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2 ago 2005 - 18h31

A torcida

Há quem negue que a torcida seja o bem mais valioso de um time. Discordo. A torcida é que o faz a diferença em um grande jogo de futebol, mas diferença mesmo faz a torcida do Atlético em relação as outras torcidas do Brasil. E o que faz a nossa torcida tão diferente das outras é justamente o amor incondicional que o torcedor Atleticano tem pelo seu time.

Diferente de torcedores de outras equipes, que torcem por qualquer time que jogue contra o Atlético, o torcedor atleticano é autêntico, exclusivo. Torcemos só pelo Atlético, pois nosso amor não nos dá brechas de prestigiar nenhum outro time que não seja o nosso rubro-negro querido. Como qualquer relacionamento sólido, temos olhos somente para o nosso Furacão.

Costumo dizer que nasci Atleticana, não tenho dúvidas disso já que não fui influenciada pela família e por ninguém. Costumo dizer também que meu amor pelo Atlético, assim como o da grande maioria dos torcedores do Furacão, é livre de qualquer interesse, pois torço pelo CAP muito antes deste ter conquistado seu primeiro título importante para o clube. E isso é o mais gratificante, pude acompanhar o crescimento do meu time e o melhor de tudo, pude contribuir pra isso.

Ah, e o que é a nossa torcida… só quem já foi à Arena em um grande espetáculo sabe da emoção de torcer pelo Atlético. Com melodias muito bem elaboradas pelas torcidas organizadas e gritos eletrizantes, a torcida Atleticana se destaca de qualquer outra. Nosso estádio, o mais moderno da América Latina, também contribui muito para o furor da torcida e intimidação dos adversários, já que temos o privilégio de assistir aos jogos quase a beira do gramado, devido a proximidade entre os torcedores e o campo, com isso nossos gritos passam a ser insuportáveis para os times visitantes.

Já fui a muitos outros jogos de outras equipes e posso dizer-lhes sem sombra de dúvidas que como a torcida atleticana não tem igual.

Querem um exemplo da superioridade da nossa torcida?! O próprio jogo contra o Vasco. Poderíamos muito bem ter pago com a mesma moeda o que passamos no Brasileirão do ano passado, quando nossa torcida correu sérios riscos lá na casa do adversário. Mas não, a vingança veio sim, mas mostramos nossa superioridade provando que futebol se joga dentro de campo. Não precisamos de tinta fresca em vestiário, nem de provocações, muito menos de violência. Não precisamos nem jogar sujo para evitar que a pequena torcida adversária chegasse ao nosso estádio, pois bastou-nos um campo, uma bola, onze guerreiros e pouco mais de 9.000 torcedores apaixonados para mostrar ao Brasil que somos sim superiores, superioridade essa que foi mostrada ali, entre as quatro linhas.

Um outro grande exemplo foi o da final da Copa Libertadores da Américas, contra o São Paulo. Nosso time perdeu o título, mas a torcida rubro-negra presente naquele jogo não se calou em nenhum momento. Ao voltarem para os vestiários os jogadores receberam uma calorosa homenagem dos torcedores que vibravam entoando o hino do Atlético e reconhecendo o esforço de todos para chegar até ali, prova de que o Atleticano realmente não teme a própria morte.

Mas um dos fatos mais marcantes por mim vivenciados em alguns anos freqüentando estádio aconteceu no jogo entre Atlético x Cerro, no dia 19/05, na Arena da baixada. Lembro-me que o jogo não estava assim inspirando tanta confiança à torcida, que mesmo assim gritava sem parar. Já neste jogo a torcida havia superado algumas desavenças com a Diretoria ocorridas há algumas semanas. A torcida estava novamente confiante depois de alguns jogos sem tanto entusiasmo. E bota confiante nisso! Nesse dia fui sozinha ao estádio, cheguei 15 minutos antes do jogo e a Fanáticos já estava a postos entoando seus hinos.

O jogo inicia e começa também ali, naquele momento, uma nova fase para o Atlético. A torcida que até jogos atrás se mostrava acuada, renascera para uma nova fase, e que fase! Torcendo, cantando e vibrando como nunca a fantástica torcida atleticana mais uma vez fez a diferença.

Mas o momento mais emocionante ainda estava por vir… Intervalo do jogo e acontece o inesperado. A Diretoria informa aos fiéis torcedores presentes que a bateria, depois de alguns meses proibida, seria liberada, provando não haver mais nenhum resquício de contenda entre torcida e diretoria. O estádio então foi a loucura. Lembro que a emoção foi geral e a torcida, que já se mostrava enlouquecida, fez daquele jogo um grande espetáculo, que ficou gravado pra sempre em minha memória.

Ganhamos o jogo! Graças a torcida? Também. Ganhamos também respeito pelo amor que demonstramos ao nosso time, pela afetuosa confraternização ocorrida entre torcedores do Atlético e do Cerro logo após o jogo.

Depois disso já aconteceram muitos outros fatos, já fomos vice-campeões da Copa Libertadores da América, já ganhamos do nosso maior rival com o time reserva, já goleamos o Vasco…, mas a torcida rubro-negra continua firme no seu propósito de incentivar seu time, sempre!

Nossa torcida é especial, e é justamente por isso que tantos adversários têm medo e fogem do Caldeirão. Tenho um grande amor pelo meu time e por essa esplêndida torcida. Não somos a maior torcida do Brasil, mas somos de longe a mais apaixonada, porque a camisa rubro-negra, essa sim, só se veste por amor!



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