Título duvidoso
A vitória por 4 x 2 contra o São Paulo, na Arena da Baixada, pelo Campeonato Brasileiro não irá dar ao Atlético o título de campeão da Taça Libertadores da América de 2005. Ao contrário do que entendeu o arrogante técnico Paulo Autuori, não queremos o título do São Paulo. Nem inteiro, nem dividido.
Contudo, caro Autuori, a esmagadora e humilhante vitória do Atlético sobre o poderoso São Paulo traz de volta a discussão de como seria se o furacão tivesse o direito de jogar em seu campo, o primeiro jogo daquela final.
E o resultado de um jogo tão próximo à decisão (no mês passado), dá margens ao entendimento e não deixar dúvida que, se o jogo tivesse ocorrido na Arena da baixada, o São Paulo teria perdido o jogo. E o segundo jogo, no Morumbi, teria sido diferente. O time de Curitiba não teria a necessidade de sair para o jogo. De se expor, como se expôs e ficar tão vulnerável.
A postura tática de quem joga com uma vantagem é completamente diferente de quem busca o resultado, certo, Sr. Paulo Autuori? E assim, com a vitória debaixo do braço e o regulamento também, a equipe paulista poderia até ter sido campeã (com méritos), mas a conquista seria bem mais difícil.
A verdade tem que ser dita. O grande São Paulo se valeu e levou vantagem de não jogar nos domínios do Atlético. Ao lado de sua torcida, o Furacão não perde para o tricolor há mais de 20 anos.
A Arena é um Caldeirão e os dirigentes são-paulinos sabem disto e fugiram. Correram, se acovardaram por saber que, dificilmente não seriam derrotados em Curitiba. E o risco era até mesmo de uma goleada como a que aconteceu no último sábado, pelo Brasileiro. E com um resultado adverso, o São Paulo corria o risco de perder sua terceira Libertadores. Era um risco que não se podia correr. E não se correu ou melhor, correram. Fugiram mesmo.
Ao torcedor atleticano ficou a ingrata sensação de que a história poderia ter sido outra se não tivessem castrado o direito de jogar no estádio mais moderno e confortável do País. Tudo em nome de um número, quando se fala em diminuir a capacidade dos estádios, em nome da modernidade e segurança do torcedor. A Confederação Sul-Americana preferiu andar na contra-mão e privilegiar um time.
Sim, Sr. Paulo Autuori. Não queremos o título. Este título é do São Paulo. Pode ficar com ele. Todavia, toda vez que o Brasil for discutir sobre a conquista são-paulina vai pairar um dúvida: e se o Atlético tivesse jogado na Arena?
É, Sr. Autuori. É quase como se tivesse conquistado um título com um gol impedido. Com um gol de mão. Um título assim, Sr. Autuori, não faz falta na galeria de títulos do Atlético. Pode ficar com ele sozinho, pois preferimos ganhar honestamente, no campo. De preferência, na Arena da Baixada.