O Atlético para os atleticanos

Pô, como tem gente a elogiar e/ou criticar a administração do Atlético. Algumas sensatas, outras passionais, enfim de todos os tipos. Na realidade todo mundo tem um pouco de razão e, portanto, ninguém tem. Eu não estou aqui para defender ou atacar nenhum dirigente, pois se achasse que posso fazer melhor iria na Kyocera Arena e me colocaria a disposição para trabalhar.

Assim fez o Farinhaqui. Lembram dele. Disse que ia fazer uma nova Baixada mas só conseguiu edificar um pedaço de arquibancada, em que os degraus iam se espremendo ao longo, e precisou do falecido Nei Braga para cimentar os nossos tijolinhos. Aquele é que era a época de ouro? Será? Não havia ninguém que desejasse assumir o clube.

Me recordo, noutro momento, de uma entrevista que certo radialista fez pesadas críticas ao Atlético e quando foi convidado a assumir uma função dentro do clube se omitiu. Será que ele tem moral para criticar o clube nos dias de hoje?

É como o Apolinho no Rio de Janeiro. Nenhum técnico prestava para ele até que os dirigentes o colocaram para treinar o time. O que ocorreu? Aprendeu que criticar é fácil, difícil é construir.

Quem se lembra da ETA que dividia com a TIA – Torcida Independente Atleticana e o MUC – dos verdinhos – o início das torcidas organizadas. Era só paixão, mas faltou um pouco de capacidade administrativa pois deixaram ambas torcidas sumirem. Se nem manter o ETA foi possível, como seria dirigir o clube??

Mas vamos deixar os outros “fora de nossa conversa”.

Será que tu, você, ou eu, rubro-negro de coração, de carteirinha (a minha é de setembro de 1973) preferia voltar ao passado??

Já foi mais que visto e mostrado que a grande massa que está a torcer contra o time (deviam ir com camisas do timinho verde) ainda não possui idade, maturidade, história para tal (esta é a vantagem da experiência).

Quem lembra da década de 70 sofrendo sem nenhum título. Presidentes bons tivemos, mas a felicidade não bateu a nossa porta. Animal Koury, Luck, Passerino Moura, Jofre Cabral, etc. E a estrela do time, dos dirigentes, sempre falhava.

Tínhamos todo ano uma grande festa sim. Mas era no carnaval, no ginásio onde as “panteras” e povão se uniam. O resto da estrutura se alugava para um tobogã, brincadeiras, patinação, etc, só para amealhar algumas moedinhas.

De 1970 até 1982 (lembranças felizes da Retaguarda Atleticana) foram crises atrás de crises. Não tinha essa de lanchinho, docinho, salgadinho, pizza no campo, copinho com logotipo.

Quando muito tínhamos que ficar em baixo dos três pinheiros (foi lá que vibrei com Ziquita), comer um pão com bife nas duas, duas casinhas (sob o placar e do lado do ginásio), ou encostar no ginásio para se proteger da chuva (grande jogo contra a Ponte Preta).

Aqueles tijolinhos de barro nos faziam felizes, mas o time deixava muito a desejar.

Conseguiram piorar? Sim. Indo para o Pinheirão (e lá fui eu atrás. Compra cadeira ó otário).

Mas outras crises. Era um tal de sobe e desce. Creio que o Atlético foi o time que mais subiu para a primeira divisão. Caiu poucas vezes (normalmente por jogada política).

Subimos com o Guarani (quando o Pedrinho Maradona perdeu um pênalti que nos daria o primeiro título brasileiro). Subimos com o Sport Recife (quando o Toinho saiu jogando e perdeu a bola e outro título). Com o Criciúma e em 1995.

Mas em compensação, teve um ano que na última rodada para nos classificar precisávamos vencer a Desportiva, no Couto Pereira, e torcer por uma combinação de mais cinco resultados.

E lá estava eu só para ver o time, com parentes de São Paulo (eta programão de índio pois nunca iriam combinar os demais resultados). Ao final do jogo. Surpresa. Os cinco jogos tinha dado a combinação mágica necessária e o Atlético, é óbvio, não tinha feito sua parte e estava fora da primeira divisão.

Criticas sempre tivemos, temos e termos. Vamos com calma pois ela pode piorar.

Na semi-final de 1983 contra o Flamengo muito criticaram o ponta Capitão. No primeiro jogo – no Rio – ele ficou cara a cara com o goleiro flamenguista e tentou chutar direto e errou. “Ele devia ter passado para o Washingto/Assis” era só o que se ouvia e a crônica citava.

Uma semana depois, quase 63 mil rubro-negros lotaram o Belfort Duarte (um recorde que nunca será batido no PR), e o estádio tremia, balançava.

Estava lá o esquadrão carioca e o Capitão deu duas assistências para os dois gols do Atlético, e veio a terceira bola do jogo. Cara a cara. Capitão e o goleiro do Flamengo. Só chutar. Na minha cara, em baixo da minha arquibancada, no gol da igreja. Não acreditava. Nem o Capitão acreditou, e veio na sua mente as critícas da semana anterior – em vez de chutar e matar o jogo, resolveu atravessar a bola pela área atrás dos artilheiros – e lá se foi nossa final.

Não vamos exagerar nas críticas.

Gente. Muitos dos rubro-negros de coração, não oriundos dos recentes planos de marketing como a geração mais nova, nunca imaginaram que o Atlético iria ser campeão brasileiro. Quanto doía aquele titulozinho do_ _ _ _ contra o Bangu. Tinha sido muita sorte. Demais.

E agora nós temos que ser campeão todo ano. Calma. O santo é de barro.

Geração mais nova, geração mais velha, todas as gerações.

Vamos jogar para frente.Quem sabe teremos a chance de ver o Atlético campeão da Libertadores e quiçá mundial.

Imagine tua alegria quando passar deste mundo para melhor. “Vou, mas vou feliz”.

Mas para isto precisamos jogar juntos. Vamos fazer um trato.

Só vá ao jogo quem realmente for dar força ao time.

Se for para criticar, compre, empreste, alugue uma verde e branca e vá à ARENA. Será mais fácil reconhecer o grande torcedor que você é.