11 mar 2005 - 17h47

Opinião de Juliano Ribas

Espírito Guerreiro
por Juliano Ribas

Numa competição como a Libertadores da América, um time pode ir longe mesmo tendo deficiências em alguns aspectos. Mas não passará nem da primeira fase se não tiver espírito de luta. E o que traz quietude a minha sofrida alma de torcedor atleticano após esta derrota em Cali é que o Atlético está guerreiro como há tempos não se via.

Três jogos, dois fora, quatro pontos. A conta não é das piores. Temos grandes chances de classificação para o mata-mata das oitavas de final, onde a pegada, a catimba e a luta falarão tão alto quanto a técnica. Jogamos bem em Medellín, depois, em Curitiba, sofremos com o ferrolho defensivista paraguaio e com a angústia da estréia em casa, perante a uma torcida cada vez mais exigente e intolerante. Agora, voltamos derrotados de Cali. Este último foi um resultado normal. Não gosto de perder, mas a equipe rubra colombiana não é fraca e tem grande tradição no torneio. Mas eles não perdem por esperar o reencontro em nossa baia.

Teremos um mês para dar mais um pouco de padrão a esta nova equipe. Que foi formada como todas as outras dos últimos tempos no Atlético, com muitas incógnitas. Quem era o Jadson além de uma promessa em março de 2004? O Marinho, então, duzentos quilos acima do peso? E o Ivan? Um lateralzinho que ninguém queria ver no time. E o Fernandinho, que todo mundo dizia que não rendia na ala direita? O time ainda tinha o insuportável Ilan. De certeza, só o Dagoberto, que voltara machucado do pré-olímpico. Washington, era a dúvidas das dúvidas. E não é que aquele time rendeu boas emoções?

Mas o time de 2004 subia facilmente em um salto alto agulha. Empolgava-se demais. Tinha luta de egos. Poupava-se. Um técnico bom, mas que perdeu vários títulos por não saber administrar problemas e por deixar seus times em ponto-morto quando está ganhando, Levir Culpi. Mas virou um grande time, com suas virtudes, defeitos, vícios e peculiaridades. Com um centro-avante renegado e debilitado que tornou-se fantástico. Mas o time que resplandece em nossas memórias gerou dúvidas em todos no começo.

Este ano é de Libertadores. E a urgência de se ter o time em ponto de bala é que está nos matando de aflição. Mas tempo ganho é tempo útil. E passada essa metade em confrontos da chave, com um saldo que não foi uma tragédia, teremos mais um mês para nos prepararmos para os decisivos confrontos nos quais receberemos os colombianos. E no jogo fora, em Assunção, pegaremos um time que não poderá se dar ao luxo de ficar só esperando, terá que sair para jogar.

Por enquanto, vejo um time com amplas condições de se classificar e que poderá se tornar a equipe que desejamos. Se este time entrosar mais, as qualidades individuais poderão surgir. Passamos pela primeira parte mais vivos do que nunca. Com dificuldades, mas vivos. Este é o time que temos e vamos com ele até o fim, seja o epílogo trágico ou não. Muitos times que venceram ou se destacaram nessa competição não eram necessariamente brilhantes.

Não acredito em Papai Noel ou em Coelhinho da Páscoa, não quero me iludir, mas acredito nesse time. Pois acredito em seriedade. Acredito em luta, em garra. Acredito na sublimação das vaidades. E esse time tem tudo isso. E isso se deve muito ao Casemiro Mior. Pelo menos temos um time que morde. E se ele ainda não é uma Brastemp super-luxo, é uma Cônsul das mais honestas. O que vi nessa Libertadores, não foram só os defeitos desse time, todos corrigíveis. O que vi foi tradição, vigor sem jaça, sangue forte e raça. Vi um time que não teme a própria morte. E é disso que eu gosto.

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