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Que o Atlético teve uma recuperação espantosa no Campeonato Brasileiro desde a vitória no clássico Atletiba, isso não é novidade para ninguém. Mas você afirmaria com segurança que a arrancada do Furacão é tão impressionante a ponto de o clube ter o melhor aproveitamento entre os 22 times da competição nas últimas rodadas? Se a pergunta lhe deixa alguma dúvida, nós informamos: considerando apenas os jogos realizados após o final da Copa Libertadores da América, o Atlético é o melhor time do Brasileirão. Em outras palavras: se a competição tivesse começado no final de semana após o dia 14 de julho, data da grande final contra o São Paulo no Morumbi, o Rubro-negro seria líder isolado, com Corinthians, Paraná, Cruzeiro, Botafogo e Goiás no seu encalço. O São Paulo, em compensação, seria o vice-lanterna, à frente apenas do Paysandu (de todo modo, os quatro últimos colocados seriam exatamente os mesmos da classificação total atual).

É claro que não existe um "Brasileirão pós-Libertadores". Tampouco pretendemos criar um torneio fictício unicamente para valorizar a campanha do Atlético nos últimos jogos. A análise do Campeonato Brasileiro considerando apenas os jogos realizados após o término da Copa Libertadores se justifica na medida em que se busca verificar o rendimento das equipes quando todas estão disputando unicamente a mesma competição e focadas precisamente no mesmo objetivo. Antes disso, Atlético, São Paulo, Santos e Palmeiras (dentre os participantes da Série A) foram obrigados a disputar simultaneamente Brasileiro e Libertadores. Tiveram de dividir seus atletas em grupos distintos, além de organizar viagens para fora do país e planejar a disputa de dois campeonatos ao mesmo tempo.

A princípio, a divisão do foco em duas competições poderia ser apenas uma mera desculpa para um clube que ocupava a última colocação do Campeonato Brasileiro e que teve um inacreditável início de dez jogos consecutivos sem vitória. Porém, a mera comparação do rendimento atleticano no Brasileiro nas fases durante e pós-Libertadores permite que se afirme com segurança que esse fator foi decisivo para o mau desempenho da equipe no começo do campeonato nacional. Nas sete partidas compreendidas entre a 12ª e a 18ª rodadas, o Atlético venceu cinco, empatou uma e perdeu uma. São 16 pontos ganhos e 76,2% de aproveitamento. Neste mesmo período, o time que mais se aproxima do Atlético é o Corinthians, com 15 pontos e aproveitamento de 71,4% dos pontos disputados.

Nas últimas rodadas, ninguém marcou mais gols do que o Atlético. De ataque menos positivo durante várias rodadas, o time saltou para uma posição intermediária na tábua dos maiores goleadores. No Brasileirão pós-Libertadores, foram 20 gols marcados – nestas sete últimas rodadas, o Cruzeiro fez 19 e o Corinthians, 18. O time também conseguiu um feito exclusivo: venceu todos os seus jogos em casa neste período (foram quatro partidas). Nenhuma outra equipe teve aproveitamento de 100% em seus domínios nas últimas rodadas (o Cruzeiro é o que chega mais perto, com 78%).

Para o comentarista Armando Nogueira, a subida de produção do Atlético depois da Libertadores não é casual. "O fracassado busca na derrota um combustível para resgatar sua dignidade. É uma forma de demonstrar que é capaz, que pode vencer", explica Armando, referindo-se ao fato de o Furacão ter encerrado sua participação na Libertadores com o gosto amargo da derrota no final. O cronista considera que por esse mesmo motivo o São Paulo entrou em franca decadência depois de conquistar o título – o time é o vice-lanterna do Brasileirão pós-Libertadores, com apenas 3 pontos.

Classificação do Brasileiro entre a 12ª e a 18ª rodada:
01 – Atlético-PR – 16
02 – Corinthians – 15
03 – Paraná – 14
04 – Cruzeiro – 13
05 – Botafogo – 13
06 – Goiás – 13
07 – Fortaleza – 12
08 – Palmeiras – 12
09 – São Caetano – 11
10 – Santos – 10
11 – Flamengo – 10
12 – Ponte Preta – 10
13 – Vasco da Gama – 9
14 – Coritiba – 9
15 – Internacional – 8
16 – Fluminense – 8
17 – Brasiliense – 8
18 – Juventude – 7
19 – Atlético-MG – 5
20 – Figueirense – 5
21 – São Paulo – 3
22 – Paysandu – 2