Leia a nota dos ex-médicos atleticanos
A Tribuna do Paraná publicou nesta segunda-feira uma nota oficial dos integrantes do departamento médico do Atlético, que pediram demissão do clube logo após a saída do médico-chefe Edilson Thiele. A nota foi também publicada no site Paraná-Online. Confira a íntegra do comunicado:
Quem é o dr. Edilson Schwansee Thiele? Muita gente conhece o dr. Edilson no Brasil e também no exterior, no meio médico, entre os jogadores de futebol, atletas e na sociedade em geral. Reconhecido pelo seu talento e sua competência nas áreas de ortopedia, medicina do esporte e cirurgia do joelho. Operou milhares de pessoas e muitos atletas, de várias modalidades, que confiaram nele para se recuperarem de lesões graves e retornarem às suas atividades esportivas. Durante 16 anos esteve à frente do departamento médico de futebol do Clube Atlético Paranaense. Começou do nada, no tempo em que o Furacão era ainda brisa. Tirou dinheiro do bolso para comprar materiais para o clube, arrecadou dinheiro entre torcedores e dirigentes, comprou remédios para os jogadores, passou vários anos trabalhando no clube de graça, movido apenas pela paixão de ser atleticano e querer o melhor para o seu time. Não se tem notícia de que o dr. Edilson tivesse cobrado um único tostão do clube referente à centenas de jogadores que operou. Fazia tudo de graça, somente pelo amor ao Atlético. Seu esforço, capacidade, talento e persistência em fazer o que mais gosta culminaram com a formação de um dos melhores D.M. de futebol do nosso País, se não for o melhor. Esse conceito não é nosso, mas sim dos médicos e jogadores de outras grandes equipes de futebol do nosso País, que reconhecem o alto nível do trabalho da equipe do dr. Edilson frente ao D.M. do Furacão. Trabalhos apresentados em congressos, aulas em universidades e reuniões científicas, palestras em conferências no exterior, inúmeras entrevistas e reportagens atestam o interesse que o trabalho dele e de sua equipe despertam no meio acadêmico e, também, esportivo. Vários atletas, brasileiros e estrangeiros, procuram o dr. Edilson em seu consultório, todos os dias. Foi também médico do Rexona Vôlei e da seleção brasileira de voleibol. Tem no seu currículo várias especializações, aqui e no exterior. É mestre em medicina e cirurgia do joelho. E, além de tudo, é um cara muito bacana. Quem o conhece sabe do que eu estou falando.
Infelizmente, nos últimos meses, dirigentes e empresários de jogadores começaram a criar problemas para o D.M. atleticano. Queriam decidir condutas, dizer aos médicos e fisioterapeutas o que fazer e o que não fazer. Chegaram ao cúmulo de pedir aos médicos que mentissem à imprensa sobre determinados assuntos, com a finalidade de encobrir falcatruas. Ora, esse não é o papel de um médico. O primeiro da equipe a pedir para sair, descontente e decepcionado com a situação, foi o dr. Murilo Santos. Alguns meses se passaram e as coisas começaram a piorar culminando, na semana passada, com a dispensa do fisiologista dr. Raul Osieck, sem que ninguém consultasse o dr. Edilson, que é o chefe do D.M. Como o dr. Edilson coordena a sua equipe e todos trabalham há muitos anos em perfeita harmonia, a ausência de alguns dos seus integrantes começou a incomodar a equipe que ficou. A interferência de dirigentes e empresários nos assuntos médicos culminou com pedido de saída do Atlético de toda a equipe. São cinco médicos (o próprio dr. Edilson, dr.Henrique Carvalho, dr. Murilo Santos, dr. Adriano Karpstein e dr. Carlos Eduardo), três fisioterapeutas (dr. Luís Câmara, dr. Luís Martins e dr. Bernardo Galera), um dentista (dr. César Feres) e um fisiologista (dr. Raul Osieck), que saem do clube. É claro que temos bons profissionais da área médica na nossa cidade, mas não temos profissionais com experiência no trato de jogadores de futebol profissional.
Essa é a situação que o clube enfrenta agora, motivo de revolta para torcedores, jogadores e comissões técnicas. Tudo pela ignorância e insensibilidade de pessoas que, não sendo do meio médico, querem decidir coisas que não são de sua competência.
Perde o Atlético. Mas a equipe que sai o faz com a cabeça erguida, com a certeza de ter cumprido com o seu dever, aliás, dever esse muitíssimo bem cumprido. Que tal perguntar ao Washington, como exemplo mais recente, sobre o que o D.M. atleticano fez por ele. E ao Douglas Silva, que estava fazendo jogo oficial com apenas 3 1/2 meses após cirurgia do LCA? Qual o segredo de tudo isso? Competência e experiência. Estudo e persistência. Eram as palavras quer norteavam o trabalho da equipe que sai.
Agradecemos a todos por tudo que fizeram por nós, amigos, colegas, atletas, familiares, funcionários do clube. Esperamos um dia estar juntos de novo, talvez em uma outra realidade, para dar seguimento ao nosso trabalho.
Atenciosamente,
dr. Henrique Carvalho, dr. Murilo Santos, dr. Adriano Karpstein, dr. César Feres, dr. Luís Martins, dr. Luís Câmara, dr. Bernardo Galera e dr. Raul Osieck.