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11 maio 2005 - 23h08

A vergonha

É, amigos, que vergonha, que humilhação! Não lembro de ter visto o CAP, nem nos seus piores dias, sofrer um revés desse quilate em seus próprios domínios. Passamos à segunda fase, dirá o torcedor mais otimista e dirão os dirigentes, que desmontaram o time do ano passado, venderam o nome do estádio a uma multinacional e cobram o ingresso a peso de ouro para colocar em campo um elenco de terceira divisão. A vaga conquistada dessa forma traz à lembrança a famosa vitória de Pirro, aquela que custa tão caro que mais parece uma derrota. Aliás, a vaga não foi nem mesmo conquistada. Ela aconteceu como fruto do imponderável e do quase impossível. Quem poderia acreditar que o limitadíssimo Libertad derrotaria o América de Cali em seu estádio? Acidente que acontece uma vez na vida. Foi uma vaga acidental, portanto.

Por outro lado, foi bom, foi maravilhoso. Já afirmou Elias Cordeiro, meu grande amigo, aqui mesmo neste espaço, que isso aconteceu para o bem do Atlético. Para mostrar a todos como o elenco é fraco, para mostar a todos que não temos mais craques, para que o Brasil inteiro saiba que o nosso elenco é composto por 99% de cabeças-de-bagre. A conquista do paranaense até ocultou um pouco o sol com a peneira, como diriam os antigos. Mas já foi uma barra. Vencer o Coritiba, limitado e ainda pior do que o próprio Atlético, apenas nas penalidades, é coisa de timeco. O Coritiba é muito ruim, pelo amor de Deus! Fosse o Atlético pelo menos uma cópia mal feita do time do ano passado, e certamente teria aplicado histórica goleada no nosso arqui-rival. Mas o sofrimento foi até o fim, chegou aos pênaltis, e daí o Coritiba não perdeu para o Atlético, e sim para sua própria arrogância. Não haviam considerado a hipótese de que o jogo chegaria aos lances capitais. E por isso não treinaram adequadamente para aquele momento. Capixaba, o dono do time, quis assinalar um golaço na Arena da Baixada, ou melhor, na Kyocera da Baixada, e pensou em engavetar a bola. Engavetou lá no campo do Trieste, em Santa Felicidade, porque na Kyocera ela passou longe do gol. Reginaldo Nascimento, outro símbolo do Coritiba, notório pela falta de categoria e naquele momento já sem pernas para bater a penalidade, também tentou a gaveta e a bola explodiu no travessão. Os jogadores do Atlético, que haviam treinado algumas cobranças de pênalti, fizeram o seu papel e conquistaram o título. É sempre bom ganhar dos coxas, mas isso foi pouco e muito sofrido em face da minúscula envergadura técnica do nosso adversário. Já era um indício de que o elenco do Atlético também possuía suas limitações.

O início do Campeonato Brasileiro, no qual, aliás, somos o lanterna, trouxe enfim a certeza de que o elenco é realmente muito ruim, sem que com isso eu tenha a intenção de ofender os jogadores. O problema é que em todas as profissões existe o gabarito profissional. O Atlético é hoje um time de ponta. Já foi Campeão Brasileiro e, no ano passado, por pouco não conquistou o Bi-Campeonato. Fatores extra campo, como a imprensa marrom de São Paulo, o palhaço do Eurico Miranda e a pouca ousadia do Levir Culpi, impediram a conquista. Tínhamos mais time que o Santos, sim. O Atlético era o melhor time do Brasil. Por isso, há certos jogadores que não servem mais para o Atlético. É questão de gabarito profissional. Podem fazer um bom trabalho lá no Santo André, lá no Itumbiara ou no Goiatuba, sem demérito para essas equipes, pelas quais tenho o mais profundo respeito. Não vou citar nomes para não melindrar e não ofender ninguém. Mas isso é evidente. E ontem, na Arena, isso ficou mais evidente ainda. Tivemos a nossa noite de São Bartolomeu. Agora basta. Passemos a questionar.

Com os preços praticados pelo Atlético – ou melhor, pela sua direção – para os ingressos, temos a convicção de que o time deveria ser melhor. Ninguém vai até lá por causa do estádio moderno, bonito, confortável e cheio de lanchonetes para mauricinhos e patricinhas. O torcedor vai para ver o time. E quer que o time jogue bem, que triunfe, que demonstre raça…É a paixão pelo Atlético que faz com que o torcedor vá aos jogos. Se não fosse assim, a antiga Baixada de tijolinhos e a Baixada do Farinhaque não teriam registrado os públicos gigantescos que registraram ao longo da história. Eram estádios modestos e sem requintes, e o torcedor estava lá, sempre para ver o Atlético. Portanto, não se justifica a política de preços hoje posta em prática pela direção do rubro-negro. O ingresso tem de seguir a qualidade do elenco ou a qualidade do elenco tem de seguir o preço do ingresso. Com o timinho atual, a entrada para a reta superior da Getúlio Vargas tinha de custar seis reais, e não os absurdos sessenta que a diretoria vem cobrando. Esse é um ponto apenas solucionável através de um boicote. O torcedor tem de entender que está sendo enganado e deixar de ir aos jogos. Pagar um preço absurdo para assistir a um espetáculo de quinta categoria é exploração. Vamos dar um exemplo: durante o ano passado, fui a jogos do Atlético e paguei o preço da entrada com satisfação, pois o time em campo valia até mais do que o valor que eu pagava para vê-lo jogar. Neste ano, não fui a um único jogo, pois o nível técnico do time decaiu e os ingressos permaneceram no mesmo patamar. Caso eu aceite uma coisa dessa natureza, estarei sendo ludibriado e não estarei de maneira nenhuma ajudando o Atlético.

Outro ponto a ser analisado é a pouca visão da diretoria rubro-negra. Já falei que ganhamos o paranaense nos detalhes. Com o elenco que temos, poderíamos ter perdido. E isso é inaceitável, pois no ano anterior o time conquistou o direito de participar da Libertadores da América…Não era hora de segurar Washington, de manter o Jádson, de ficar mais uma temporada com o Marinho, de tentar um entendimento com o Fabiano e de investir no Ivan, em vez de importar um lateral colombiano que ainda não emplacou? Não era hora de se fortalecer para a disputa do maior torneio do continente? Não era hora de tentar crescer um pouco mais, de elevar o nome do Atlético dentro da América e de tapar a boca daquele velho imbecil daquele Paulo Roberto Morsa Martins e daquela aberração daquele Milton Neves? O que dirá a imprensa paulista hoje sobre o CAP? Que não é time para disputar Libertadores, que é um timinho, que jamais vai ser uma grande equipe… Sim, temos de ouvir essas idiotices de comentaristas de nível questionável, como os que eu nominei acima ou ainda como Netto e Juca Kfouri, que apenas enxergam o universo limitado do futebol paulista. E temos de ouvir tudo isso pela política errônea da nossa diretoria. Realiza um Campeonato Brasileiro de arrebentar e, prestes a ir à Libertadores, esfacela o time, liberando e vendendo os melhores jogadores.

Daí, no ano seguinte, a diretoria faz um acordo milionário com a Kyocera. E onde está o resultado disto? A conquista do paranaense? É pouco para justificar as placas da multinacional em nosso estádio e a troca de nome do Templo Sagrado de todos os Atleticanos. O Corinthians Paulista também firmou um convênio com o capital estrangeiro, não obstante até hoje alguns questionem a origem duvidosa do dinheiro. Mas o time paulista pelo menos contratou jogadores. Se o elenco lá ainda não emplacou, isso se deve certamente a problemas de ambiente. Se forem contornados com habilidade, o Corinthians vai ser um adversário difícil de ser batido em razão da alta qualidade técnica do elenco que montou. E aqui, como é que fica? Quando veremos novamente um grande jogador, como é o caso do Sillas e do Goiano, em 2000, envergando a nossa camisa? Se não podemos contratar jogadores de nível técnico aceitável e compatível com uma competição como a Libertadores nem mesmo após o acordo firmado com a Kyocera, então que o acordo seja desfeito. Se após três rodadas no Campeonato Brasileiro, ainda não conseguimos um mísero ponto e já estamos flertando com a segundona no ano que vem, então que a Kyocera se retire.

É, senhor Fleury e senhor Petraglia. Estou ao lado da maioria dos torcedores. Também estou pedindo jogadores pera o Atlético. Contratem sem medo, porque futebol é investimento e só vence quem investe. Com esse time que aí está, estejam certos de que não vamos a lugar algum. A segunda fase da Libertadores é complicada. Agora começa o famoso mata-mata. Se pegamos um Boca Junior pela frente, vamos fazer o que para evitar um fiasco ainda pior do que o de ontem? E, além disso, vou deixar registrado que não adianta responsabilizar o Edinho pelo que aconteceu, porque o rapaz é um bom técnico. O fato, senhores presidente e diretor do Conselho, é que ninguém pode dirigir sem volante ou desenhar sem lápis e papel. Querer que um técnico monte um time competitivo com esse elenco que aí está é o mesmo que pedir a um piloto de avião para decolar sem combustível. De nada vai adiantar trocar o técnico e segurar um punhado de atletas de nível técnico abaixo do mediano, pois o rendimento da equipe vai ser o mesmo ou talvez até pior. Acredito que o Edinho pode fazer um trabalho excelente no Atlético. O rapaz foi um craque em campo e conhece a profissão. Desnecessário lembrar que ganhou o paranaense em apenas uma semana. Basta disponibilizar as ferramentas de que ele necessita e esperar pelos resultados.

Por último, um recado aos jogadores. Se vocês não conseguem aprimorar sua técnica em um time como o Atlético, que possui hoje um dos melhores centros de treinamento do mundo, então a coisa realmente está muito ruim. O Atlético talvez seja a oportunidade de suas vidas. Não sairão daqui para um time melhor, não. Muitos terão uma chance apenas em equipes de menor porte, onde cairão no anonimato e deverão contentar-se com salários bem inferiores. O atleta também tem de fazer a sua parte, superar-se, mostrar raça e vontade de vencer. Esse foi o grande segredo do Pelé, do Maradona, do Zico, do Eder Aleixo e de outros craques. O treinamento exaustivo e a superação. É para isso que o Atlético disponibiliza a vocês aquela megaestrutura que montou lá no Caju. Não tomem isso como uma ofensa, porém como um incentivo a erguer a cabeça e a lutar. Vocês fizeram feio; empenhem-se, portanto, para mudar isso. Afinal, é para isso que vocês ganham seus salários.



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