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18 maio 2005 - 12h14

Para os que torcem

É, eu sei. Está muito difícil dormir com essa lanterna acesa na nossa frente. E a gritaria dos rivais então? Durma com esse barulho! Futebol é coisa de momento. E no momento estamos assim: lanternas. No momento, estamos nos agarrando as únicas coisas que ainda temos: estrutura, planejamento, dinheiro em caixa….e toda aquela coisa que usamos para nossa defesa.

Racionalmente, temos de ser muito agradecidos pelo planejamento que foi iniciado há dez anos e que, segundo informações, ainda está acontecendo. Se alguem tinha dúvidas de que eu respeito e agradeço muito a turma do planejamento do CAP, não tenha mais. Eu respeito e agradeço, muito mesmo. Ou seja, se racionalizarmos a nossa paixão, está tudo nos conformes.

E como futebol é coisa de momento, aquela outra turma que não planejou nada, que deve tudo para todo mundo e que estava brigando para não cair pra segundona no ano passado, passa o dia me azucrinando! Tudo isso é muito difícil para quem, há muito pouco tempo, sentiu aquele gosto que só os melhores no fazem sentem.

Só que eu não sou da turma dos que planejam, nem dos que treinam e muito menos do que jogam. Sou da turma dos que torcem. Como diz a filosofia popular : cada um com seus problemas. Sendo assim, aos que jogam – que joguem; aos que planejam – que planejem e aos que treinam….bem…. depois de contratados, que treinem!

Na linha do “recordar é viver” vamos ver se conseguimos voltar a sentir, o que todo torcedor deveria sentir. Para os que torcem, imaginem a cena:

1996, tarde gostosa em nossa capital. Eu nascida em Curitiba, cresci e vivi no bairro do Juvevê por 20 anos, tive a proximidade suficiente para torcer para o outro time… O fato é que eu namorava há dois anos um cara alucinado pelo Atlético. Sabe aquele que, quando era pequeno, entrava com o time no gramado? Aquele que em todas as suas fotos de criança, está com alguma coisa do Atlético? Pois é, esse mesmo. Havia pouco mais de um ano, eu o acompanhava em todos os jogos, porque ele ia a todos – sem exceção. E eu, não muito aí para o futebol, levava sempre uma revista comigo.

Naquele dia o Atlético iria jogar com o último invicto do campeonato brasileiro – o Timão do Palmeiras (desculpe o trocadilho horroroso, mas era um bom time mesmo). Eu nem sabia o que me aguardava.

Velha Baixada (as arquibancadas de metal ainda estavam lá? Não me lembro). Quando o ônibus do Palmeiras chegou – pra quem não lembra, dava pra ver os caras chegando – todo mundo começou a gritar “Timinho! Timinho! Timinho!”.

E eu, que só queria acompanhar meu namorado, por isso lia tudo, disse: “Peraí, minha família torce pro Corinthians, mas pelo que eu li o Palmeiras é um time muito bom. Não é o time dos 100 gols no Paulistão???” Tolinha!!!

Aos dois minutos, eu lendo a revista, o atacante atleticano tirou o Cleber da zaga palmeirense pra dançar , e eu lendo a revista, e …gooooooooooolllllllllllllllll! Gooollll do Atlético!!!! Depois de oito minutos, mais um gol, esse eu vi. O restante do jogo foi lindo claro….. não sei muito, pelo menos em termos de bola rolando. Só sei que aquela partida é um marco na minha vida.

Depois do segundo gol, eu fiquei ali parada, quase que paralizada com o que vi e senti. Eu estava no “tobogã”, na parte de cima – sentia a vibração da torcida, que não parou de cantar nem no intervalo. Olhava para as arquibancadas cheias de fumaça, todo mundo pulando – em êxtase. Olhei para as cadeiras e os “bacanas” foram um show à parte! Os ocupantes da cadeiras estavam todos de pé, girando camisas rubro-negras no ar e cantando como loucos!!!! Todos sem exceção, cantavam o hino do Atlético. Me lembro especialmente da parte:

“A tradição, vigor sem jaça, Nos legou o sangue forte Rubro-negro é quem tem raça E não teme a própria morte.”

Olhei para o meu namorado e disse: “Não é por tua causa, mas vou torcer por este time. Depois de tudo isso que eu vi e senti não dá para ser diferente!”

Dessa histórica fica uma coisa para quem é da turma dos que torcem: quem esteve lá como eu, peço apenas que “congele” a imagem na cabeça. Para quem não pôde presenciar aquele arrebatamento, “congele” qualquer outra imagem que remeta ao mesmo sentimento: orgulho de ser atleticano!!!!

Agora, que não importe mais o que os outros digam. Agora, que possamos enterrar as mágoas com imprensa, com dirigentes, com jogadores que não têm consciência do seu papel e até com aqueles que têm, mas que não conseguem dar mais de si porque todo mundo tem seus limites. Chega de vaiar, chega de jogar contra o patrimônio, chega de pisar na auto-estima virando as costas para a dignidade. Agora, façamos a nossa parte, o que sabemos fazer melhor: torcer, mas torcer de verdade, capaz de empolgar o mais descomprometido.

Se você achou tudo isso uma bobagem ou piegas demais…. pare de racionalizar! Apenas torça para o seu time e não contra ele.

E o namorado?

Casei com ele.

Como diria Renato Russo: “Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”



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