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16 abr 2005 - 2h14

E agora, Fleury?

E agora, Fleury
A festa acabou,
o ingresso subiu,
a torcida sumiu,
o caldeirão esfriou,
e agora, Fleury?
e agora, você?
você que é sem honra,
que zomba da torcida,
você que faz os negócios,
que compra, que vende, empresta?
e agora, Fleury?

Está sem time,
está sem discurso,
está sem técnico,
já não pode vender,
já não pode comprar,
mentir já não pode,
o time esfriou,
o meia de qualidade não veio,
o atacante goleador não veio,
o volante de contenção não veio,
não veio a alegria
o time acabou
o dinheiro sumiu
o caixa dois aumentou,
e agora, Fleury?

E agora, Fleury?
Sua doce promessa,
de um bom time foi um instante de febre,
sem time nenhum,
sobrou sua grande conta bancária,
sua casa de rico,
seu carro do ano,
sua incoerência,
seu ócio – e agora?

Com a chave na mão
não abriu a porta,
fechou a porta;
quer morrer na segundona,
pois o time morreu;
quer ir para Tókio,
mas acho que com esse time não dá mais.
Fleury, e agora?

Se você se mexesse,
se você trabalhasse,
se você escutasse
a torcida atleticanense,
se você não dormisse,
se você não roubasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
infelizmente você é duro, Fleury!

Dando tiro no escuro
contratando uns bicho-do-mato,
que agonia,
o estádio sem a parede final
para se encostar,
sem um bom elenco
que jogue um pouco,
você vai, Fleury!
Fleury, para onde?

(Adaptado do poema José – de Carlos Drummond de Andrade) por Helder Soares Padilha



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