Prenúncio de novos e melhores tempos

Sinceramente, não me lembro se o ano era o de 1996 ou o de 1997, muito menos o mês e o dia. Eu estava na companhia do meu stepson (Fabiano), rubro-negro até a medula e que nessa época devia ter 14 ou 15 anos de idade, passando defronte à antiga Baixada, após retornar da banca de jornais ainda hoje lá existente e onde nós havíamos ido comprar alguma coisa que também não recordo o que era. Em meio ao caminho entre a banca e o local onde eu havia estacionado o meu carro, percebemos a presença de alguém, ao volante de um veículo que também se encontrava estacionado nas proximidades. Olhando mais atentamente para aquela pessoa, verificamos que se tratava do Nowak. Eu recordo que parei repentinamente e me aproximei um pouco mais daquele veículo, fazendo ao polonês, então um menino com pouco mais de vinte anos, um gesto de mão, como que a cumprimentá-lo apenas de passagem. Todavia, qual não foi a minha (nossa) surpresa quando, após receber essa rápida, despretensiosa e singela saudação, o Nowak, imediatamente, saiu do interior do carro em que estava e veio nos cumprimentar. Conversamos brevemente em inglês –aliás, brevemente, a bem da verdade, muito em razão de que o meu english, a esse tempo, era ainda mais “macarrônico” do que é hoje- e, depois, despedimo-nos. Posteriormente, eu e Fabiano seguimos em direção ao meu carro. Lembro-me muito bem de que, em meio ao curto trajeto que empreendemos, meu stepson, impressionado com a extrema elegância do jogador, chegou a me dizer que torcia, com toda a esperança, de que dia chegasse em que também os jovens da nossa terra pudessem obter o mesmo nível de educação e fidalguia daquele polonês. Eu concordei com ele, até porque também tivera idêntica impressão acerca da postura do “menino” Nowak. Acho, portanto, de que o Nowak não era elegante somente na maneira de jogar; ele era elegante em toda e qualquer circunstância, daí o seu grande carisma. Com toda a certeza, agora ele está em um lugar muito bonito e, certamente, vibrando com a maior das conquistas que já obteve o nosso Atlético e que, por estranha e inexplicável coincidência, aconteceu no mesmo dia e poucas horas depois de sua partida desta vida terrena. Onde quer que você esteja, estimado Nowak, tenha a certeza de que a imensa nação rubro-negra araucariana jamais irá esquecê-lo. A partir de agora, portanto, se alguém disser que, numa noites dessas, olhando para o céu, nele vislumbrou a presença de uma fulgurante estrela vermelha e preta, não duvidem, pois ela certamente é o prenúncio de novos e melhores tempos para o Clube Atlético Paranaense.