O jogo mais importante da história do Atlético
"O Atlético joga a partida mais importante de sua história". Quantas vezes esta frase já foi dita? Nas últimas décadas, em pelo menos cinco ocasiões: 1) Na semifinal do Brasileirão, contra o Flamengo, em 1983; 2) Na final da Seletiva para a Libertadores, contra o Cruzeiro, em 1999; 3) Nas oitavas-de-final da Libertadores, contra o Atlético-MG, em 2000; 4) Na final do Brasileirão, contra o São Caetano, em 2001; 5) Na reta final do Brasileirão, contra Vasco da Gama e Botafogo, em 2004.
Todas essas ocasiões, no passado do Clube Atlético Paranaense, cada uma em seu momento, foram as mais importantes da história do clube, até então. Agora, novamente, a partir desta quinta-feira, o Atlético faz "a partida mais importante de sua história" (na verdade, duas, em ida e volta): disputa pela segunda vez as oitavas-de-final da Copa Libertadores de América, contra o Cerro Porteño, do Paraguai. Mas por que essa é "a partida mais importante da história"? O que autoriza usarmos essa expressão?
1) O que significa estar nas Oitavas de Final da Copa Libertadores da América?
Passar às fases finais (oitavas, quartas, semifinal e final) da Libertadores significa estar entre o seleto grupo dos melhores clubes de futebol da América Latina. Para se ter uma idéia da dimensão e importância do feito atleticano, o Coritiba, clube que pretende rivalizar com o Atlético em nível estadual, nas duas vezes em que participou da Copa Libertadores da América, nunca conseguiu avançar às suas oitavas-de-final, sendo desclassificado na fase eliminatória em ambas as participações. Além disso, os clubes que avançam às fases finais da Libertadores aumentam seu valor de premiação por participação, o que implica em reforço financeiro aos seus caixas.
2) Quais as conseqüências de o Atlético conseguir superar o Cerro Porteño e avançar às quartas-de-final da Copa Libertadores de América?
Com a eventual vitória sobre o Cerro Porteño, o Atlético conseguirá seu maior feito da história: avançar às quartas-de-final da Copa Libertadores de América. Isso, por si só, significa estar entre os 8 melhores times da América no ano, feito inédito para o Atlético até o presente momento e que foi alcançado por pouquíssimos times brasileiros desde o início da disputa dessa taça continental.
Além disso, o Atlético ganharia pontos no ranking da IFFHS, estabelecendo-se como um dos líderes na história do futebol latino-americano. Mais importante ainda, aumentaria seu prestígio perante todos os clubes do continente, passando a ser visto como um clube de ponta e difícil de ser batido.
Por fim, um dado alentador: passando às quartas-de-final, o Atlético enfrentaria o vencedor de Universidad de Chile x Santos. O que significa uma chance de possível vingança contra o clube que nos tirou o bicampeonato brasileiro em 2004. Aos corações rubro-negros, tamanha oportunidade de revanche certamente não seria desperdiçada, ainda mais que o sucesso nesse contragolpe significaria alcançar as semifinais, possivelmente contra um dos times argentinos.
3) O que aconteceria se o Atlético fosse desclassificado pelo Cerro Porteño nas oitavas-de-final?
Obviamente, uma eventual desclassificação significaria o fim do sonho atleticano de "conquistar a América". Não seria o "fim do mundo", mas certamente traria desalento a todos os rubro-negros. Para fins estatísticos, o Atlético manteria igualada a campanha na Libertadores de 2000, em que foi eliminado nas oitavas, nos pênaltis, pelo Atlético-MG. Entretanto, o desempenho e a campanha do time de 2000 seria superior ao desse time de 2005.
No ranking dos times latino-americanos, o Atlético manter-se-ia no grupo dos times "medianos", que, mesmo tendo tido boas participações, nunca conseguiram lutar pela disputa do título continental. Em termos mais "caseiros", a hipótese de desclassificação da Libertadores aprofundaria o quadro de crise que o Atlético vive atualmente, nas relações entre a diretoria e a torcida, bem como no desempenho do elenco atleticano. Ou seja: algo que ninguém deseja.
4) O que o torcedor pode fazer?
Todos nós, atleticanos, queremos e sonhamos ver o Atlético campeão da Copa Libertadores de América. Para isso, entretanto, apenas a raça dos jogadores, por maior que seja, não bastará. É necessário que toda a torcida apóie o time, ao melhor estilo argentino, do início ao fim do jogo. Que cante, que grite, que pule, que sufoque o adversário paraguaio, de forma que este não possa oferecer resistência ao elenco rubro-negro.
Todos sabemos que o momento é de inimizade e de rixas, entre os mais diversos segmentos da gente atleticana. Essa divisão, entretanto, só levará à derrocada do sonho de todos nós, de ver o Atlético campeão latino-americano. Sabemos também que o momento é delicado. O Atlético vem de 5 derrotas seguidas, sendo 3 delas na Arena. Estamos sem técnico. Os jogadores se sentem pressionados. A torcida se sente rejeitada. A diretoria tem seu planejamento comprometido. Entretanto, devemos sempre lembrar que o atleticano "não teme a própria morte". Temos problemas? Sim! Serão eles obstáculos à caminhada rubro-negra? Sinceramente, desejamos que não!
Por isso é que, nesta quinta, e, se for o caso, apenas nesta quinta-feira, o torcedor, as organizadas, a diretoria, todos nós, esqueçamos das diferenças que possam existir entre si. Esqueçamos todos desses assuntos, mesmo que apenas por esta quinta feira. O que importa é o Atlético: o sonho atleticano, o sangue rubro-negro, a camisa que só veste por amor.
Esqueçamos de tudo, porque o que está em jogo é a partida mais importante da história do Atlético.
Texto de Fábio Kaiut, colaborador da Furacao.com