco com o time da Vila.

Estes, realmente foram os maiores pecados do vice campeão brasileiro de 2004. Um vice que poderia ser muito bem bi e não seria injusto ou desmerecido. É claro que outros pequenos pecados foram cometidos e que também contribuíram para que não chegássemos. O fato de tomarmos gol em quase todos os jogos do segundo turno. Diego poderia ter evitado o gol do Vasco ou pelo menos 01 dos gols do Grêmio. Jadson fez falta contra o Vasco. Etc. Mas, realmente, os que mais contribuíram para que o Atlético não fosse o time brasileiro do século XXI (este título pertence ao Santos, que venceu em 2002, foi vice em 2003 e agora bi em 2004), foram justamente os pecados supra apontados. Resta, agora, lamentar. Afinal, qual o time que não cometeu seu erros ao longo de tão longa competição. Atire a primeira pedra quem nunca pecou.



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