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28 jun 2005 - 11h06

Cambistas existem porque há um mercado de bobos

Tudo indica que nesta quinta, à noite, o Atlético carimbará seu passaporte para a final da Libertadores. Se assim ocorrer e se o Atlético conseguir a liberação da Conmebol para jogar a primeira partida na Arena, a torcida tem de redobrar suas atenções para o evento “venda de ingressos”, de modo que não venhamos a presenciar fatos iguais àqueles ocorridos, quando da venda de ingressos para a partida com o Chivas Guadalajara.

Infelizmente, a venda de ingressos por cambistas a preços majorados não se constitui em crime, de modo que não é possível a qualquer cidadão no pleno uso de seus direitos dar voz de prisão ao vendedor; no entanto, isso não impede uma ação inibidora, por parte de Procons, do Ministério Público, de outros agentes públicos, da diretoria do clube e, mesmo, dos próprios torcedores ou das torcidas organizadas.

Faz-se, mister, pois, que organizações representativas da torcida atleticana, tão logo a partida seja confirmada, atue junto a esses agentes, de modo que um amplo acordo seja estabelecido com a diretoria atleticana. Torna-se, obrigatório, entendo, o compromisso dos dirigentes rubro-negros; sem isso, não será possível adotar uma ação coibitiva legal eficaz.

Entre essas ações, creio que devem ficar perfeitamente claros:

a) a definição exata da quantidade de ingressos que serão comercializados, por setor do estádio;

b) a definição exata da quantidade de ingressos, por categoria, colocados à venda em cada ponto-de-venda;

c) os horários de início e de término das vendas em cada ponto-de-venda;

d) o controle de ingressos efetivamente disponibilizados e vendidos em cada ponto-de-venda (essa tarefa não é difícil, porque os ingressos são numerados, sequencialmente);

e) a definição da quantidade máxima de ingressos a ser adquirida por cada torcedor; e

f) a decisão de que o processo de venda em cada local somente será iniciado, quando houver garantias para a sua execução de forma tranquila e ordenada, sem a prática de abusos, por parte de torcedores ou de “empresários” cambistas.

Mesmo que essas ações sejam efetivadas (ou haja o compromisso em efetivá-las), tal não impede que um ou outro cambista tente atuar; caso ocorra e se não houver a presença do poder público para impedir que um torcedor fure a fila, ou que adquira ingressos em quantidade maior do que a prevista ou que adquira ingressos em horários ou locais não convencionados ou que venha a vender ingressos por preços majorados, cabe uma ação efetiva e direta executada por parte dos próprios torcedores, em relação a esses aproveitadores.

Se alguém tentar furar a fila para comprar ingressos e não tiver nenhuma autoridade para impedí-lo ou for omissa, vamos agir: será que um ou dois espertos vão se meter a valentões e vão querer partir para as vias de fato com uma fila inteira?

No dia do jogo ou antes, quando da venda de ingressos majorados por um cambista, será que esse espertinho vai continuar na área, se sentir a presença inibidora de um grupo de torcedores descontentes?

Não estamos aqui fazendo apologia da violência, mas em determinados momentos, em especial, quando da ausência de quem de direito (ou de dever), cabe ao cidadão tomar as iniciativas corretivas, adotando atitudes inibidoras e, se for o caso, coercitivas, via adoção da força, para corrigir uma atitude criminosa ou imoral.

Afinal de contas, quantos cambistas, na verdade, atuam na frente de um estádio? Vamos colocá-los para correr!!! Quanto aos ingressos porventura de posse desse vendedor, será que não seria interessante confiscá-los e distribuí-los para aqueles torcedores que não tiveram a oportunidade de adquirí-los, por obra e graça desses mesmos espertinhos? Da última vez, alguns ingressos foram confiscados pelo poder público e recolocados à venda, sob certas condições; no entanto, o poder público não consegue ser 100% eficiente. O torcedor e cidadão consciente de seus direitos pode fazer com que essas ações inibidoras atinjam 100% de eficácia ou se aproximem deste índice.

Acredito que a ação organizada dos representantes da torcida atleticana, seja perante os agentes públicos, seja junto aos cambistas, poderá inibir, senão extinguir esse tipo de atividade, pois todos nós, torcedores, só temos a perder com a ação desses aproveitadores que, muitas das vezes, nem torcedores do Atlético o são (e, talvez, nem paranaenses quem sabe, nem brasileiros).

Se há “bobos” pagando o preço exigido pelos cambistas, eles continuaram existindo e atuando; por isso, os torcedores tem o dever de fazer com que essa atividade passe a se configurar como de alto risco financeiro.



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