12 jun 2005 - 13h17

Milton Neves dispara contra a diretoria do Atlético

O blog De Primeira publicou neste domingo uma entrevista exclusiva com o apresentador de televisão Milton Neves. Na entrevista, Neves fala sobre o Atlético e o que pensa do clube, de seus diretores e dos torcedores atleticanos. No ano passado, os comentários de Milton Neves e de Paulo Roberto Martins, no programa Terceiro Tempo da Rede Record, produziram uma mobilização da torcida rubro-negra, que passou a boicotar os produtos anunciados na atração e deixou de assistir o programa. Na opinião da maior parte dos torcedores, Neves foi um dos responsáveis pelo fato de o Atlético ter sido punido pelo STJD com a perda de dois mandos de campo. A relação entre Milton Neves e a nação atleticana começou a se estremecer em 2001, logo depois da conquista do título brasileiro. O apresentador garante que o clube havia prometido levar todos os jogadores ao programa Terceiro Tempo logo após o jogo contra o São Caetano. "Nós armamos o programa porque eles falaram: "assim que ganharmos o campeonato a gente vai direto para o teu programa". Aí armamos o programa, entendeu? Aí na hora que ganharam o campeonato ligaram para cá e falaram: "nós não vamos mais, porque nós vamos para Curitiba", afirma.

Neste programa, Milton passou a falar mal do clube e rogou uma praga de que o Atlético nunca mais seria campeão: "A diretoria do Atlético foi burra! Ficaram mais de 3 horas no aeroporto enquanto poderiam vir todos cantar o hino do Furacão para mais de 1 milhão de atleticanos no Terceiro Tempo. Chegaram de madrugada em Curitiba para 30 ou 40 mil pessoas. Eu agora sou Coritiba", disse ele à época.

Em julho de 2004, a diretoria do Atlético tentou uma reaproximação. Milton Neves foi convidado para assistir a um jogo na Arena da Baixada (contra o Juventude) e recebeu inclusive uma camisa personalizada (foto abaixo). Porém, as relações se deterioraram no ano passado, quando o Terceiro Tempo exibiu torcedores do Atlético jogando objetos na gramado e o apresentador declarou que o clube deveria ser punido pelo STJD – o que acabou acontecendo. Na entrevista ao blog De Primeira, Milton Neves acusa a diretoria do Atlético de ter sido a principal responsável pela "perda" do título de 2004 e revela que está processando Mario Celso Petraglia (presidente do Conselho Deliberativo).

Clique aqui para ler a entrevista na íntegra no blog De Primeira. Veja abaixo os principais trechos das declarações de Milton Neves:

De Primeira: Você tem alguma coisa contra o Atlético?
Milton Neves: Absolutamente. Tenho tanta coisa contra o Atlético como tenho contra um filho meu. O Atlético é um time como outro qualquer que faz parte do cenário nacional e que a gente analisa de acordo com o que vem acontecendo de bem e de mal.

Então qual é a pendenga? Você ficou chateado com alguma coisa?
Não fiquei chateado, não. Primeiro que eu gosto de polêmica. Eu gosto de provocar o maior. Adianta eu provocar a Portuguesa, o Juventus? Tem que provocar o Corinthians. Em 2000, lá no Supertécnico, na Band, a torcida do Vasco ficou revoltada contra mim porque eles ganharam roubado o Brasileiro do São Caetano (na época, a Copa João Havelange). Daí mandaram milhares de e-mails para os meus patrocinadores, não, patrocinadores dos programas que eu apresento. E eu acho isso de uma leviandade, uma coisa fraca, uma coisa mesquinha, porque futebol é a coisa mais importante do mundo entre as coisas menos importantes. Então os caras levam para o outro lado. Pior é que não aconteceu nada. A torcida do Atlético fez a mesma coisa agora, mandaram milhares de e-mails para a Brahma e tal. Daí a Brahma, Miguel Patrício, grande diretor da Ambev, hoje Inbev, mora no Canadá, disse: "engraçado, rapaz, nunca fui ligado em futebol, agora é que vejo o acerto que foi contratar a Jovem Pan e a Record, onde esse Milton Neves trabalha, porque o pessoal fala dele, dez mil e-mails na mesma semana falando do cara. Então é esse mesmo que a gente quer, porque se a gente anuncia numa rádio ou televisão que tem um apresentador de que ninguém fala, se fala bem ou mal não repercute nada, a gente tem que mudar de veículo. Então vamos continuar com a Jovem Pan e a Record mais dois anos". Então eles renovaram o contrato.

A raiva da torcida acabou te ajudando?
Claro, porque são imbecis, foram insuflados por um jornalista periférico aqui de São Paulo, um sujeito que não tem o que fazer da vida. Se eu falar bem de Deus ele fala mal, entendeu?

Você acha que o Atlético errou quando foi campeão brasileiro e não trouxe o time no seu programa?
Claro! Foi uma irresponsabilidade daqueles sacanas o que eles fizeram. Foram irresponsáveis e incoerentes. Porque eu estou lá há sete anos através de rede nacional defendendo essa igualdade. Defendendo até mesmo a igualdade da transmissão pela TV da Copa do Mundo e do Campeonato Brasileiro. Não pode ter monopólio da Globo. (…) Então o meu "putismo" com o Atlético Paranaense é mais essa ingratidão, essa burrice. E, ao contrário de vários times famosos aí que têm torcida BCD, torcidas incultas, o Atlético Paranaense tem um segmento de torcedores cultos, politizados, advogados, engenheiros. (…) Aí vem – e não é uma meia dúzia de imbecis não – dez mil imbecis falando que eu era comprado pela Bombril, que patrocinava aqui também. Está lá na Justiça, estou processando o Petraglia, um irresponsável, o covarde do Casagrande, que é assessor de imprensa. O Toni Casagrande, que vinha aqui puxar o meu saco, vinha aqui direto, um covarde. O Maculan, covarde! Fizeram nota oficial que o meu filho – olha até onde foram – pegaram o meu filho, botaram nota oficial que ele foi lá para inventar copo para interditar o estádio, que pressionou a quarta árbitra, que ele, meu filho, foi pressionar a árbitra para colocar no relatório para interditar a Arena. (…) Então esses indecentes plantaram… Vou te falar um coisa muito importante para você colocar aí na sua matéria, cara: quem perdeu o título de campeão brasileiro foram Toni Casagrande, Maculan, Fleury, e o irresponsável do Petraglia. Porque dois jogadores do Atlético me contaram – você tem que por isso aí na tua matéria.

O que esses jogadores te disseram?
Eles sabiam que ia ter uma guerra em São Januário como houve, perderam o título lá. Então a direção do Atlético, em vez de se preocupar com o Eurico Miranda, de se preocupar com São Januário, de se preocupar com o jogo, passou a semana inteira falando mal de mim, distribuindo nota falsa. (…) Daí os jogadores do Atlético: "nós perdemos o campeonato porque na semana decisiva" – dois me falaram – "nossa direção, em vez de estar preocupada como Eurico Miranda, com o jogo, com o Vasco, ir lá, ganhar ou empatar, porque o campeonato está ganho, era Milton Neves, Milton Neves. No hotel era Milton Neves, na concentração era Milton Neves, lá no CT do Caju era Milton Neves. O Milton Neves era um trauma na nossa cabeça. Só Minto Neves, só Milton Neves." São uns irresponsáveis. Eles se esqueceram de Robinho e de Luxemburgo. Era Milton Neves, entendeu? Quem perdeu o título foram esses irresponsáveis que puseram fogo em Curitiba a ponto, rapaz, de no jogo do Atlético contra o São Caetano o meu filho ser tirado a meu pedido e pedido do Edu (Zerbini).

Em julho de 2004, apresentador ganhou
uma camisa do Atlético

Quem foram os jogadores?
Lógico que não vou falar, lógico que não vou falar, lógico que não vou falar, entendeu? Só Milton Neves, Milton Neves, filho do Milton Neves, filho do Milton Neves, Milton Neves, TV Record, TV Record, Terceiro Tempo, a vida do jogador passou a ser isso.

Você nunca pediu para o Paulo Roberto Martins parar com as provocações?
Isso é ditadura. O Morsa falou por conta dele esse negócio de nuvem passageira porque ele tem essa opinião. E acertou na mosca. E o que é o Atlético Paranaense? O Atlético Paranaense é um time pequeno mesmo. Olha a porcaria de time que virou. Venderam todo mundo. Esse time tinha que ter sido mantido por três, quatro anos. Mas não mantiveram. Quando eu vejo que o negócio está dando resultado eu dou corda. Mas isso é a opinião dele.

De hoje em diante, como você vai tratar o Atlético?
Trato do mesmo jeito. Eu dou o espaço que o Atlético merece, que é o espaço do Avaí, do Caxias, do Juventude. O Atlético é um coadjuvante do futebol brasileiro. (…) O Atlético perdeu um título ganho por sacanagem histórica e indecente. Estou processando esses caras. Estou processando o Atlético, com um advogado meu lá.

A culpa de todo essa polêmica não é um pouco da imprensa?
Eu adorei isso. Eu gostaria que essa briga Atlético Paranaense e Santos, que eu entrei na história, eu queria que o campeonato durasse 50 anos, cara, porque eu vivo disso. Eu não quero fazer programa igual ao Juca Kfouri, que dá traço. Eu quero fazer programa que tenha irritação, mas sem maldade, eu não faço mal para ninguém, não tem um processo contra mim, e eu processo quarenta aí. A minha bronca com o Atlético Paranaense é que eles são extremamente burros e extremamente ingratos. E atacaram o único jornalista da história da televisão brasileira em rede nacional, com cabeça de rede em Rio e São Paulo, que defende os Atléticos da vida. Eu enfrento Rio e São Paulo para proteger Salvador, Recife, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis. É uma injustiça o que fizeram comigo. Ninguém – veja, eu não sei quando fundaram o Atlético, você é de lá, quando é que foi? 1920? 1930?

26 de março de 1924.
Isso, 1924. Dez mil imbecis fizeram uma corrente para tirar meus patrocinadores e que só aumentou, só um que pipocou lá, uma moto lá, uma moto parou. Então esses imbecis foram contra o único cara que defende o fim do monopólio Rio-São Paulo. (…)O Atlético Paranaense é uma questão de ingratidão. Esse quarteto, que perseguiu a mim e ao meu filho de forma covarde, indecente, mentirosa, eles perderam o campeonato. Eles esqueceram de Luxemburgo, Eurico Miranda, do jogo em São Januário. O negócio deles era Milton Neves, filho do Milton Neves, Terceiro Tempo, TV Record. E se foderam, entendeu? Se foderam, e deliciosamente. Porque ninguém está sofrendo mais com a perda do campeonato mais ganho da história que os 2% de canalhas que integram a torcida do Atlético Paranaense. Aqueles vagabundos que entraram nessa corrente contra mim. E eles se fuderam deliciosamente. Foi o melhor fim de ano que eu tive na minha vida. Porque eles perderam um campeonato ganho perseguindo o jornalista que mais os divulgou na história. Eles acharam que o inimigo era eu. E o inimigo era Eurico Miranda, São Januário, era o Vasco, era Robinho, era o Luxemburgo. E olha, nunca mais o Atlético Paranaense sequer vai passar perto do título de campeão brasileiro.

Isso é mágoa sua…
Não, nem. Eu vou encerrar a carreira, eu vou me aposentar. Já estou de saco cheio, vou parar. Então, em 2001 eles me deram o cano aqui de forma indecente. (…) Em 2003 ficaram puxando o meu saco porque eu botava a camisa. Você deve lembrar do que eu fiz para o Atlético Paranaense. Fiz não, porque o Atlético estava fazendo uma boa campanha… Aí os caras marcaram de ir no programa. Televisão não é brincadeira. Olha quanto custa um segundo de televisão. Então nós armamos o programa porque eles falaram: “assim que ganharmos o campeonato a gente vai direto para o teu programa”. Aí armamos o programa, entendeu? Aí ganharam lá do São Caetano… O Atlético só se fode comigo. São mentirosos e só se fodem. Aí na hora que ganharam o campeonato ligaram para cá e falaram: “nós não vamos mais, porque nós vamos para Curitiba”. Se foderam porque choveu. Eu fiquei enrolando aqui, peguei o Adhemar, o Serginho Chulapa, pegamos qualquer um que estivesse sobrando, para poder fazer o programa, porra. Não tinha ninguém. Convidamos só o Atlético.



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