27 dez 2004 - 15h26

Atlético renegocia com patrocinadores

O Atlético Paranaense está empenhado em aproveitar os bons resultados obtidos no Campeonato Brasileiro para elevar seu faturamento em 25% em 2005. Parte dos recursos será obtida com a participação na Libertadores, mas o clube tomou também outras providências. Iniciou a renegociação de contratos com patrocinadores e programou investimentos no centro de treinamento para atrair mais estrangeiros dispostos a desembolsar dólares para aprender a jogar futebol. Além disso, planeja usar melhor a estrutura de seu estádio em eventos e ganhar mais dinheiro com a venda de jogadores.

A transmissão de jogos pela televisão é a principal fonte de renda do Atlético, time que está no grupo dos que menos recebem. Em 2004 ele ganhou R$ 7,5 milhões, o que de acordo com o presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia, representa 40% das receitas. Em 2005 o valor será elevado para R$ 11 milhões, não em função de mudança de grupo, como foi defendido pelo dirigente, mas sim do aumento no valor da cobertura do campeonato.

Petraglia informou que está sendo feito um levantamento técnico para determinar a valorização do clube. O resultado poderá ser usado nos futuros contratos de patrocínio. Hoje três empresas apostam no time: a operadora de telefonia Claro, a Varig e a Umbro. O contrato das duas primeiras vence no final do ano. O diretor regional da Claro, Raul Galhano, contou que a renovação está quase certa e que a intenção é ampliar o patrocínio para colocar o nome da empresa nos uniformes de treinamento e também na arquibancada da Arena, estádio inaugurado em 1999, considerado um dos mais modernos do país mas que ainda está incompleto. Hoje comporta 25 mil pessoas, mas o Atlético briga na Justiça para conseguir a posse de um terreno vizinho e reiniciar as obras que ampliarão a capacidade para 32 mil cadeiras.

"Tivemos retorno maior que o esperado ao investir em futebol", disse Galhano. Além do Atlético, a Claro patrocina os outros dois clubes da capital, Coritiba e Paraná Clube, e mais quatro times de Santa Catarina. Em 2004 ela bancou todo o Campeonato Paranaense. Galhano não revela detalhes da negociação com o Atlético, mas não nega os valores comentados na imprensa curitibana, de que atualmente a empresa repassa mensalmente cerca de R$ 70 mil ao clube. Os patrocínios, de acordo com Petraglia, representam 15% das verbas totais, porcentagem semelhante à da venda de ingressos.

Para fechar a conta, outros 30% seriam obtidos com a negociação de jogadores. Ele contou que o Atlético enviou 18 jogadores para o exterior e fez algumas negociações internas. A maior parte dos atletas vendidos foi formada no Centro de Treinamentos do Caju, espaço comprado há cinco anos e onde serão aplicados R$ 2,5 milhões em 2005 para, entre outras coisas, fazer mais quatro campos e construir um hotel com 120 leitos. No mesmo local o clube pretende montar uma Universidade do Futebol, voltada a atletas que queiram se especializar no esporte.

Petraglia não informa dados do balanço de 2004, mas garante que haverá superávit. Nos últimos três anos ele teve prejuízos. No ano passado o Atlético divulgou receitas de R$ 14 milhões e déficit operacional de R$ 502 mil. Hoje o clube possui três divisões: futebol, estádio e centro de treinamento. A mais lucrativa é a diretamente ligada ao time, mas a direção do clube pretende ampliar o faturamento das outras duas. Petraglia assinou contrato com 16 universidades americanas, que enviarão atletas para treinamento, a exemplo do que fizeram instituições chinesas, japonesas e coreanas. O clube fez contrato também com a divisão de entretenimento da multinacional Clear Channel, para aumentar receitas com eventos não ligados ao futebol.

Levantar o Atlético foi encarado como missão por Petraglia, que é sócio da Inepar e atuava na política ao lado do ex-governador Jaime Lerner. Ele assumiu o comando do clube em 1995, quando o time estava na segunda divisão, acumulava dívidas no valor de US$ 5,5 milhões e costumava atrasar o salário dos jogadores. A virada começou logo depois, com a revelação do talento dos jogadores Paulo Rink e Oseas. A venda dos dois colocou cerca de R$ 15 milhões no caixa do clube e deu ânimo para a construção da Arena.

O centro de treinamento veio com a venda de um terreno para o governo do estado realizar obras contra enchentes do Rio Iguaçu. O primeiro título brasileiro foi conquistado em 2001. No ano passado, o Atlético negociou com o Manchester, da Inglaterra, uma de suas maiores estrelas, Kleberson, que integrou a equipe pentacampeã da Copa de 2002. Hoje Petraglia diz que só faz obras com recursos próprios. E gasta 60% das receitas com a folha de pagamento dos atletas.

Reportagem de Marli Lima, Valor Econômico.



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