“Felizes os humildes; felizes os aflitos, porque serão consolados; não desprezeis os pequenos, porque aquele que é pequeno neste mundo, talvez seja maior do que não credes”.
Ainda sob o efeito da vitória, eu tento escrever qualquer palavra que possa traduzir o meu encanto, que possa expressar o meu orgulho, mas palavras se tornam desnecessárias depois que o essencial já foi dito. E o Atlético disse, com todas as letras, a que veio: veio para fazer calar os arrogantes, veio para marcar mais uma vez seu nome nas páginas douradas do futebol nacional e, agora, internacional.
Calai-vos, paulistas! Calai-vos, cronistas oficiais! Hoje o Atlético provou que a humildade é coisa de gigante e que a vitória no futebol pende para o lado de quem sabe honrar as coisas da bola, de quem sabe que o jogo é decidido sempre entre as quatro linhas do gramado. E como foi gigante o Atlético, e como foi gigante o futebol de cada herói vestido de vermelho e preto!
Calai-vos, paulistas, pois hoje o Atlético fez a segunda emancipação paranaense, maior do que aquela de 1853 que nos libertou de São Paulo, hoje o Atlético fez a emancipação moral de todo um Estado, e o Paraná provou que não é mais Província, e o Paraná provou o gosto doce do triunfo sobre aqueles que, faltando com o respeito, acreditavam num favoritismo que ruiu desde a primeira partida.
Onde está o time meia-boca? Onde está a nuvem passageira? Onde estão Robinhos e Ricardinhos que seriam nossos algozes tão ferrenhos? Onde estão os cronistas paulistas, senão atrás de alguma explicação capaz de explicar o inexplicável, capaz de tirar o brilho Rubro-Negro? Onde está o super Santos agora que soprou o Furacão?
Calai-vos, paulistas, pois nosso grito emudeceu sua torcida, e nosso time aniquilou a esperança que havia em cada coração santista. Calai-vos, pois hoje eu só quero ouvir o grito de um povo valente e heróico que uma vez mais fez valer a lógica: a vitória pende sempre ao mais humilde, pois Deus sempre será maior que os Santos, e Deus sempre está ao lado daqueles que lutam o bom combate, que não perdem sua fé e que vivem sob o manto da esperança.
Obrigado, Atlético! Obrigado, meu Deus! E se as palavras me faltam nessa hora, fico quieto ao menos por instantes e nessa quietude eu chego a sentir um silêncio pesado que vem de Santos, um silêncio envergonhado que vem de São Paulo, pois hoje eles todos se calaram, emudecidos pelo triunfo atleticano.
E eis que envolto em meu silêncio, começo a ouvir vozes distantes e elas estão cantando pelas ruas a canção que embala todos os triunfos e eu já consigo ouvir entre as buzinas a sagrada cantiga que emociona: “Atlético, Atlético! Conhecemos teu valor. E a camisa rubro-negra, só se veste por amor”!