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8 jan 2005 - 16h34

Prêmios e premiados

É impressionante! Não há como entender como um jogador que passa vários jogos sem pisar no gramado é eleito o melhor jogador do torneio. Mas isto aconteceu com a premiação de Robinho, do Santos, que mesmo afastado dos gramados por razões que todos já conhecem (e que todos abominam), foi agraciado com a Bola de Ouro da revista Placar.

Não questiono a qualidade do jogador e nem a sua importância para o clube que ajudou a conquista o título nacional. Mas num campeonato onde este jogador ficou afastado por tanto tempo e que, enquanto isto, outro se destacou se tornando o recordista em gols na história do campeoanto brasileiro, nada mais justo que tal prêmio fosse entregue ao goleador.

O grande problema é que Washington não é jogador de um Corinthians, Palmeiras, São Paulo ou mesmo de um Santos da vida. E sim do Clube Atlético Paranaense, de Curitiba, onde a imprensa não tem a força que tem na capital econômica do País. Vestisse, este, a camisa alvinegra, tricolor ou alviverde, estaria, com toda certeza, colecionando trofeus.

Vejam bem, não estou questionando o futebol paulista. Muito pelo contrário. Acho que o estado de São Paulo está anos luz à frente do futebol do resto do País. E os números provam isto. O Santos foi campeão (com toda justiça – pois foi quem mais pontuou) e dos 05 melhores colocados, 04 foram times de São Paulo. É um domínio total sobre o esporte bretão no Brasil. Os melhores jogadores do Pais têm origem no futebol paulista em sua maioria. E desde 1993, pelo menos um paulista esteve entre o primeiro e o segundo colocado. E das 33 edições da competição nacional, em apenas 10 oportunidades não tivemos um paulista disputando o título. É muita competência. Palmeiras (4), São Paulo (3), Corinthians (3), Santos (2) e até o Guarani(1) são provas desta hegemonia paulista.

Todavia, e talvez por isto, a imprensa paulista se tornou muito bairrista não se conformando que o quarteto fantástico da capital nervosa do Brasil possa não ser o melhor do Pais. Principalmente quando o time que se apresenta melhor é de uma “insignificante” capital paranaense. Assim, até mesmo sem precisar de tal ajuda, o time do Santos foi colocado nas alturas pela imprensa, regada a café e pizza, enquanto o Atlético-PR era mera “nuvem passageira”. E, enquanto o Santos era “ajudado” pela tabela, com jogos mais fáceis (pela situação inversamente proporcional ao do furacão), o Atlético perdia sua chance nos últimos jogos da competição. Mas até ai, são coisas do futebol. E, por mais que seja injusto que o Atlético tenha perdido o campeonato, pela bela campanha que fez, é justo que o peixe tenha sido bi-campeão pela regularidade alcançada ao longo de 46 jogos.

Mas, não se pode negar que seria mais justo, pelo que fez ao longo da competição, que Washington, recuperado para o futebol, após delicadas cirurgias, com a colocação de peças mais que delicadas em suas artérias, chegando a bater o recorde de gols de todas as 33 edições do certame, fosse eleito o melhor jogador, com a bola de ouro da Placar. Robinho é craque. Mas todos sabem. E o grande problema é que ele praticamente não entrou em campo para mostrar que está em melhor forma que Washington. Ele venceu pela fama que já havia construído no passado (e não neste campeoanto). A imprensa é quem fez a diferença e não o jogador.

Coube a Washington fechar a campanha do furacão com um gol (o trigésimo quarto) e levar a chuteira de ouro (até porque com tantos gols no ano, não havia concorrentes). Mas o “coração valente” merecia mais que isto. Não pelo que fez pelo Atlético, mas pelo que fez no campeonato brasileiro. E não só o de 2004 e sim o de todos os anos. Afinal, é o maior artilheiro de todos os tempos.



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