O muro da vergonha e o muro sem-vergonha?
Como todos sabemos, há dezesseis anos, aliás, já não sem tempo, o muro, que então separava a cidade de Berlim e as duas Alemanhas, começou a ser derrubado. Ora, mas se até esse, em que pese ficar em pé durante 28 anos, caiu, por que razão não haverá de cair o que está separando a Arena do Colégio Expoente? Aquele, segundo consta, tinha cerca de 155 Km de extensão e 302 torres de observação. ; este último, pelo que se pode imaginar, deve ter pouco mais de 100 m e somente duas torres que lhe são mais próximas. Aquele, simbolizava a “guerra fria”; este simboliza o quê? Guardadas as devidas proporções, infelizmente, ao que tudo leva a crer ambos traduzem a mesma insensatez característica de algumas pessoas que buscam, de qualquer maneira, fazer com que seus projetos e interesses pessoais prevaleçam sobre os de um incontável contingente de outras pessoas. Se, como se tem veiculado em nossa mídia local, a causa ou causas judiciais respeitantes a esse litígio já possuem decisão ou decisões consolidadas em favor do Clube Atlético Paranaense e que somente ainda não se efetivaram na prática em decorrência de mecanismos legais existentes em nosso sistema que, de per si, favorecem o perdedor, na medida em que também possibilitam um retardamento na efetiva final solução que lhe será dada, a conclusão a que a opinião pública deve chegar é a de que, no caso, o suposto perdedor está apenas querendo ganhar tempo, mesmo sabendo que já perdeu irremediavelmente a demanda? E mais, de que também estaria se aproveitando desses mesmos mecanismos para deixar de pagar aluguéis legal e moralmente devidos por ele (perdedor) ao Clube Atlético Paranaense? Olha, caso isso tudo seja mesmo verdade -o que não acredito-, como, então, entender de que uma instituição que se propõe a educar nossos filhos por inteiro e, portanto, formar cidadãos -posto que, em verdade, educação, na sua mais abrangente conceituação é, antes de mais nada, ação tendente à obtenção de uma completa construção ético-moral da pessoa, principalmente de seu caráter e não apenas destinada a prestar ensinamentos técnico/científicos-, possa mesmo estar realmente habilitada para realizar essa importante e fundamental tarefa social? Partindo-se da inelutável verdade filosófica segundo a qual um exemplo vale mais do que mil palavras, que mais deletérios poderiam ser aos nossos jovens exemplos de atitudes procastinatórias e reveladoras de deliberada intenção de descumprir obrigações expontaneamente assumidas e documentadas? Aqui fica, portanto, o alerta maior que todo esse interminável embroglio está a exigir: educar por inteiro, sim; educar por metade, não.