18 maio 2005 - 11h46

Alfredo: "Espero que a torcida vá querendo torcer"

Um dos melhores zagueiros que já vestiu a camisa atleticana em todos os tempos, Alfredo Gottardi, também conversou com a Furacao.com para mandar a sua mensagem de incentivo aos jogadores e à torcida a respeito do jogo desta quinta-feira, contra o Cerro Porteño, pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América.

Filho de Caju, lendário goleiro do Atlético, Alfredo jogou 13 anos no Rubro-negro, de 1966 a 1977 e em 1979. Foi campeão paranaense em 1970, passou por Coritiba, São Paulo e Atlas e Vera Cruz, do México. Confira o bate-papo:

Você já viveu alguma situação parecida como a que o Atlético está passando no momento, de conflito entre a diretoria e a torcida?
A torcida atleticana é muito passional. Passei por situações como essa, da torcida vaiar, em todos os anos que joguei no Atlético. Algumas vezes eu mal podia entrar em campo que eles começavam a vaiar. Então os jogadores têm que saber superar isso e saber que a hora que eles começarem a jogar bem, a torcida vai voltar a incentivar. É uma fase difícil que o time está passando e não é culpa do presidente, os jogadores é que não estão jogando bem. Não tem santo que faça milagre. Se o jogador não está bem tecnicamente, o conjunto tende a não responder positivamente também. Isso é normal. Infelizmente a torcida do Atlético não tem acesso a piscinas, bailes e formaturas para os seus associados, então o clube vive de resultado dentro de campo. E quando ele não vem logo, a torcida fica insatisfeita.

O torcedor realmente influencia os jogadores dentro de campo?
Tem jogador que é muito suscetível. Tem jogador que, quando há vaias, ele joga mais. Eu era assim. Eu jogava mais ainda porque as vaias não me afetavam. Eu sabia que eles estavam cobrando e que eu precisava apresentar o meu futebol. Mas tem jogador que se abate muito, que desaparece em campo e se esconde. É o que está acontecendo, infelizmente, com o Atlético. Jogadores como o Marcão e como o Diego, que vivem boa fase e sentem os resultados. E isso está se resumindo a dois, três jogadores em campo.

Qual a sua mensagem de incentivo à torcida?
Espero que a torcida, como passional, veja nesse jogo de amanhã a importância da vitória e vá com a intenção de torcer. Que eles incentivem o Atlético a apresentar um futebol condizente com as suas tradições. No início eles vão elogiar, dar incentivo e, na medida em que o tempo for passando, se o Atlético não produzir, é difícil a torcida acompanhar no ritmo até o final, incentivando o time. Há pessoas, infelizmente, que vão aos jogos com único intuito de vaiar. Quando essas pessoas começam a entoar palavras contra os jogadores, o grupo parece que vai assimilando esse lado negativo. Seria muito importante que eles compareçam amanhã, independentemente da má fase que o time passa. Que eles incentivem mesmo a equipe indo mal, porque, quanto mais incentivar, mais os jogadores vão querer acertar. Duvido que, no estado atual de profissionalização do futebol, alguém vai querer jogar mal. Mas peço que a torcida incentive o time, eles precisam muito disso. Eles só crescerão dentro de campo se a torcida acompanhar junto.

Qual a importância do jogo de amanhã?
Estamos entre os 16 melhores times da América, isso não é para qualquer um. Os torcedores precisam entender isso, que vem do México até a ponta da América do Sul. Isso não é para qualquer time. Eles precisam compreender que, graças ao grande trabalho do Mário Celso Petralgia, hoje o time está nessa situação de constar entre os 16 melhores da América. Antes, brigava-se para ficar em primeiro lugar no Campeonato Paranaense. Então o presidente não quer errar, eu acredito que ele esteja querendo acertar, mas não está dando muito certo. Essa vitória de amanhã, se ganharmos bem, com boa margem de gols, ficaremos entre os oito melhores times da América. É uma situação que jamais se pensou no Atlético há cinco anos atrás. Hoje o Atlético vive uma fase ruim, mas é um time que atualmente consta entre os 16 melhores. A cobrança hoje é essa.



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