1 jun 2005 - 10h34

Quando a raça entra em campo

Ganhar do Santos de Robinho é o principal objetivo de um milhão de atleticanos nesta quarta-feira à noite. Há 37 anos, o sonho da torcida atleticana era derrotar o Santos de Pelé. E essa oportunidade aconteceu no dia 8 de setembro de 1968, quando Atlético e Santos se enfrentaram na Vila Capanema, pela Taça Roberto Gomes Pedrosa (o equivalente ao atual Campeonato Brasileiro).

A vitória, classificada pela imprensa da época como "de lavar a alma", não teve o principal personagem. Vetado pelo departamento médico na véspera do confronto, Pelé não participou do jogo. Nem isso foi capaz de tirar o brilho do triunfo atleticano por 3 a 2. "Não se pode aceitar como válida a tese de que o Santos sem Pelé não é o mesmo Santos. Talvez toda a sua gama extraordinária de um gênio do futebol permita que ele traga a intranqüilidade ao time oponente. Mas, também não é menos verdade que o quadro santista possui astros de grande gabarito", definiu o jornal Gazeta do Povo após o confronto.

E não é para menos. Na equipe santista desfilavam astros como Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Pepe e Edu, todos com passagem pela Seleção Brasileira. Naquele ano, o Santos conquistaria o título do Robertão com uma campanha de 19 jogos, 12 vitórias, 4 empates e apenas 3 derrotas. Uma delas foi justamente diante do Furacão, naquele jogo.

Para superar o adversário, o Rubro-negro usou de uma arma que é típica de sua essência. Nem o Santos esperava, mas encontrou um Atlético vibrante, inspirado e consciente de que poderia jogar o futebol que o colocou entre as grandes equipes do futebol brasileiro. Além disso, o time contou com o apoio de 20 mil torcedores fanáticos. Foi o que incentivou o Rubro-negro a vencer pelo placar de 3 a 2 naquele ano. É o que a torcida atleticana espera para esta noite na Kyocera Arena, para que novamente o Furacão impressione o Brasil todo com seu futebol alegre, guerreiro e objetivo.

Vitória histórica

A Vila Capanema recebeu mais de 19 mil pagantes para aquela tarde de domingo, dia 8 de setembro de 1968. Muitos dos presentes estavam entusiasmados com o time "de Pelé e sua gente". Mas, durante os 90 minutos da partida, foi outro Santos, Djalma Santos, que comandou a brilhante vitória atleticana.

O time paulista começou melhor o jogo, levando vantagem com o constante apoio de seus laterais. Aos 15 minutos, numa boa movimentação do ataque santista, Clodoaldo tocou para Negreiros, que arrematou forte. O goleiro Célio fez a defesa parcial, mas, no rebote, Toninho chutou para abrir o marcador para os visitantes.

Ainda na etapa inicial, Nilson Borges encostou mais em Nilo e Paulista, com boas triangulações que levaram o Rubro-negro a provocar dificuldades ao meio-campo santista. Aos 33 minutos, o empate atleticano. Djalma Santos fez boa jogada na direita e cruzou. Ramos Delgado não conseguiu cortar e Zé Roberto cabeceou de cima para baixo, indefensável para o goleiro Cláudio.

Foram nos 20 minutos iniciais do segundo tempo que o Atlético foi arrasador. Praticando um futebol insinuante, prático e objetivo, o time foi envolvendo o até então todo-poderoso Santos. Aos 4 minutos da etapa final, Nilson fugiu pela esquerda e cruzou rasteiro. Cláudio não conseguiu tirar a bola, que sobrou para Gildo. Ele emendou no canto direito, promovendo a virada do Furacão. Doze minutos depois, o lance mais bonito do jogo. Madureira driblou seguidamente Ramos Delgado, Joel, Clodoaldo e Cláudio e, num giro de corpo espetacular, venceu mais uma vez a meta santista, fazendo um golaço que determinava 3 a 1 no placar.

Aos 42 minutos, o Santos ainda diminuiu, com Edu recebendo a bola de Clodoaldo e tocando na saída do goleiro Célio. Mas era pouco. A vitória era atleticana, provando que já naquela época o Rubro-negro usava suas principais forças para superar os adversários: a raça e o espírito atleticanista.

Taça Roberto Gomes Pedrosa – (08/09/68) – Atlético 3 x 2 Santos
L: Vila Capanema; A: Arnaldo César Coelho; P: 19.638; R: NCr$ 99.810,00; G: Toninho, aos 15, e Zé Roberto, aos 33 do 1°; Gildo, aos 4, Madureira, aos 16, e Edu, aos 42 do 2°.

ATLÉTICO: Célio; Djalma Santos, Bellini (Vilmar), Charrão e Nilo; Nair e Paulista; Gildo, Zé Roberto, Madureira e Nilson Borges.

SANTOS: Cláudio; Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Negreiros e Clodoaldo; Edu, Toninho, Douglas (Marçal) e Pepe.



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