17 mar 2005 - 21h00

Análise do jogo Atlético 5 x 0 Londrina

Análise de Atlético 5 x 0 Londrina
por Rogério Andrade

O jogo de quarta-feira entre Atlético x Londrina deixou os torcedores atleticanos com os olhares divididos. No mesmo dia em que o Atlético oficializava a primeira negociação de naming rights do Brasil, na cidade de São Paulo, a casa dos atleticanos recebia, desde sua fachada até seu interior, um nome diferente, o qual a partir de hoje o torcedor começa a conviver.

Mais de quatro mil atleticanos (pouco para um dia especial) puderam assistir a grande vitória do Furacão sobre o fraco Londrina. Vencer seria uma simples obrigação, mas todos nós torcíamos por, pelo menos, uma boa atuação da equipe, já que acertadamente Casemiro Mior resolveu mandar a campo o time principal.

A verdade é que o torcedor atleticano anda muito crítico. Com seu imediatismo, deseja que tudo se resolva em um piscar de olhos, e um ou dois passes errados já são motivos para arrancar algumas vaias da torcida. Mesmo assim, desde o início o Atlético já desenhava uma vitória, só nos restava saber em que momento ela viria. Aos poucos o time demonstrava um maior volume de jogo, envolvia o adversário e avançava com grande poder ofensivo. E se no início Aloísio e Dênis não decidiram, Marcão voltou a jogar bem e Alan Bahia tratou de abrir a goleada. Um gol de uma dupla genial!

No segundo tempo a história foi diferente. Aloísio devolveu a esperança ao povo rubro-negro, Marín mostrou que tem muita vontade, Danilo dando tranqüilidade à zaga, Alan Bahia sendo o craque de sempre e Fernandinho, mesmo não jogando tudo o que sabe, armando grandes jogadas de ataque. E pouco a pouco, o Tubarão foi engolido pelo Furacão.

Mas a noite de quarta-feira deixou muitos atleticanos bem envergonhados. Quem muito vaiou no início ou mesmo em outros jogos, foi obrigado a aplaudir um rapaz chamado Fabrício Eduardo de Souza, o jogador franzino, lutador e polêmico. Contra fatos não há argumentos, e temos que admitir que Fabrício foi fundamental na goleada por cinco gols de diferença. De criticado (inclusive por mim), passou a herói, e quem sabe possa nos dar muitas alegrias se continuar com a mesma confiança, a mesma persistência e, principalmente, a mesma humildade.

Além de tudo, Fabrício mostrou que pode ser titular do time porque possui uma característica essencial de um profissional: personalidade. Sob Vaias, não se importou, não questionou a atitude do torcedor, não rebateu críticas, e finalmente fez as pazes com a galera.

A Kyocera Arena merecia nesta noite especial, um gol também especial, daqueles de placa, e Fabrício soube fazê-lo com perfeição, não só para presentear o nome da nova casa, mas para presentear o torcedor atleticano, que se viu obrigado a ficar em pé e não fazer outra coisa senão aplaudir e acatar o pedido do jogador, que com um gesto tímido, pedia para a torcida empurrar o Atlético.

Que bom se essa história se repetir, que bom se definitivamente o torcedor rubro-negro entender que precisa torcer pelo Atlético, e não por este ou aquele jogador. Que bom se o torcedor atleticano deixasse de lado essa mania chata de vaiar um jogador logo que ele toca na bola. Que de uma vez por todas o torcedor do Atlético faça as pazes com tudo o que envolve o clube, e que perceba que estamos em uma nova era, em que a humildade, a dignidade e a ousadia prevalecem entre os grandes profissionais.

Rogério Andrade é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.

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