O show acabou
Desde domingo, as atenções do torcedor atleticano estão voltadas para o futebol ucraniano. Mais precisamente, para o Shakhtar Donetsk. O motivo é a surpreendente negociação do meia Jadson e do lateral-esquerda Ivan para o time da Ucrânia. Os valores das negociações não foram divulgados pelo Atlético (aliás, a própria negociação ainda não foi confirmada oficialmente pelo clube), mas o Shakhtar informou que Jadson custou cerca de R$ 17 milhões e o empréstimo de Ivan, por seis meses, saiu por aproximadamente R$ 140 mil.
Nesta terça-feira, o site oficial do Shakhtar Donetsk confirmou as contratações. Ou seja, a partir de hoje, no cotidiano profissional de Jadson e Ivan sai a camisa rubro-negra do Atlético e entra o laranja do Shakhtar. A Baixada, palco preferido para as jogadas artísticas do meia, será substituída pelo Central Stadium Shakhtar. O que não deve mudar é o talento de Jadson com a bola nos pés e sua relação de intimidade com ela, que juntos são capaz de transformar em arte uma simples partida de futebol. "Não sairia do Atlético para jogar em outro clube brasileiro. Só penso em sair daqui se for para jogar na Europa", advertia o jogador, em recente entrevista à Furacao.com. Mesmo sabendo das dificuldades de manter a maior revelação do futebol brasileiro na temporada 2004, a torcida atleticana não recebeu bem a notícia da venda de Jadson. Enquete da Furacao.com aponta que 70,3% dos atleticanos consideram prematura a venda, sendo contra a negociação. Apenas 3,5% dos internautas mostraram-se favoráveis, pelo valor financeiro que acrescenta ao clube.
O cérebro do time
8 de junho de 2003. Naquela fria tarde do inverno curitibano, os pouco mais de 6 mil atleticanos que estavam presentes na Baixada na vitória por 4 a 2 sobre a Ponte Preta viram surgir um dos maiores craques da história rubro-negra. Foi a estréia de Jadson na equipe principal do clube. Hoje, um ano e meio depois, o mesmo torcedor que se acostumou a aplaudir as jogadas de Jadson, fica triste com a saída prematura do principal talento do time.
Em 18 meses na equipe principal do Atlético, Jadson disputou 83 jogos, marcando 28 gols. No curto período em que esteve no clube, sempre foi destaque. Em 2003, mesmo não sendo titular absoluto, teve boas participações, mostrando ao torcedor uma de suas especialidades: a cobrança perfeita de faltas. Foi dele, inclusive, o gol da vitória sobre o São Caetano por 1 a 0, que garantiu o Atlético na primeira divisão do futebol brasileiro naquele ano, considerado por ele mesmo um dos mais bonitos de sua carreira.
Jadson iniciou sua carreira no futsal de Londrina, sua terra natal. Em 96, com 12 anos de idade, transferiu-se ao PSTC, onde foi campeão paranaense juvenil, em 2000. Sua habilidade e talento com a bola nos pés fizeram com que fosse emprestado ao Internacional. Em 2001, foi contratado pelo Atlético para atuar no time de juniores. A trajetória de boas apresentações e títulos foi a mesma: foi bicampeão da Copa Tribuna (2001/02), campeão paranaense de juniores (2001) e campeão da Copa Sudeste de juniores (2001). Além disso, foi campeão do Torneio Sub-19 da Taça Cidade de Curitiba em 2001, defendendo a seleção paranaense.
Tamanho sucesso nas categorias de base fez com que Jadson fosse promovido ao time principal, numa aposta do técnico Osvaldo Alvarez. Seu primeiro gol com a camisa atleticana foi em 20 de julho de 2003, na vitória por 2 a 1 sobre o Bahia, na Baixada: aos 21 minutos, Dagoberto fez boa jogada pela direita e cruzou forte para o meia bater forte, no canto do goleiro baiano.
Com a chegada do técnico Mário Sérgio (em agosto de 2003), Jadson perdeu a condição de titular do time, tornando-se uma das principais opções no banco atleticano. O jogador foi utilizado também pela equipe B do Furacão, sendo um dos destaques do time campeão da Copa Sesquicentenário. Em 2004, no Campeonato Paranaense, Jadson foi pivô de uma das principais reclamações da torcida contra Mário Sérgio, que o sacava do time, mesmo jogando bem. Para os torcedores, essa opção do técnico foi uma das maiores causas da perda do título Estadual. Mesmo não ficando com a taça, Jadson foi escolhido o principal craque da competição.
Revelação
Se alguns ainda tinham dúvidas do talento do jogador, a resposta veio no Brasileirão 2004, quando ele foi considerado a maior revelação do futebol brasileiro na temporada, sendo inclusive elogiado pelo técnico Carlos Alberto Parreira. De seus pés saíram muitos passes e jogadas para a conclusão do artilheiro Washington, importantes peças na conquista do vice-campeonato nacional. Além de mentor intelectual das jogadas ofensivas atleticanas, Jadson também marcou 22 gols na temporada (sete pelo Paranaense e 15 no Brasileiro), sendo vice-artilheiro do time no ano.
Com um desempenho desse, muitos acreditam que o jogador esteja muito perto de realizar seu sonho profissional, chegar à seleção brasileira. "Qualquer atleta brasileiro pensa em ir para a Seleção. Mas eu não tenho muita pressa, vou continuar trabalhando", confessou.
Ivan
Um dos últimos remanescentes do time campeão brasileiro de 2001, o lateral-esquerda Ivan teve uma trajetória de altos e baixos no time Rubro-negro. Chegou no Atlético em 2000, para reforçar o time de juniores do clube. No ano seguinte, foi promovido ao time principal, ficando na reserva de Fabiano. Subiu com o rótulo de uma das principais revelações das categorias de base e chegou a participar de alguns jogos da campanha vitoriosa. A partir de 2003, com a negociação de Fabiano, passou a ser titular da lateral atleticana. Em quatro ano de Atlético, Ivan disputou cem partidas pela equipe principal do clube, marcando três gols (todos no Campeonato Brasileiro de 2004).
Reportagem: Patricia Bahr, do conteúdo da Furacao.com