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12 maio 2005 - 11h21

Relação de consumo

Lembro-me dos meus tempos de criança, quando chorei muito pelo Atlético, principalmente por títulos perdidos contra os coxinhas. Com a passar do tempo, comecei a perceber que a minha paixão por um time, nada mais é que negócios para outros.

Infelizmente hoje meu filho também chora pelo Atlético, por um Atlético que não está nem ai para seus torcedores, que virou um clube empresa, e sendo empresa só pensa em números positivos.

Não vivo em função do Atlético, e trato o futebol como lazer, e sendo lazer, quero pagar o justo pelo espetáculo. Princípios básicos de uma relação de consumo (troca), é pagar o preço justo por determinado produto. Uma Mercedes custa caro, pois é um produto que oferece o prometido e seus consumidores percebem isso.

Li alguns colunistas desse site, criticar a postura da torcida que meramente exigiu o que foi prometido e para isso pagou o preço. A forma que tem é com vaias e protestos contra os dirigentes que no caso, prometem e não cumprem. É uma atitude que todo o consumidor deve ter quando se sente lesado. Como o clube hoje vive em função de negócios, deve ser tratado pelos seus consumidores como negócio. Doce ilusão achar que Dagoberto vai voltar a jogar no Atlético. Que Fernandinho não foi vendido ainda. É só o mercado europeu abrir que vai ser uma debandada só.

Em pouco tempo, perde-se Jadson, Dagoberto, Fernandinho, Washington, a coluna vertebral do time do Atlético, que é substituída pelos jogadores que somos obrigados a assistir em campo.

Imaginem o Santos perdendo o lateral Léo, o meia Ricardinho, os atacantes David e Robinho ao mesmo tempo. O que é que sobra. O pior é que entrou milhares de euros nos cofres rubro negros, que são investidos no CT do caju (R$ 4.000.000,00 esse ano), ou em outras prioridades.

É uma questão de prioridades, mas o Atlético Paranaense é um time de futebol, e não um complexo hoteleiro. Sua imagem perante o público nacional é de um time de futebol. É o seu produto.

Vender jogadores é necessário para equilibrar o caixa. Resta saber o caixa de quem.

Achei muito oportuna a derrota para o DIM, pois expõe uma situação que precisa ser imediatamente corrigida, e não é com a saída dos dirigentes agora que vai resolver a situação. Eles precisam perder a arrogância e pedir ajuda, não simplesmente pegar a mala e voltar para casa, como é costume no Brasil, não sendo responsabilizado pelos seus atos. Estamos no começo do Campeonato Brasileiro, e dá tempo para corrigir os rumos do time. Lembrem-se que esse ano estão sendo disputados 12 pontos a menos do que o ano passado. É um campeonato bem mais difícil pelo nível técnico dos participantes.

Tempo a que me refiro é tirar o clube de uma situação vexatória de uma segunda divisão. Disputar o título, com esse time, nem pensar, pois o Atlético ainda precisa de um time.

Você nunca conseguira que um Fabrício jogue como um Jadson, por mais esforço que tenha. No máximo ele joga como um Fabrício super esforçado, nada mais. É uma questão de técnica. É culpa do Fabrício? Claro que não. Fabrício não tem o poder de se contratar para jogar no Atlético. Vamos recorrer a um velho ditado, muito utilizado na área de vendas. “Todo o produto bom é caro. Nem todo o produto caro é bom. Mas todo produto barato é ruim”.



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