Alberto não marcou muitos gols, não foi criado nas categorias de base e não atuou em uma posição estratégica como o meio-campo. Mesmo assim, conseguiu um proeza: tornou-se ídolo da exigente torcida atleticana. Foi contratado pelo Atlético em 1996, quando tinha 21 anos. O Furacão havia conquistado o título da Série B e reconquistado o direito de retornar para a elite do futebol brasileiro. O estádio ainda era acanhado, mas fervia como um Caldeirão. Alberto e Atlético cresceram juntos. De lá para cá, o clube conquistou títulos estaduais, foi campeão brasileiro, venceu a Seletiva e disputou três Libertadores. O jogador foi eleito o melhor lateral-direita do Campeonato Brasileiro de 96 pela Revista Placar, vestiu as camisas de Cruzeiro, Flamengo e São Paulo e construiu uma sólida carreira no futebol italiano.
No dia 23 de junho, Alberto e Atlético se reencontraram e foi como nunca tivessem se separado. De férias, o lateral-direita visitou Curitiba e fez questão de ir a um jogo na Arena, desta vez como torcedor. O coração bateu mais forte e Alberto teve uma certeza: é com a camisa rubro-negra que encerrará sua carreira. Maravilhado com a festa da torcida após a brilhante vitória do Furacão sobre o Chivas por 3 a 0, na primeira partida da semifinal da Libertadores, Alberto não escondeu a emoção: "Um dia eu quero voltar. Quero ouvir a torcida gritar o meu nome, quero cruzar, quero dar carrinho aqui".
Confira a entrevista exclusiva concedida por Alberto à Furacao.com logo após o término de Atlético 3 x 0 Chivas:
Você comentou com alguns jornalistas que tem um sonho de voltar a jogar pelo Atlético. Você pensou nisso durante o jogo contra o Chivas ou esse é um projeto antigo?
Não, não pensei nisso agora não. Eu tenho esse pensamento desde que eu fui para a Itália. Como eu tive duas passagens ruins no Brasil em 97 e 98, no São Paulo e no Flamengo, eu saí do Atlético em 99 para ficar um tempo fora. Eu queria ter uma experiência na Europa, queria me realizar profissional e financeiramente e depois voltar para o Atlético para encerrar a carreira no clube que eu mais gosto. Não é uma coisa de momento, de emoção. Hoje eu estou muito mais feliz por poder voltar à Arena da Baixada como torcedor. Infelizmente, só como torcedor. Mas um dia eu quero voltar como jogador. Quero ouvir a torcida gritar o meu nome, quero cruzar, quero dar carrinho aqui.
Você passou quanto tempo na Itália?
Estou há cinco anos e meio. Eu cheguei na Itália em janeiro de 2000. Eu ainda tenho mais três anos de contrato, mas se realmente houver um interesse do Atlético e se eu estiver bem fisicamente, quero voltar antes desses três anos e quero jogar aqui, encerrar a minha carreira neste clube. Falo isso sem demagogia, até porque eu não preciso disso. Graças a Deus hoje estou muito bem e consegui deixar uma lembrança legal aqui. Quero voltar para sentir o carinho dessa torcida, o amor dessa torcida.
Você tem quantos anos?
Eu fiz 30 agora em março. Se eu conseguir ficar mais dois anos na Europa, estarei com 32 anos e se estiver bem fisicamente dá para eu correr, dá para dar umas arrancadas boas para essa torcida.
Na última temporada, você trocou a Udinese pelo Siena. Por que essa essa mudança?
O Siena estava para cair, eles fizeram cinco contratações e nós conseguimos salvar o time do rebaixamento. O Siena acabou se interessando por mim e fizemos três anos de contrato. Mas é como eu falei, tudo é conversado. Nos próximos dois anos minha intenção é de permanecer na Europa, mas depois disso se eu estiver bem fisicamente e se o Atlético tiver interesse, meu sonho é voltar para a Baixada porque essa torcida não existe igual.
Na Itália você está atuando como lateral ou meia?
Como lateral mesmo. É lógico que muda um pouquinho porque o futebol é mais veloz, mas a minha posição é a lateral e minha função é praticamente a mesma.
Desde que deixou o Atlético, no final de 99, você já havia tido a oportunidade de retornar à Baixada?
Não, é a primeira vez e é uma emoção muito grande. Vim num jogo bom, importante, foi muito legal. Eu falava antes do jogo com a minha esposa que estava numa expectativa muito grande porque é uma coisa diferente para mim. Eu conhecia a Baixada de vir com o ônibus dos jogadores, de entrar diretamente no vestiário, de sentir o calor da torcida dentro de campo, não fora. Agora foi uma emoção diferente. Como eu falei, agora quero voltar como jogador.
Você chegou a se emocionar em algum momento com a torcida, com o time e com esse momento histórico que o Atlético vive?
Estou emocionado até agora, cara. Logo que eu cheguei e vi os torcedores eu já fui me emocionando. Eu participei como torcedor, sem poder ajudar ativamente. Mas vamos ver, se for da vontade de Deus espero que nos próximos anos eu volte para vestir a camisa do Atlético.
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